Quis o azar ou a sorte que eu precisasse mesmo de ir à capital no ameaçador dia dos coletes amarelos, tradução literal de “gilets jaunes”. Na dúvida e por não poder falhar, acrescentei uma hora ao tempo previsto de viagem.
O primeiro contacto com a (não) realidade foi nas portagens de Alverca. Aí estavam umas (4?) viaturas da GNR, mais outras tantas da televisão, prontas para os diretos… e de amarelo ninguém. Se paro, enfio um colete e vou para lá mandar umas bocas, apareço nas televisões todas, sem dúvida. Não o fiz e perdi os meus três minutos de fama, que seriam tão, tão fáceis de obter. De facto, demasiado fáceis.
Esta caricata mobilização é em parte a imagem do que somos e do que não somos. A vitalidade (e a violência) com que os "gilets jaunes" saíram à rua em França durante semanas consecutivas fez muitos acreditarem que poderíamos fazer por cá uma coisa parecida, à la francesa.
Acreditaram as forças de segurança que mobilizaram muito para lá do necessário, antes assim do que ao contrário, mas o desvio foi enorme, e acreditaram excitados uma boa parte do pessoal que tem acesso a microfone público. Uau ! Vamos ter coletes amarelos e fazer vergar o governo…
Obviamente que não nos faltaram razões e motivos para manifestar o “ras le bol” com a trupe que nos governa e mesmo com a que se candidata a nos querer governar. Como é óbvio não é importando uma forma ou uma cor que a coisa funciona… muito menos às três pancadas, como aqui andaram à toa os organizadores, as forças de segurança e os altifalantes.
Assim seremos…? Um pouco infantis?