26 julho 2011

O século XIV no XXI

Na televisão iraquiana, dois cientistas discutem e argumentam sobre se a Terra é redonda ou plana, sobre se o Sol gira à volta da Terra ou vice-versa e outras coisas mais.

Se não tiverem paciência para verem tudo, concentrem-se nos últimos 30 segundos. São assustadoramente representativos.

25 julho 2011

Esta gente...!

Li que o actual director regional dos Assuntos Fiscais da Madeira, João Machado, foi acusado por crimes de fraude qualificada e branqueamento, no âmbito de um processo em curso contra o clube de futebol “Nacional”. Não vi os pormenores do processo, mas ouvi o senhor defender-se na rádio. O que disse? Que à época a que se referem as acusações já não seria dirigente do clube e que o crime de branqueamento só passou a ser mesmo crime face à lei em data posterior e que não pode haver justiça “retroactiva”.

Exemplar! Eu esperaria da parte de qualquer cidadão e em especial de alguém com responsabilidades públicas sensíveis face à acusação em causa, que comentasse o fundo da questão; se sabia, o que sabia e se participou directa ou indirectamente no processo. Não esperaria que a resposta fosse baseada na forma e especialmente naquele espírito da gincana jurídica em que o fundamental não é o que aconteceu mas sim o que (não) pode ser provado.

22 julho 2011

Oslo, 22/7/2011

3 anos depois continuam "humilhados e ofendidos" assim...
Não sei que mais diga, não sei...

PS e correcção em 23/7: Afinal, ao contrário do que circulou inicialmente, os malucos foram outros... !

21 julho 2011

18 julho 2011

Negócio indigno



Milly Dowler é o nome de uma jovem inglesa, foto acima, raptada em 21 de Março de 2002, com 13 anos, e assassinada. O chamado “jornal”, News of the World, contratou um detective particular para descobrir coisas sobre o caso, a história da vítima, a família, os amigos, etc, enfim tudo aquilo que o povo gosta de saber e que dá “business” aos média. Entre outras coisas, os jornalistas conseguiram ter acesso, obviamente ilegal, à caixa de correio de voz do telemóvel da vítima e ficaram a saber quem lhe tentava ligar e as mensagens que deixavam, obtendo assim informações muito interessantes para o seu “jornalismo”.

Ao fim de alguns dias ocorreu um problema: a caixa de correio encheu. Como não queriam perder a “fonte”, encontraram uma solução. Apagaram as mensagens antigas para permitirem o registo de novas, numa altura em que a vítima até já estaria morta. Além da eventual destruição de provas importantes para a polícia, o facto indiciava que ela ainda estava viva, dando falsas pistas à investigação e uma enorme esperança infundada à família, que até concedeu uma entrevista exclusiva ao dito cujo “jornal”, referindo-se à enorme alegria que esse “facto” lhes tinha proporcionado!!! Essa edição deve ter vendido muto bem ! E, por muito sincero que seja, o que vale hoje um pedido de desculpas para isto…?

Este caso de escuta é apenas um de muitos, mas tem um significado muito mais fundo do que o simples coscuvilhar a vida privada de uma “socialite” qualquer. Por um lado, ainda bem que foi na Inglaterra que tem alguma tradição em levar estas coisas ao fundo, doa a quem doer (não como cá com a nossa “Casa Pia”).

O proprietário do jornal e grande empresário do sector, Rupert Murdoch, encerrou o jornal. A última edição de despedida teve uma tiragem quase dobrada e esgotou os cerca de 4,5 milhões de exemplares. Nas imagens da despedida não vi claramente vergonha estampada na cara dos “jornalistas”, vi mais consternação e, apesar de tudo, um certo sentido de terem feito o seu trabalho, de dignos guerreiros derrotados. Este caso não se resume a um jornalista isolado e tresmalhado, mas ao espírito de todo um sistema “pragmático” que factura em cima de qualquer valor. Houve e continua a haver quem não hesita em invocar os direitos e o respeito que merece o jornalismo e, ao mesmo tempo, sem ter o mínimo pejo em recorrer a tudo, e mesmo tudo, a bem da tiragem/audiência. É possível sobreviver individualmente um jornalista e colectivamente um título sem se renderem? Não sei mas espero sinceramente , ingenuamente talvez, que tamanha monstruosidade conduza a alguma mudança consolidada nas práticas do sector.

Nota: Informação e foto recolhidas no "Guardian"

17 julho 2011

Viana


Há sempre qualquer coisa em Viana. Ou isto ... ou aquilo...
O "isto" vai ser agora, já no próximo dia 19 de Agosto.

16 julho 2011

EUA, Portugal e Grécia… e Europa

Teoricamente os EUA estão a um passo de dar um calote aos seus credores e Obama veio a público realçar que os EUA não são a Grécia nem Portugal. E tem razão, independentemente de ser um pouco estranho ele sentir a necessidade de o afirmar assim em público. Acredito que os EUA não terão um hospital público com 45 jardineiros para 4 arbustos como acontece na Grécia e também acredito que lá um BPN não seria pago pelos contribuintes. Descontando esse tipo de diferenças, o fundo é o mesmo: o estado gasta acima das suas receitas e precisa de pedir mais dinheiro emprestado. Convém recordar que se o problema actual é o aumento do limite de endividamento ter que ser aprovado pelos Republicanos e estes estarem em braço de ferro com a administração Obama, a despreocupação com o défice das contas públicas já começou nos bons velhos tempos da administração Bush.

Mas há uma outra diferença, e a principal, entre os EUA e Portugal. É que eles têm nas traseiras da sua administração uma máquina de produzir dólares, que põem a trabalhar à velocidade que entenderem, vendendo essas notas ao resto do mundo sem grandes dificuldades. Essa é a diferença fundamental. Na europa (em minúsculas) temos o Euro e até poderíamos fazer algo parecido, mas a Sra Merkel e afins, preocupados com os eleitores dos seus quintais, continuaram a achar que o problema da Europa é apenas o dos jardineiros gregos e dos BPNs portugueses e insistem que tudo se resolve com disciplina e austeridade. A austeridade e o equilíbrio das contas públicas não são uma opção, são uma necessidade, mas enquanto ficarmos apenas por aí vamos continuar fundamentalmente diferentes dos EUA.

06 julho 2011

Revolta à vista?

Sem esquecer que a situação de falência a que Portugal chegou foi fundamentalmente consequência de (má) governação nossa, não deixa de merecer alguma reflexão esta questão das agências de notação financeira. Podemos chamar-lhes o que quisermos, até mesmo insultá-las, mas elas “apenas” prestam um serviço a quem tem dinheiro para investir e estes investirão onde e quando quiserem, dando ouvidos a quem bem entenderem.

Eu próprio, se tivesse dinheiro para investir não sei se me sentiria muito confortável em colocá-lo nas mãos do estado Português. E não foi uma figura maior da nossa praça, Silva Lopes, que disse há 3 dias que o empréstimo concedido pela troika era insuficiente e que a prazo a situação de Portugal não seria muito diferente da da Grécia? Depois ainda esperaríamos benevolência por parte das empresas de notação?

O rigor e isenção dessas empresas não estão acima de qualquer suspeita. Sabemos que foram algo permissivas na festa antes da crise, considerando seguras aplicações que eram e foram lixo. Alguém ganhou com isso e alguém perdeu. Cada vez que a dívida soberana de um país é desclassificada, sobem os juros que paga e desvalorizam-se as suas empresas, empobrecendo este no global. Alguém ganha com isso e alguém perde. Não há muito tempo Warren Buffet dizia muito frontalmente que estava em curso uma guerra entre ricos e pobres e que a classe dele, a dos ricos, estava a vencê-la. Está bem, só que há guerras que, ao serem ganhas, deixam o germe da revolta. Muito sinceramente e sem ter nenhuma simpatia ou identificação com as teses anti-capitalistas das esquerdas radicais, acho que alguma coisa vai acontecer um destes dias. Não que no final os pobres venham a ficar menos pobres, mas ao menos terão tido a satisfação e alguma sensação de dignidade em terem mandado àquela parte os ricos arrogantes e gananciosos.

01 julho 2011

É quando um homem quiser?

Como se costuma dizer que “Natal é quando um homem quiser”, estou a pensar em tentar convencer a minha empresa a pagar-me o dito subsídio antes ou depois de Dezembro e assim escapar ao tal imposto extraordinário. Julgo que não a conseguirei convencer mas estou certo de que, mesmo que tal sucedesse, o nosso fisco estaria atento e não deixaria de encontrar uma forma de me cobrar o dito cujo imposto extraordinário e seria justo… ou pagam todos…

No entanto, no final do ano passado, uma série de empresas grandes e idóneas anteciparam o pagamento de dividendos aos seus accionistas para assim escaparem ao novo regime fiscal. E até nem teria sido nada difícil ao tal fisco detectar e corrigir essas habilidades, de valor bem mais significativo do que o meu simples subsídio de Natal. Qual a diferença?