31 outubro 2014

Angústia pré-eleitoral

Tipicamente a aproximação das eleições trás cheiro a festa, papas e bolos, mas para mim é uma angústia. O orçamento de estado tenta ser um círculo quadrado. Não se pode abrir muito os cordões à bolsa, mas é necessário dar a ideia disso. E como a ilusão tem custado a passar, é uma trapalhada e uma valsa de receitas fiscais a subir, descer ou a fazer de conta que fico confuso. Especialmente aquela coisa de simular o IRS novo e o IRS antigo e depois poder optar…. parece-me uma brincadeira.

O vice-primeiro-ministro continua irrevogável na sua cavalgada de cavaleiro solitário, com uns tiques de justiceiro, e não se sabe bem se ele ainda faz mesmo parte do governo ou se se terá, eventualmente, mesmo demitido.

O candidato alternativo a primeiro-ministro acha que ainda é cedo para dizer o que pretende fazer, ou cedo para o eleitorado ouvir, mas considera importante apelar ao Tribunal Constitucional por causa do horário de 35 horas nas autarquias… Sim senhor, é uma grande prioridade nacional!

A minha sugestão para esta campanha é: cada candidato apresenta uma proposta de orçamento de estado, plurianual. As propostas serão analisadas por especialistas nas várias áreas, daí convir serem feitas por especialistas, e discutiam-se/validavam-se os méritos/deméritos e a viabilidade de cada uma. Será muito mais importante do que este brincar às escondidas e a campanha resumir-se depois ao habitual concurso de cuspidelas.

30 outubro 2014

Mobilidade


O que é aquilo? Não é pássaro nem avião… Meio de transporte de pessoal, também não.

Apenas um escritório de obra que, naturalmente, tem todo o interesse em ser móvel, dado a obra evoluir ao longo uma estrada. É barato, prático, além de também servir para pôr à prova o sentido de equilíbrio dos utilizadores.

O local de trabalho futuro ideal será qualquer coisa assim.

Em Cheraga, Argel.

28 outubro 2014

Os inimigos do SNS


Parece-me absolutamente inquestionável que o Estado deve garantir assistência na saúde a todos os cidadãos, sem ser necessário pesquisar previamente a carteira de um doente ou de um ferido para procurar um cartão bancário ou de uma seguradora. Agora, se o SNS se apoia em estabelecimentos apenas públicos ou também recorre a privados é uma discussão de outro nível. Se há quem use o argumento de que o Estado não é por norma bom gestor, as suas contratações com privados também frequentemente deixam muito a desejar.

Acho curiosas as manifestações da corporação médica em defesa do Serviço Nacional de Saúde. Não me recordo de os ter visto no passado assim activos a criticarem ou fazerem algo para impedir a má gestão e a utilização abusiva do sistema. Os médicos que cobram a consulta em casa e arranjam os examos no hospital, por exemplo? Pode-se dizer que hoje é muito menos do que no passado. Sim, mas se algo mudou não foi certamente com o apoio da corporação, muito pelo contrário. A norma é estarem sempre contra. O que fez a corporação proactivamente para moralizar e disciplinar tanta coisa errada que se vive no sistema público de saúde? Qual o histórico da sua reação quanto ao escândalo dos prémios à receita?

Quero realçar que não estou a referir-me “aos médicos” na globalidade. Estou a referir-me à sua representação corporativa, à sua enorme falta de humildade e ao desplante de agora se proclamarem defensores do SNS, quando ao longo de todos estes anos a sua inacção foi um dos piores inimigos.

25 outubro 2014

Não há melhor no mundo

Para a minha última deslocação a Rabat os hotéis habituais estavam cheios. Procurei no “booking” algo razoável em preço e não demasiado exótico. Na viagem de ida perdi uma ligação e faltaria à primeira noite. Telefonei para informar e para me manterem a reserva para o dia seguinte. Tudo bem, teria que pedi-lo por email e, no entanto, debitavam-me a primeira noite. Deram-me o endereço electrónico, tentei duas vezes e a mensagem vinha para trás. Liguei de novo e ao tentar identificar-me, questionaram: “é o senhor a quem vamos debitar uma noite por não vir… ?” Correcto e afirmativo! Dei o meu endereço de email para ver se ao contrário funcionava, mas, de qualquer forma, o meu caso já estava aparentemente bem controlado.


À chegada, no dia seguinte, ainda tentei discutir o débito da noite anterior mas sem sucesso e pediram-me para pagar logo. Paguei, deram-me um recibo, mas a factura recebê-la-ia no último dia apenas… protestei, que não queria ficar à espera e prometeram-me no dia seguinte fazerem-me uma “factura comercial”. Nesse dia seguinte, depois de insistência, lá me produziram a factura “tipo comercial”. Era um simples documento de texto produzido ali no momento e pelo qual esperei cerca de 15 minutos. Protestei que não devia ser assim, ao pagar deviam fazer logo e automaticamente a factura. O senhor diz que não. Que eu ia ter uma factura comercial, que não havia coisa melhor no mundo (para eles não pagarem impostos, presumi eu).

O hotel não era mau de todo. Apenas aquela alcatifa… Ao fim de um longo dia quente e poeirento… não era a visão muito refrescante.

22 outubro 2014

21 outubro 2014

Low cost




Low cost até na forma como se apresenta.


Uma placa de alumínio, uns rebites mais ou menos localizados e já está !

17 outubro 2014

Low clean



Mas é certo que voa !!

Nota posterior: Esta imagem foi recolhida num voo Barcelona - Argel. Publiquei originalmente esta nota no aeroporto de Argel, enquanto esperava o voo de regresso.
Para castigo o avião previsto .... avariou

15 outubro 2014

Sobre a paragem do “Mais rápido”

Eu, e muitos outros certamente , estou farto de ouvir notícias sobre a falha do Citius sem saber a razão de fundo. É grave que ele tenha colapsado na implementação do novo mapa judicial, mas o diagnóstico mínimo já devia ser conhecido. Aliás, sem isso seria difícil implementar as correcções necessárias. E então? Foi um problema estrutural? – A aplicação não estava preparada de todo/de raiz para a transição? Custa-me a crer que seja esse o caso, seria incompetência a mais. Estava teoricamente preparada mas na prática não? Ou seja, se tivesse sido usada de forma rigorosa suportaria a migração, mas na prática os processos tinham campos de referência em branco e daí ficarem perdidos no novo contexto? Se foi este o caso a responsabilidade é em parte de quem simplificou a sua utilização ao longo dos anos e também de quem tomou teoria igual a prática, que nestas áreas é uma ingenuidade perigosa.

Logo aqui temos dois cenários muito distintos e com responsabilidades de origens e níveis diferentes. Também me surpreende que agora “toda a gente sabia” que não ia funcionar quando na véspera não me recordo de nenhuma notícia específica sobre este potencial problema. Havia sim a corporação a protestar mas na generalidade, como é habitual. E este é um problema das nossas corporações, que as descredibiliza – estão sempre contra as mudanças, a defender o nada acontecer e a esfregar as mãos de contentamento quando algo corre mal. Ideias alternativas construtivas, muito poucas.

A comunicação social faz eco deste cruzar de espadas entre corporação e tutela, o público sabe que houve um problema, que para uns se resolve com a cabeça da ministra e para outros com um pedido de desculpas. É muito pouco, é pobre.

08 outubro 2014

Feminismo ou outra coisa

Numa televisão muda de um espaço público passavam imagens da intervenção de Ema Watson na ONU, muito mediatizada, em defesa dos direitos das mulheres. Ao pensar no contexto e na premência do assunto, dei por mim a concluir existirem realidades muito distintas, pedindo estratégias diferenciadas. Em países como, por exemplo, a Arábia Saudita ou o Paquistão há evidentemente muito, muitíssimo a fazer. Só que nesses locais o problema dos direitos das mulheres é apenas um fruto, grande é certo, de um mal mais amplo. Se supostamente essa parte fosse resolvida, outras limitações da dignidade humana em geral permaneceriam, sendo aliás muito improvável que uma evolução parcial dessas pudesse acontecer. Aí, o combate não é simplesmente pelos direitos das mulheres, deve ser dirigido à raiz do mal.

Doutro lado, nesta nossa sociedade, haverá ainda muita gente que acredite honestamente que a mulher não deva ter os mesmos direitos e oportunidades que o homem? Não muita. Muitos mais serão aqueles que exploram as especificidades do sexo feminino em proveito próprio, não por convicção, antes por oportunismo. Sem teorizar em demasia, todos temos mais apetência para umas coisas e mais dificuldades noutras. Será sempre melhor uma pessoa de 2,2 m de altura jogar basquetebol e uma de 1,70 m jogar hóquei em patins do que vice-versa. No entanto, se os negros dominam a maratona, isso não deve impedir os brancos de praticarem atletismo, tentarem a sua sorte em pé de igualdade e serem avaliados pelos resultados objectivos.

A discriminação ser feita por convicção ou por oportunismo tem uma diferença grande e exige uma abordagem diferente. Aliás, aqueles que aproveitam qualquer pretexto para abusar de um ser humano e da sua dignidade, não são selectivos. Não é inédito mulheres com poder discriminarem negativamente outras mulheres. O simples “heforshe” pode parecer poético mas nos tempos actuais é até algo redutor. Em resumo, feminismo parece-me ser uma palavra curta.

03 outubro 2014

Desculpem lá

Leio que o Facebook pediu desculpas aos seus utilizadores por terem sido cobaias involuntárias de uns estudos de comportamentos que alguém fez, utilizando a rede social. Há pouco tempo foram uns ministros que também vieram a público pedir desculpa por umas coisas que correram mal e pelos transtornos causados.


Isto faz-me lembrar aquela expressão do “Desculpem qualquer coisinha…”, que num dado contexto irónico se lê como “se eu fiz algo de errado que vos prejudicou, façam o favor de o esquecer e bola para a frente”.

Ora bem, eu acho que as desculpas caracterizam quem as pede, apenas e nada mais. É sempre preferível uma postura humilde de reconhecer e assumir o erro do que arrogante de o ignorar. Se alguém me prejudicar/afectar negativamente de alguma forma e a seguir pedir desculpa isso altera a forma como eu vejo esse autor, mas não corrige o prejuízo. O fundamental é a contextualização: correu mal por isto e faremos aquilo para que não volte a ocorrer. Dizer “desculpem lá o texto estar pobre” não melhora muito a coisa…