31 julho 2012

Álvaro Mineiro

Como eu disse aí atrás a propósito do encerramento das minas de carvão em Espanha
"Minas são sempre uma riqueza temporária e insustentável. É tirar enquanto houver e for viável, o que quer dizer até o dia em que o custo de retirar for superior ao preço do mercado do minério e se perder a rentabilidade económica."
O nosso Álvaro parece não saber isso. Vejo-o todo contente no telejornal a anunciar que os nossos recursos mineiros valem 1 a 2 duas vezes o PIB nacional, como se fosse uma coisa fantástica. Não sei como o calculou e entre 1 e 2 vai uma diferença grande, mas enfim... Saberá ele que é um recurso não renovável? Ou seja, grosso modo, o nosso sub-solo permite-nos vivermos dele um ou dois anos... apenas... olha que grande coisa!!

29 julho 2012

Manifestações e ridícularias

Uma parte do PSD ficou muito contente com a fraca adesão às manifestações “anti-Relvas” e entendeu isso quase como um branqueamento do problema. Eu não estive nessas manifestações mas acho que ele devia sair, como muita gente acha, como ele próprio deveria achar. E, se lhes chamam ridículas, seguramente mais ridículo é chamar “Doutor” a Miguel Relvas.

Quem acha que a dimensão do problema é proporcional à dimensão das manifestações está a ser conivente com esta enorme desfaçatez e a correr um risco. Pensemos nos reformados que após terem trabalhado a sério e descontado para a segurança social durante mais de 40 anos, não conseguem pagar os seus cuidados de saúde e vêm gente que após meia dúzia de meses num cargo público meramente representativo recebem, só por isso, uma pensão 2 ou 3 vezes superior à sua; pensemos em quem não consegue pagar propinas, alojamento e custos do estudo dos seus filhos e vê estes licenciados-expresso a sorrirem cinicamente na televisão afirmando que não cometeram ilegalidade nenhuma; pensemos em gente que entrega a sua casa/lar ao banco por não poder pagar as prestações e lê as notícias dos milhões tresmalhados que por aí andam perdidos de BPN’s e submarinos.

O risco é que um dias essas pessoas não irão pedir a exclusão do fruto podre de um sistema que querem e acreditam poder ser são. Um dia essas pessoas perderão o respeito por todo o sistema com consequências imprevisíveis. Se o PSD e o “sistema” no seu todo continuam a apostar no cinismo destas “inocências formais” iremos chegar a um abismo. Pode ser ingenuidade da minha parte presumir que possa ser diferente, mas que vamos para o abismo, vamos.

26 julho 2012

Estou de acordo !

Ouço no telejornal Vale e Azevedo dizer que se sente injustiçado...
Não posso estar mais de acordo, realmente justiça não tem sido feita!

25 julho 2012

Comunicação excessiva ?

Poderia começar por recordar tempos antigos em que, em viagem, se parava de vez em quando para ligar de uma cabina pública para a base ou em que à chegada ao hotel se perguntava se havia algum fax para nós. Não vale a pena ir lá longe e fazer comparações. Em causa está apenas uma constatação de como se “vive e trabalha” nestes tempos do on-line permanente.

Ver alguém entrar numa área de serviço de auto-estrada, caminhando com um ipad na mão a ler e a responder emails levanta uma reflexão. É fantástico que dessa forma não se perca a “pitada” do que está a acontecer e se possa reagir rapidamente sem um ponta de atraso, mas… que acontece nas vezes em que é conveniente e necessário haver “atraso”? Quando se vive num verdadeiro dilúvio de emails, consegue-se parar e criar distância para reflectir, analisar e decidir aquilo que necessita de concentração e tempo de maturação? Infelizmente penso que não. Estamos a caminhar para uma situação de ficarmos viciados em pingue-pongue de emails, quase nervosos e ansiosos se não tivermos uma mensagem a chegar “naquele” ritmo. Se nos retirarem a internet/email durante um dia inteiro, o nervosismo e o “desespero” serão apenas por estarmos a perder informação e capacidade de trabalho ou estaremos antes a fazer figura de fumador compulsivo em voo transatlântico?

Por muito úteis e fantásticas que sejam todas as invenções têm um lado negativo/risco conforme a sua utilização e esta facilidade de comunicação permanente não foge à regra. Solução: regras? Criar cotas para quantidade de mensagens produzidas por dia, da mesma forma como um fumador tenta gerir a duração do seu maço de tabaco? Parece ridículo mas que estamos a ficar formatados de uma forma que me incomoda disso não tenho dúvidas…

23 julho 2012

Um amor não correspondido

O senhor que aparece nesta foto de 2004, todo contentinho a sorrir para a objectiva, deliciado por se apanhado em tão distinta companhia teria certamente uma grande paixão pela comunicação social. E tão grande, que até esquece que está numa missa, neste caso em memória de Sá Carneiro, e aquela expressão sorridente e quase cúmplice, não sendo certamente ilegal, não é nada apropriada à circunstância. Por isso não é de estranhar que ele fique bravo quando a comunicação social não lhe corresponde à paixão ou o apanhe em pose menos fotogénica. Os amores não correspondidos são danados, até podem cegar!

17 julho 2012

A Europa acabou ?

Apesar de o Euro ter sido concebido com regras apenas para os dias de Sol, tem manifestado uma capacidade de resistência formidável nestes dias de tormenta. Com tanta trapalhada e diz/desdiz, faz/desfaz dos líderes europeus, é impressionante como a sua cotação permanece em alta. Apenas estão mal os níveis dos juros que se cobram aos elos mais fracos de cada momento. A resposta da Europa tem sido não pelo “princípio”, mas sim pela natureza, dimensão e capacidade reivindicativa daquele que em cada momento está nesse papel de elo mais fraco.

Quando no dia 9 de Junho Rajoy anunciou uma “muita vantajosa linha de crédito” para os seus bancos problemáticos, frisando que não era um resgate e evidenciando uma diferença de tratamento inaceitável para o problema tão idêntico ao da Irlanda, eu pensei que a Europa estava mesmo a acabar. Depois os Eurocratas vieram dizer que não senhor, que a garantia do empréstimo passava pelo Estado Espanhol, ficando célebre a ironia do: “Tu (Rajoy) dizes tomate, eu digo resgate”. Com o resultado futuro dessa operação, apenas anunciada, a colocar o défice público espanhol em níveis pouco saudáveis, os mercados carregaram e os juros da dívida pública de Madrid subiram para valores insustentáveis. Aí os Eurocratas inventaram que afinal poderia sim, ser uma ajuda directa à banca espanhola, sem penalizar as contas públicas do país. No mínimo estranho: por alma de quem, quem põe o dinheiro lá, de que forma e com que garantias? Mais uma coisa “dita e inventada” na última hora de uma cimeira sem se saber como se implementa. De realçar que sendo o objectivo tapar buraco existente, um estrago já feito, estes fundos não irão facilmente gerar valor para o respectivo reembolso. Como resultado, os “mercados” não acalmaram e os juros continuam lá em cima… e agora, que se inventará mais?

Diz-se que a génese do problema da banca espanhola está no rebentar da bolha de especulação imobiliária, daí o paralelo com a Irlanda. Mas não é bem assim. Os bancos espanhóis geridos seriamente como o Santander e o BBVA não estão a arder. O buraco principal está nas “caixas” que “geridas” politicamente à toa com negócios, negociatas, por amigos e afilhados torraram milhões e milhões. Ou seja, é um cenário algo próximo do nosso famigerado BPN, que o povo português está e continuará a pagar estoicamente. Não seria óptimo que o buraco do BPN fosse tapado directamente por fundos europeus de forma indolor para o Estado e o contribuinte português? Entretanto o povo espanhol tem mostrado nos últimos dias que não aceita passar a ser mais pobre. Têm todo o direito de protestar e pelos vistos têm uma capacidade reivindicativa fantástica, mas eu não pago o orgulho deles e se calhar os alemães também não. Com tomate ou com resgate estes espanhóis estão a fazer mais mal à Europa do que os gregos!

15 julho 2012

Hás-de ser Ministro !

E cito do Público:

Duarte Marques, líder da JSD, pediu explicações a Mariano Gago, ex-ministro socialista da Ciência e Educação, sobre a licenciatura na universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias em Ciências Políticas e Relações Internacionais de Miguel Relvas.
Em declarações à TSF, Marques acentuou que é “preciso pedir explicações a quem aprovou esta lei [de equivalências], na altura o ministro Mariano Gago, o ministro mais tempo em funções no nosso país”.
Não vale a pena comentar sequer: está perfeitamente alinhado com os seus antecessores e há-de ser Ministro!!

14 julho 2012

Feiras Medievais

Estão na moda e fazem parte da “agenda cultural” de todos que se prezam de ter uma. Certamente haverá umas melhores e outras piores, com mais ou menos rigor e conteúdo. Eu não tenho grande simpatia por esse período histórico, pobre, sujo e escuro em tantos aspectos. Pronto, há um certo exotismo, alguma curiosidade, mas lembro-me logo de um evento que incluía um jantar medieval e em que no fim muita gente acabou por ir a um restaurante a sério, sem paciência para a javardice de comer com as mãos, e ainda por cima pouca luz.

Recentemente passei por uma onde vi pessoal com trapinhos mais, copinhos, pãezinhos, e algumas mais mezinhas… e a coruja concordava comigo.

12 julho 2012

Olympus XZ-1


A melhor máquina fotográfica é a que está disponível quando se quer tirar uma fotografia.

10 julho 2012

Valores e formação em sentido lato

Uma prece: já nem lhes peço que sejam sérios e exemplares, peço apenas que quando forem apanhados tenham a hombridade de sair de cena com o máximo de dignidade possível para eles e para o país.

É sabido que estava a chegar ao poder uma nova geração de políticos nascidos nas juventudes partidárias e que nunca trabalhara a sério na vida. Agora ficamos a saber que alguns deles, além de nunca terem suado a trabalhar, também nunca suaram a estudar.

Formalmente o problema da estranha licenciatura de Miguel Relevas pode ser imputado a excessiva generosidade ou desorganização da Lusófona, mas isso não deve fazer esfregar as mãos de contentamento com um “a culpa não é minha, eu só aproveitei” a quem tem responsabilidade públicas e exigências de comportamento moral do nível de um ministro. Por muito menos eu enfiava-me num buraco com vergonha de aparecer em público.

Na altura do outro caso, das ameaças à jornalista do Público, no mínimo inaceitáveis, ouvi falar do grande peso político do senhor no governo e esse peso só pode vir da sua capacidade de controlo do partido, que, sendo a actual chave do poder nesta espécie de democracia, devia chamar-se outra coisa que não política. E é que no governo precisamos mesmo de “política” a sério.

Há cerca de um ano, o ministro alemão da Defesa demitiu-se por se ter descoberto que tinha plagiado a sua tese de doutoramento. E se olhássemos para estes exemplos que talvez ajudem a explicar porque eles são ricos e nós não, em vez andarmos de mão estendida, maldizendo e estigmatizando quem tem mais sucesso? E se quando o nosso Primeiro-Ministro for pedir a Angela Merkel mais fundos ou mais tempo ela tiver à sua frente uma notícia sobre este assunto e lhe perguntar: “E o senhor tem a certeza de que estes fundos são aplicados por gente séria e competente?”, o que é que ele responderá? Que é um “não assunto”?

06 julho 2012

Etiquetagem em curso

Conforme referi atrás, resolvi etiquetar o Glosa Crua e não está a ser fácil nem rápido. Vejamos. Primeiro tratei em off cerca de 100 dos 1000 posts e defini as etiquetas, agregando-as em : Pessoas individuais, Pessoas/entidades colectivas, Lugares, Eventos, Doenças (terminadas em “ite” e não só), estados de espírito e, finalmente, qualidades gerais que, infelizmente foi a mais representada. Depois fiz alguma consolidação e homogeneização e arranquei para a actualização no blog desses 100 posts. Terminado, passei aos 100 seguintes procurando minimizar a introdução de etiquetas adicionais. Em seguida suspendi a fase vertical e passei à horizontal, que não quer dizer a dormir.

Para cada etiqueta procurei todos os posts em que a palavra aparecia para verificar se já lá estava e, caso negativo, se faria sentido inclui-la. Para os posts encontrados e não etiquetados ainda, fiz-lhes a etiquetagem completa.  

Quando terminar esta fase horizontal irei correr verticalmente o blog para ver se escapou algum post. Será estranho mas pode acontecer. Depois, há que identificar as etiquetas pouco representadas e tentar consolidá-las. Terei que analisar bem a cobertura dos “estados de espírito”. Por exemplo, criei recentemente um chamado “Grrr” que precisa de ter análise retroactiva e cuja identificação não se encontra por pesquisa directa do texto.

Parece complicado? Não, neste correr das etiquetas vou na letra… B.

05 julho 2012

Não acredito, mas venha a igualdade

Estou a ouvir o telejornal e não acredito. O Tribunal Constitucional chumba a suspensão dos subsídios de férias e Natal para funcionários públicos e pensionistas por uma questão de (des)igualdade, mas afinal para este ano não conta, para não afectar a realização orçamental. Grande treta: a constitucionalidade não deve ser objecto de uma contextualização: está mal, mas este ano passa.

Por outro lado se está em causa a “igualdade” entre a função pública e os demais, fico então à espera que o mesmo Tribunal alinhe toda a legislação laboral e respectivos direitos: para quando o fim da ADSE e os despedimentos colectivos na função pública?

04 julho 2012

Belíssimo


Numa tarde agreste de Março, corre um vento húmido e frio na vertente Sul da Serra das Meadas. É dia de Rally, dos antigos, dos duros, a sério, não dos novos de agora que são uma espécie de voltinha de fim-de-semana em horário de escritório. A classificativa é mais caminho para tractores do que para automóveis. E, realmente, aos Audi de 4 rodas motrizes só lhes falta trazer o arado atrelado, de tal forma eles parecem lavrar aquela terra. Maior contraste não pode haver com o Lancia 037. Branco, elegante e delicado sobre aquele castanho da terra e pedregulhos áridos e brutos. Parece impossível que ele consiga sobreviver a tamanho maltrato, de tal forma ele salta e bate no chão de todas as formas e feitios. Estávamos em 1984, o Lancia era o último tracção atrás e o Audi era o primeiro tracção às quatro rodas, conceito que acabaria por se impor naquela prova e no futuro. O Lancia não quebrou e com as unhas e dentes de um tal Markku Alen terminava em 2ª a 27 segundos do Audi de Mikkola, após mais de 7h30m de tempos cronometrados.

Que tem este Lancia 037 em comum com os Ferrari 250, F40, Testarossa, Enzo e tantos outros, com o Fiat 124 Sport Spider, os Alfa Romeo Spider, GTV, C8 e tantos outros belos automóveis? A casa Pininfarina. Lembrei-me disto a propósito da morte esta semana de Sérgio Pininfarina. Por coincidência a Turbo publicou no último número o resultado de uma escolha entre jornalistas e designers dos 50 mais belos carros do mundo e, contas por alto, acho que a Pininfarina tem uns 7 ou 8, incluindo este 037. Se consideramos que o designer da Mercedes escolheu 4 Mercedes e um Porsche e que muitos avaliaram mais o arrojo e a inovação do design do que propriamente a estética, a percentagem sobe. Se juntarmos a Bertone, a Guigiaro e os gabinetes das próprias marcas, sem dúvida que são os italianos quem sabe desenhar belas máquinas. Apesar de o primeiro lugar ter ido por larga vantagem para o “very british” Jaguar E…


Nota: Foto googleada ilustratativa, o contexto real era bastante mais agressivo.

02 julho 2012

NAV – Digam-me que não é verdade

Estou com sorte. A greve da NAV foi desconvocada o que me permitiu viajar hoje sem os percalços e incertezas a que já me tinha habituado.

Parece que houve um princípio de entendimento entre o Ministro da Economia e o pessoal da NAV para estes não serem abrangidos pelos cortes na função pública, pela sua especificidade. Pelos vistos, eles debitam os seus serviços proporcionalmente aos seus custos e se reduzirem os custos, reduzem as receitas. Sendo uma larga maioria dessas receitas de origem externa, os cortes na NAV conduziriam a uma redução dessa receita, o que seria um prejuízo para o país. Se é mesmo assim, é um modelo de negócio fantástico que eu pensava já não existir: quanto mais gastar, mais recebo. Sendo assim, sugiro que a cada funcionário da NAV se ofereça um Jaguar e umas férias na Polinésia. Resolvemos uma boa parte da nossa crise e sem o mínimo sacrifício! E, por favor procurem, caso haja outros casos similares, é aproveitar.

Obviamente que para quem usa o espaço aéreo português, sejam empresas portuguesas, seja quem quer vir cá ou trazer gente para o que quer seja, esses custos não são um detalhe e afectam a competitividade do país, algo que o Ministro da Economia não deve certamente ignorar!

01 julho 2012

Boa !

Um destes dias em que saio tranquilamente na minha bicicleta, na fase inicial, ainda em velocidade moderada, sou ultrapassado por dois atletas ali a bater a sapatilha no asfalto com grande pinta. Que é isto? Então estes tipos correm mais depressa do que eu pedalo!? Atrás deles vai um automóvel devagarinho a controlar. Acelero um pouco para recuperar a ordem natural das velocidades e percebo que é uma atleta certamente de grande nível a ser “rebocada” por um colega um pouco à frente a marcar o ritmo. Já disse aí para trás que gosto muito de ver correr e aqueles estavam mesmo soberbos. 

Sou de novo ultrapassado, agora pelo carro, que pára lá o fundo, treinadora cá fora de cronómetro em punho e o condutor calça sapatilhas para render o “lebre”. Segui o meu percurso com alguma curiosidade sobre quem seria. 


Hoje entendi quem era: Dulce Félix é a menina da fotografia que hoje ganhou a medalha de ouro dos 10000 m nos Europeus de atletismo. Será que o ter-me ultrapassado deu alguma motivação adicional..?