24 fevereiro 2020

Legislar pela saúde




Vimos recentemente no Parlamento uma discussão precipitada e, segundo vários especialistas, não suficiente refletida e ponderada sobre a legalização da eutanásia. Aparentemente haveria uma enorme urgência, a justificar essa pressa. Uma urgência difícil de entender, até porque apenas há quatro meses atrás, nenhum dos maiores partidos se deu ao trabalho de incluir este tema sensível e controverso nos seus programas e campanhas eleitorais.

Ao mesmo tempo, a ameaça do Corona vírus chega à Europa, não se sabendo muito bem como o combater, exceto tentando limitar a sua propagação, isolando pessoas e comunidades.

Portugal será um dos poucos países em que esse isolamento não pode ser imposto, dado que a quarentena compulsiva não tem enquadramento legal neste contexto.

Portanto, pensar em rever esse enquadramento legislativo como precaução contra uma eventual (certa?) chegada do vírus, não é prioritário; a eutanásia, essa sim. O sentido das prioridades para aquele pessoal em S. Bento não andará um pouco desalinhado dos anseios e necessidades da população que representa? Depois, queixem-se…

18 fevereiro 2020

É futebol, ninguém leva a mal!

O recente episódio com o jogador Marega em Guimarães é um caso lamentável e condenável de racismo. Sim! Não é caso inédito e isolado e apenas a reação inédita e louvável do jogador lhe deu todo este destaque.

No entanto, o problema de fundo não se esgota no racismo. Naquele contexto o insulto não se limita de todo a questões de raça. A ofensa e a agressividade são tão comuns nesse mundo bestial que recentemente um tribunal de primeira instancia, devidamente depois confirmado pela Relação de Lisboa, entendeu que um delegado a um jogo dizer ao treinador adversário “vá lá p’ra barraca, vai mas é pó caralho seu filho da puta”, é normal no mundo do futebol e citando : “é notório que, no mundo do desporto, e, em particular, do futebol, estão instituídas determinadas práticas que a generalidade das pessoas valora de uma forma mais permissiva, desde que tais condutas se desenvolvam no âmbito restrito do sub-sistema desportivo”.

Aproveitando a permissividade instituída: o mundo de futebol é um mundo de merda, onde todos os merdas podem dizer o que lhes apetecer, que nem as mais altas instâncias judiciárias tomam a sério essas merdas, já sem falar das individualidades que adoram ser convidadas, participar e acarinhar este meio nauseabundo.

Voltando ao caso Marega, a dimensão racial ajuda a amplificar a indignação. Ainda bem. Mas, se um treinador abandonar um jogo para não aturar mais insultos à sua mãe, será talvez e apenas um pequeno episódio, visto com mais ironia do que escândalo. No futebol é normal… mesmo a maior criminalidade ninguém leva a mal.