06 setembro 2016

Proibir o quê e para quê?

De acordo com os princípios europeus de liberdade e diversidade cultural não deveria ser proibida a utilização do burkini nas praias. Há quem assim pense, como também há quem entenda que para salvaguardar esses mesmos princípios europeus de liberdade e de diversidade cultural é necessário travar este programa reivindicativo de algumas organizações muçulmanas.

É de realçar que alguns dos que hoje reivindicam a liberdade de usar o burkini, são os mesmíssimos que amanhã se (quando?) puderem irão exigir a proibição do biquíni. Não tenho a mínima dúvida de que logo que acharem existirem condições, irão pedir o “direito” a haver praias exclusivas para burkini. As mulheres que quiserem usar outra coisa, “indecente”, farão o favor de se deslocarem para outras paragens.

A noção de que “é preciso travar” já não é uma bandeira fantasma da extrema-direita. É uma convicção cada vez mais alargada, dada a forma constante, paulatina e firme como essas organizações nunca estão satisfeitas e pedem sempre mais um degrau. Dado que o Islão se autodefine como a “religião superior” e “o modelo de sociedade ideal”, não os vejo com vontade de parar antes de obterem uma efetiva hegemonia, sendo de recordar que vivermos num regime democrático.

Ironicamente, é como se a liberdade, a democracia e o espirito de tolerância europeus, não perfeitos mas largamente acima do existente na generalidade dos países muçulmanos, fossem utilizados como um meio para … tornar a nossa sociedade mais fechada e menos tolerante. Como travar, não sei…

03 setembro 2016

O “golpe”

Dilma Roussef foi destituída por votação num Congresso legítimo. Os argumentos formais eram frágeis? Há quem tenha pior registo? A solução transitória atual carece de legitimidade? Talvez tudo isso seja verdade, mas a que propósito uma votação deste tipo é um golpe? Golpe seria uma destituição decretada por um juiz à porta fechada sem escrutínio nem recurso ou por um general de arma em punho.

Quando o último governo de Passos Coelho foi derrubado no nosso Parlamento alguns também invocaram a palavra “golpe”, não os mesmos que a usam agora para o Brasil. Esses, na altura, invocaram a absoluta soberania do órgão legitimamente eleito.

Se o árbitro marca um penalti duvidoso podemos encolher os ombros caso seja a favor da nossa equipa e gritar “bandido” (ou pior) ser for contra. A isso chama-se facciosismo e no futebol é relativamente inócuo, para lá da poluição provocada nos órgãos de comunicação que a isso se dedicam.

Em assuntos mais sérios, o facciosismo é muito perigoso porque provoca uma destruição de valores. Uma sociedade sã precisa de estar alicerçada em princípios imunes a simpatias e alinhamentos tribais. Se isso falha, abre-se a porta ao discricionário e ao injusto.

Citando um grande: “A liberdade consiste, antes de mais, em não mentir. Onde a mentira prolifera a tirania anuncia-se ou perpetua-se.”, Albert Camus.

Tirania é tirania e independentemente da cor das suas bandeiras.

01 setembro 2016

Natascha Kampusch


Há cerca de 10 anos, em 23 de Agosto de 2006, a jovem austríaca Natascha Kampusch fugia de um cativeiro monstruoso de 3096 dias, passados numa cave de 6 m2. Uma daquelas notícias que emociona a opinião e pública e dá a muitos a grande satisfação de se sentirem deveras bonzinhos, face às barbaridades como estas que ocorrem pelo mundo.

Houve quem não gostasse de ela não ter divulgado todos os detalhes do cativeiro, nem de não ter linearmente condenado o raptor. Não lhe perdoaram ter chorado quando soube da morte do seu carcereiro, o único ser humano com quem contactou durante mais de 8 anos. Será possível odiar continuamente durante tantos anos? Um monstro será monstro da cabeça aos pés durante 24 horas por dia, 365 dias por ano?

A realidade não é a preto e branco, preto de um lado e branco do outro. Quem não consegue entender isso e critica a jovem austríaca ex-refém por recusar a monocromia, só deve conhecer a “vida” das telenovelas.



Mais detalhe na notícia do I aqui, de onde extraí a fotografia

30 agosto 2016

O cartel do fogo


É notícia na imprensa espanhola o processo judicial contra o “cartel do fogo”, conjunto de empresas que opera no negócio dos meios aéreos para a extinção de fogos florestais e liderado pela Avialsa. Supostamente manipulavam o mercado e subornavam decisores. As suas operações em Portugal, Itália e França aparecem também citadas.

Seria curioso (ou mesmo imperioso) analisar o histórico do negócio do combate aos incêndios florestais no nosso país. Porque se escolheram os helicópteros russos Kamov? Porque ficaram alguns avariados durante anos obrigando a contratações adicionais de milhões de euros, por vezes em ajuste direto? Quem são os reais proprietários das empresas que concorrem, quais a relação entre elas e porquê as cedências de posições contratuais entre supostos concorrentes?

Para lá do problema comum a todas as contratações que saqueiam e delapidam o erário público, aqui há ainda um outro prejuízo brutal e assustador, o causado pelo fogo. Não estou a afirmar, nem sequer a insinuar nada, mas se há negócios que devem ser escrutinados com todas as lupas, este é seguramente um deles.



Alguns detalhes mais aqui e aqui.

Imagem de um dos aviões da Avialsa ao serviço de proteção civil portuguesa, extraída do site airliners.net.

29 agosto 2016

Folclorite Aguda em Viana do Castelo


As danças, trajes e cantares tradicionais portugueses são ricos, vivos e vistosos. De certa forma isso constituiu uma infelicidade. É sabido que nos tempos do Estado Novo foi feita uma promoção do país e da alegria e riqueza de cá viver, usando e abusando dessa tal espetacularidade, em prejuízo do rigor e do respeito pela verdadeira cultura tradicional.

Posteriormente, principalmente a partir da década de 80, foi feito um esforço de correção de alguns hábitos consagrados pelos grupos folclóricos, anacrónicos quanto à época supostamente representada, que é a dos finais do século XIX, início do século XX, pré-implantação da República. Esses erros incluem a estilização (e mesmo a invenção) de alguns trajes, exposição indecorosa (para a época) de atributos femininos e são particularmente relevantes na área musical, a nível de naipe de instrumentos e na forma como são tocados, com evidente resistência a serem corrigidos.

Recentemente na romaria da Sra Agonia, em Viana do Castelo, terra muito ciosa das suas tradições e preservação das mesmas, vi um grupo, supostamente autentico, deliciar o público com uma versão “folclórica” do “Havemos de ir a Viana”, popularizado por Amália Rodrigues. Está bem que o povo gosta e adotou a música, independentemente da sua origem. Está bem que quando um dia se revisitarem as músicas populares desta época estará lá certamente “os peitos da cabritinha”, mas, no mínimo, com outros trajes… espero.

Há uma fronteira entre o domínio criativo de inspiração popular e o trabalho autêntico de reconstituição de tradições. Essa fronteira pode ser atravessada, mas com sinalização clara e não nesta promiscuidade leviana. Trabalho cultural deve ser sério e não uma palhaçada que não merece o mínimo respeito. O povo merece mais.

26 agosto 2016

Em volta da proibição

Imaginando... que, preparado para mergulhar na onda que se aproxima, sou ultrapassado pela direita e pela esquerda por um monge tibetano e um franciscano, trajados a rigor!? Bom… digamos que seria algo pouco ortodoxo!

E o burkini? Isso é diferente. Apesar da sua ligação confessional clara, pode dizer-se ser apenas uma variante de um fato de banho, algo mais fechada. Mas há outra diferença. Enquanto não estou a imaginar o tibetano e o franciscano envolvidos em grande quezília com objetivo mutuamente exclusivo, com o burkini é diferente. Muitos, não todos mas muitos, dos que defendem a liberdade da sua utilização são os mesmíssimos que se (quando?) puderem, defenderão a proibição do biquíni!

Que bico de obra !

18 agosto 2016

Submissão e 2084


O lançamento do romance “Submissão” do francês Michel Houellebecq coincidiu com o dia do ataque em Paris ao Charlie Hebdo em Janeiro de 2015 e, na altura, foi considerado “inoportuno”. É um livro provocador e gerador daquelas polémicas de que muitos gostam de falar e comentar, mesmo (sobretudo?) os que não conhecem nem pretendem conhecer em detalhe o fundo da questão. Por cá, também tivemos uma vez uma coisa assim com um tal “Evangelho Segundo Jesus Cristo”. Um pouco mais tarde foi lançado o romance “2084” do argelino Boualem Sansal, também candidato a reações irracionais de amor ódio.

Eu li estes dois livros malditos. O do francês não é muito especial como escrita. Por vezes até se perde um pouco no ritmo narrativo. Como tema, temos uma segunda volta das presidenciais francesas de 2022 disputada entre um candidato da extrema-direita e outro da irmandade muçulmana. A esquerda apoia este último que se torna presidente, fazendo avançar uma islamização do país. A banalização da insegurança, o crescimento dos extremismos e o desgaste dos valores versus identidade perdida, são pontos a pedirem reflexão e o cenário descrito é uma oportunidade de se fazerem perguntas. O contexto detalhado dessa França islamizada já me parece excessivamente caricatural.

O livro do argelino é bastante mais denso, confesso ser dos poucos autores de língua francesa que me custa um pouco ler no original, e literariamente muito mais sério. A narrativa passa-se num mundo fantasiado, o título faz a ligação com o 1984 de Orwell, onde a população é estupidificada, enganada e controlada por uma instituição/sistema religioso sufocante, que no fundo se manifesta ser de uma brutal hipocrisia. Não fala em islão, embora se possam encontrar pontos de contacto com um certo tipo de prática do mesmo. Os muçulmanos sérios e interessados, em vez de receitarem a fogueira, poderiam lê-lo e pensar: olha, onde podemos ir parar se não tivermos cuidado com os nossos líderes políticos e religiosos! De uma coisa estou certo, ninguém, mas mesmo ninguém, gostará de viver naquela sociedade do 2084. Sinceramente, vale a pena lê-lo e penso que os livros nunca são inoportunos.

16 agosto 2016

A pólvora e os rastilhos

Se vivêssemos com um barril de pólvora aberto em cada esquina era muito provável que mais tarde ou mais cedo, por acidente ou vandalismo, alguns fossem explodindo. Podíamos reforçar a vigilância, aumentar as penas para os vândalos e os distraídos, investir em meios para apagar incêndios, mas nunca teríamos uma situação segura.

A pólvora dos nossos incêndios de verão chama-se biomassa: o mato e os ramos secos altamente inflamáveis que por ali andam. Podem ser usados para gerar energia! E se se criasse uma rede de centrais de biomassa para produzir energia com a biomassa florestal ao longo do país? Uma ideia que não é nova. Tentou-se implementar há 10 anos, abrindo-se um concurso para licenças para 15 centrais de biomassa, de norte a sul do país, totalizando 100 MW. Tanto quanto sei, das 15 apenas avançou a construção de 2 ou 3 e ignoro se ainda estão em produção. Sobre as razões da falha, será interessante começar por analisar o perfil e a experiência no sector dos vencedores dos diferentes lotes do concurso.

Entretanto, a mal amada indústria da celulose, investiu, construiu e opera centrais de biomassa. Qual a diferença entre os papeleiros e os felizes contemplados do concurso das 15 centrais? Apontaria duas principais: têm um local industrial onde a central é uma extensão, aproveitando evidentes sinergias e reduzindo custos fixos, e conhecem a floresta e o respetivo mercado.

Se existe um problema de viabilidade económica com a cadeia de valorização energética da biomassa florestal, ele também não se resolve aumentando o preço de compra dessa energia, porque aí ainda iriamos ver castanheiros e carvalhos a servir para lenha. Na minha opinião, a solução passar por analisar essa cadeia com todos os intervenientes e considerando todos os custos que o não retirar a biomassa potencia. Quem entende de floresta como a indústria de papel e da madeira e alguns serviços públicos de terreno, pode certamente ser parte importante da solução.

13 agosto 2016

Mais rápido, mais alto, mais forte?


Nunca assisti a uns jogos olímpicos. Atualmente parecem-me até estar um pouco afastados do espírito do Barão de Coubertin. É um grande espetáculo que movimento muito dinheiro e uma competição exacerbada onde, quase, vale tudo. A exclusão inédita dos atletas russos por evidência de dopagem apoio “institucional” é impressionante, embora também faça pensar se foram só eles e só agora. Não me surpreenderia nada que outros países, ciosos de reconhecimento internacional a todo o custo como, por exemplo, a China, fossem apanhados em idêntica malha.

Ao ler algo sobre o caso russo, encontrei esta foto da única atleta russa, Klishina, a quem foi permitido participar (os créditos da foto estão na própria imagem). É impressionante pela expressão muscular. Dir-se-ia que não existe um único músculo do corpo da atleta que não esteja mobilizado no objetivo. Fantástico de linguagem corporal.

E, claramente, as modalidades desportivas que mais admiro são estas, técnicas, como os saltos no atletismo, o voleibol, a ginástica e muito pouco as de força bruta e de técnica pouca.

10 agosto 2016

Entre o Mozart e os 4 acordes

Contaram-me que numa dissertação sobre música se destacava o fosso existente entre a chamada música erudita e toda a restante, referindo-se que uma grande parte (para não dizer a totalidade…) dos sucessos da música ligeira se baseia na mesma sequência de 4 acordes. Até há um vídeo humorístico em que um conjunto passeia por uma vintena de “sucessos” (eu só reconheci 2 ou 3), sempre com o mesmo enquadramento harmónico.

Sim, é verdade que há muita música paupérrima, sempre igual, com estrutura repetitiva, que não merece muito crédito. Sim, mas a alternativa a isso é apenas o Mozart e companhia? Na minha opinião não é. Há inúmera música bem-feita e cuidada para lá da tal “erudita”.

Depois, e num paralelo com outra forma de expressão artística, a escrita, um texto de vocabulário pobre será provavelmente pobre, mas é acrescentando palavras caras e complexas que ele se torna um bom texto? Não necessariamente. Podemos ter um texto simples e belíssimo. Aliás, muitas vezes, o desafio é mesmo esse: ser simples e belo.

Gostos não se discutam e em função da experiência, formação, sensibilidade e até mesmo disposição, cada um terá maior ou menos disponibilidade para um certo tipo de música, mais elaborada ou mais simples. No entanto, presumir essa separação entre o bom, erudito, e o mau, tudo o resto, é um pedantismo que a (boa) música dispensa.

09 agosto 2016

Incêndios em destaque

Será impressão minha ou todos os anos os incêndios começam a sério depois de o primeiro ser notícia na comunicação social? Sem pretender ilibar, mesmo parcialmente, os verdadeiros responsáveis, especialmente da vertente criminosa, e recordando que ninguém pensa em deixar de noticiar crimes para estes não aumentarem, parece evidente que a comunicação social tem uma capacidade de “promover” comportamentos bastante visível neste caso dos incêndios. Como se pode explicar que, após um mês de Julho tão tranquilo, de um momento para o outro o país comece a arder da forma que está? Estiveram todos entretidos a ver a bola?

Para lá de pedir um pouco mais de recato à comunicação social em termos de exploração perniciosa do espetáculo e da desgraça, poder-se-ia, por maioria de razão, pedir mais preparação e prevenção a quem de direito e de função? É que isto ocorre todos os anos!

Em termos de impacto, e para lá daquelas coisas mais abstratas do meio ambiente (se ele já resiste há 30 anos, resistirá certamente até ao final da legislatura), fico a pensar nos turistas que tanto jeito nos fazem. Tão contentes estarão eles com a redução do IVA na restauração e das portagens nas autoestradas que nem se preocuparão muito com este fumozito. Recorrendo à habilidade política tão em voga ultimamente, até os poderemos tentar convencer que ajuda a proteger da radiação UV. Ou, se calhar, nem se importariam de pagar um pouquinho mais de IVA e de portagens para ver menos incêndios e assim cá voltaram e recomendarem o país aos amigos.

08 agosto 2016

Coisas de ir ver a bola

De ir ver a bola há muito quem goste e que esteja disposto a fazer grandes sacrifícios para isso, de tempo (livre) e dinheiro. Se for possível ir vê-la no tempo de serviço e por conta de outrem, será ainda melhor, certamente.

Quando vejo nos grandes eventos futebolísticos, tanta mobilização de figuras, em suposta representação institucional de qualquer coisa, fico sempre com algumas dúvidas sobre qual a real motivação daquelas presenças. Que um deputado chame “trabalho político” a ir ver a bola, é um abuso, que invoque “motivo de força maior” é ignorância crassa ou desvergonha ilimitada.

Que membros de governo vão ver a bola a expensas de empresas privadas é não saberem o que é ser governo. Se a comunicação social fala no assunto e os presenteados a seguir devolvem o dinheiro, significa que reconhecem o erro e só (re)agiram pela exposição mediática.

Aquela gente toda que vai ver a bola, especialmente nos grandes eventos, não é necessária para a promoção dos encontros ou motivação da equipa. Há outras atividades que necessitam e merecem mais apoio institucional e visibilidade do que um campeonato da Europa de futebol. Há formas mais eficazes de promover o desporto e, já agora a cultura, que não passam por estar sentado a assistir. Há gente de mais a ver a bola, fazendo de conta que está “em serviço”, quando, na realidade, está apenas a ver a bola…

31 julho 2016

A outra sanção

Andaram os cortesãos das várias famílias, tendências e obediências muito entretidos a discutir o cenário das sanções europeias. De quem foi a culpa de elas poderem chegar e de quem foi o mérito de elas não terem chegado. Não faltaram murros no peito do “A mim, ninguém sanciona” e por pouco não se foi ressuscitar D. Afonso Henriques para defender a nossa soberania.

Não houve sanções e a corte respirou de alívio. Podem todos ir de férias, aliviados, mas eu não. Vejamos. Para “voltar a página da austeridade”, que é como quem diz, abrir mais os cordões à bolsa, convém que esta esteja mais cheia. E pode estar mais cheia por a enchermos nós ou por pedirmos emprestado. Estando último cenário um pouco complicado, há até quem diga, com alguma razão, que a nossa dívida pública é insustentável e nunca a conseguiremos reembolsar, não será muito lógico estar a aumentá-la ainda mais.

Relativamente à alternativa sustentável de aumentarmos a nossa riqueza, e esquecendo os generosos 2,4% de crescimento para 2016 avançados pelos sábios do PS antes das eleições, o orçamento de Estado atual prevê 1,8%. Sendo certo que prognósticos apenas no final do jogo, e nunca se sabe bem o que pode acontecer nos prolongamentos, as previsões atuais apontam para valores claramente abaixo de 1%. Esta redução de riqueza criada, é só fazer as contas, de cerca de 2 mil milhões de euros a menos, é um detalhe?

Nota: Não adianta aumentarem os impostos e tirar de alguns para dar a outros. Enquanto não houver produção de riqueza, a cepa continuará torta…

28 julho 2016

Pior do que antes

Se não faltam no Médio Oriente, guerras com forte componente religiosa/comunitária, podemos questionar porque é que, por exemplo, a guerra no Líbano de 1975 a 1990, até com envolvimento direto do diabolizado Estado de Israel, não provocou uma mobilização da comunidade muçulmana europeia como agora com a Síria? Por não haver internet… nem “Al Jazira”? O facto é que hoje, na Europa, o nível de radicalização em abrangência e em intensidade é indiscutivelmente maior do que há 20-30 anos, quando as chamadas feridas da colonização estariam supostamente mais vivas. Quem é responsável por isto? Penso que muita gente no Islão e para lá dos marginais declarados ou encapotados.

Para não deixar a coisa no abstrato deixo um nome: Youssef Qaradawi. Não é único mas é significativo e suficiente. É fácil encontrar citações deste senhor carregadas de ódio e apelos à violência. Durante anos foi uma vedeta da rede de televisão Al Jazira e convidado para palestras em França, daquelas em que se debate o direito do homem bater na mulher, pela UOIF, uma importante e poderosa federação de associações muçulmanas, “próxima” da Irmandade Muçulmana. Hoje ele está proibido de entrar em França, para grande pesar do anfitrião, mas as suas ideias não. Segundo Ahmad Jabbalh, presidente da UOIF na altura da proibição, o “sábio Youssef Qaradawi” é « um homem de paz e de tolerância que trabalha para a abertura e a moderação e cujas posições foram sempre no sentido da justiça e da liberdade dos povos, exercendo uma influência positiva no mundo muçulmano” e “a proibição apenas fará aumentar o ressentimento e o sentimento de exclusão da comunidade muçulmana”.

Um ressentido e excluído querer partir para a Síria ou pegar numa grande faca e desatar a degolar inimigos da fé, não é uma consequência direta dos pregões dos Qaradawis e companhia e da brutal hipocrisia e manipulação destas organizações, mas que ajuda, ajuda…

26 julho 2016

FFIAM




Se fotografar a sério é com uma focal fixa, foi no Festival de Folclore Internacional do Alto Minho de 2011 que eu usei a minha primeira fixa, 50mm f/1.8, a sério.

O FFIAM é uma parte significativa do meu percurso de aprendizagem. Para este ano escolheram uma foto minha da edição do ano passado para o cartaz do evento.