09 agosto 2016

Incêndios em destaque

Será impressão minha ou todos os anos os incêndios começam a sério depois de o primeiro ser notícia na comunicação social? Sem pretender ilibar, mesmo parcialmente, os verdadeiros responsáveis, especialmente da vertente criminosa, e recordando que ninguém pensa em deixar de noticiar crimes para estes não aumentarem, parece evidente que a comunicação social tem uma capacidade de “promover” comportamentos bastante visível neste caso dos incêndios. Como se pode explicar que, após um mês de Julho tão tranquilo, de um momento para o outro o país comece a arder da forma que está? Estiveram todos entretidos a ver a bola?

Para lá de pedir um pouco mais de recato à comunicação social em termos de exploração perniciosa do espetáculo e da desgraça, poder-se-ia, por maioria de razão, pedir mais preparação e prevenção a quem de direito e de função? É que isto ocorre todos os anos!

Em termos de impacto, e para lá daquelas coisas mais abstratas do meio ambiente (se ele já resiste há 30 anos, resistirá certamente até ao final da legislatura), fico a pensar nos turistas que tanto jeito nos fazem. Tão contentes estarão eles com a redução do IVA na restauração e das portagens nas autoestradas que nem se preocuparão muito com este fumozito. Recorrendo à habilidade política tão em voga ultimamente, até os poderemos tentar convencer que ajuda a proteger da radiação UV. Ou, se calhar, nem se importariam de pagar um pouquinho mais de IVA e de portagens para ver menos incêndios e assim cá voltaram e recomendarem o país aos amigos.

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