31 julho 2009

Água não ecológica




Este mundo tem uma capacidade infinita de me surpreender. Num jornal francês que me passa à frente do nariz por acaso leio que algures na Nova Zelândia uma cidade decidiu proibir a água engarrafada. Por motivos ecológicos, para reduzir as emissões de CO2. Porque gasta embalagem, porque o seu transporte tem um impacto ambiental significativo e por aí fora.

A mensagem é: tem sede e é um cidadão ambientalmente correcto? Então vá a torneira! E nem sequer é sensibilização. É proibição! Pelos vistos, muitos ecologistas aplaudem e gostariam de ver a medida alargada ... até ao infinito da idiotice.

Ora bem. Para mim beber água não corresponde apenas a satisfazer uma necessidade elementar. Beber água é muitas vezes um prazer. A água não é toda igual: tem gosto, umas mais ao meu gosto, outras menos.

E, além disso, é bem mais saudável beber água recolhida directamente de uma nascente pura e limpa do que água captada no verdete de uma barragem qualquer e que depois de passar por uns filtros e receber uns aditivos, viaja por uns tubos mais ou menos bons até às nossa torneiras.

Se querem ser fundamentalistas, proíbam antes as porcarias das bebidas doces (in english: soft-drinks). Essas sim, com água da torneira e uns pozinhos conseguiriam ser facilmente produzidas em casa, com menos impacto ecológico e, aposto, muito mais saudáveis!

Se esses toscos não sabem beber água, abstenham-se ao menos de procurar impor essa limitação ao resto do mundo...
Não invejo de quem tem
Carros, parelhas e montes
Só invejo de quem bebe
A água em todas as fontes!

28 julho 2009

As férias e o período de férias...

Alturas houve em que Agosto era o mês das férias. As empresas fechavam e pronto! Toda a gente sabia que em Agosto nada acontecia e tiravam-se férias tranquilas, penso eu, já que não apanhei essa fase. Só apanhei bastante mais tarde alguns clientes que decretavam: os nossos serviços financeiros estão fechados em Agosto e atrasa tudo um mês. Um factura vencida a 30 de Agosto será paga a 30 de Setembro!

Depois, com a pressão e o esticar, o mês reduziu para duas ou três semanas. Aí começou o problema. Não sendo os períodos necessariamente coincidentes lá vieram os protestos e o “direito” a férias a ficar em questão.

O passo seguinte foi “não fechar”. As pessoas desdobram-se e garante-se continuidade e serviços mínimos. Em teoria pode estar certo mas na prática só funciona para estruturas sobredimensionadas e para organizações em que os clientes aceitam esses serviços mínimos, o que é cada vez mais raro. Recordo-me de um cliente que sem pré-aviso encomendou na última semana de Julho um projecto complexo e que queria arrancar a sério, de imediato, porque tínhamos dito que em Agosto “não fechávamos”. Só sossegou quando sem querer, mas meio simbolicamente, dobrei e parti intempestivamente uma régua de duplo decímetro durante uma reunião. Era uma reunião de serviços mínimos em Agosto em que ele queria à viva força que respondêssemos imediatamente a tudo o que era pedido.

Assim, as férias são cada vez menos um tempo de descanso e cada vez mais uma período de enorme pressão em que para lá do habitual, nem sempre pacifico, se soma o ter que fazer o mesmo... em serviços mínimos.

Analiso e concluo que férias, mesmo férias, apenas as tive nas alturas em que mudei de empresa. Aí, efectivamente, entre o sair duma e o começar na seguinte consegui ter férias....

26 julho 2009

Empurrar com a barriga, vazia

Em tempos, ao definir as qualificações requeridas para um posto de trabalho, alguém dizia que bastando saber ler e escrever seria suficiente a “4ª classe”. Na altura acrescentei que estava de acordo, mas desde que fosse uma 4ª classe das antigas! Porque, realmente, antigamente saía-se desse nível a saber ler e escrever. Quer dizer... quase todos saiam. Alguns poucos que não conseguiam mesmo assimilar o programa mínimo lá andavam até ao limite de idade, sendo caridosamente aprovados pelos professores, desde que fosse bem claro que não iriam prosseguir os estudos. Esses professores tinham brio e vergonha de entregar gente mal preparada aos colegas seguintes.

Hoje este problema da 4ª classe multiplicou por três e passou para 12 anos. E encontrou-se uma solução chamada “novas oportunidades” para desencalhar o pessoal. Se é análogo aos que “faziam” a 4ª classe com 14 anos, apenas para poderem tirar a carta de condução, talvez se entenda. No entanto, se o 12ª ano NO é igualzinho ao normal, tirado a sério e com esforço em termos de qualificação profissional e acesso ao ensino superior, é uma enorme injustiça. Já se está a ver a malta toda a aproveitar descaradamente a oportunidade para conseguir o “mesmo” com menos trabalho.

E, por falar em ensino superior, se hoje já há quem por lá ande, simplesmente andando, concluindo uma cadeira em cada ano, como ficará quando lá chegarem os NO’s? Há uma solução: criar licenciaturas NO concluídas em 6 meses e não muito complicadas para “resolver o problema”. No final teremos muitos e muitos licenciados que se criaram e formaram no facilitismo absoluto e que ... esperarão novas facilidades.

Não sou de forma nenhuma contrário à diferenciação de curricula. Tem é que ser clarificado e assumido. A não diferenciação mata o mérito e nem vale a pena pensar sobre um país de gente formada desta forma desenrascada. Por este andar iremos ter muitos “mestres” que na realidade terão qualificações inferiores a uma 4ª classe... das antigas.

24 julho 2009

O centro



Pode estar constantemente pejado de turistas poluidores visuais e sonoros.

Pode não haver pachorra para tanto espanhol a cacarejar altíssimo pelas ruas, japoneses frenéticos e brasileiros deslumbrados.

Pode ser irritante ouvir as tias e os tios no aeroporto a desabafarem “Nem imagina como estava a Louis Vuitton hoje à tarde!!”. “Ah sim? Mas qual delas?” E discutem como grandes connaisseurs as diferenças entre os várias locais de cada marca (não é qualquer um que atinge este nível!).

Podem os parisienses serem em geral uns arrogantes de nariz empertigado.

Pode haver tudo isso e muito mais, mas quer queiramos quer não, aquela agulha representa o centro de um certo mundo.

21 julho 2009

A escrita não se dita

Não é de hoje nem de ontem. É de sempre, desde que o abecedário me chegou às mãos. Consigo ler o que está escrito sem problemas, consigo redigir o que penso com alguma facilidade, mas não consigo “ditar” em detalhe algo para outrem escrever. Nem sequer tendo eu a esferográfica ou o teclado. Sou incapaz de realizar uma redacção colectiva.
É dos momentos mais embaraçosos e deprimentes estar com uma ou várias pessoas face a uma folha de papel em branco e:
  • Então como é que se começa?
  • Humm... . como é!?!
  • Diz lá então...
E depois dos primeiros rabiscos:
  • Não, não está bem assim!
  • O que é que se acrescenta?
  • Assim?
  • É melhor ao contrário!
Um desespero!!
Mesmo pegando na folha de papel e nos comandos e pedindo silêncio, sou incapaz de escrever algo de raiz em colectivo. Se for uma pequeno ajuste ou correcção a texto existente, ainda vai; agora se for na base do rasgar a folha e começar de novo é absolutamente impossível.
A escrita ainda não escrita não se dita. É uma questão pessoal e solitária.

19 julho 2009

Uma sagrada hipocrisia....!

A gente lê e quase nem acredita...
Excerto de uma notícia publicada recentemente no DN:

"Para poder receber o sacramento do matrimónio, no qual os católicos crêem que Deus valida de forma indissolúvel a união do casal, Rita teve de provar que o mesmo gesto que fizera sete anos antes não fora válido. Que o seu primeiro casamento realizado na Igreja, com Daniel, foi nulo, porque não assentou nos ideais base do matrimónio cristão: casar para toda a vida e constituir família. Através de um tribunal eclesiástico, que analisou o caso ao longo de vários meses, ficou demonstrado que o contrato estava, à partida, viciado. Apesar de na altura ter pronunciado as mesmas palavras de amor eterno, interiormente, Rita nunca quisera assumir uma relação para sempre. Nem tão pouco desejara ter filhos
[...]
“Eu disse sempre que não queria ter filhos. Mas ele pensava que eu ia mudar de ideias", recorda Rita, advogada de 31 anos, recuando ao ano em que conheceu Daniel, o rapaz giro e bem-disposto com quem casaria após um ano de namoro. "Nem sei bem porquê. Talvez por ser nova e ter um feeling que aquilo não seria para sempre. E que, se tivesse filhos, se tornaria irreversível. O que me prendia para a vida, eu rejeitava", explica. Tinha 24 anos e uma educação religiosa, mas a vida espiritual ficara para trás, no colégio de freiras.
[...]
Antes que o ex-marido fosse notificado pelo Tribunal de Viseu, onde acabou por vir a correr o caso, Rita contou-lhe a sua intenção. "Não gostou muito da ideia, mas colaborou. No depoimento disse que para ele o casamento era para sempre. E que eu é que não o tinha respeitado", afirma, reconhecendo que as suas palavras duras até lhe foram favoráveis, pois comprovaram que a união estava viciada. Além de Daniel e Rita, foram ouvidas testemunhas que confirmaram o estado de espírito na altura do casamento: a exclusão dos filhos por parte dela e a imaturidade. Outra pessoa testemunhou a mudança radical na forma de encarar o casamento e o desejo de constituir família.

Prova disso foi o nascimento da filha, ainda antes de sair a sentença. E a vida religiosa, praticada agora com devoção. Ansiosos pela confirmação da decisão, Rita e João não casaram a 28 de Dezembro, dia da Sagrada Família, como tanto desejavam. Fizeram-no dois meses e meio depois. Com a igreja cheia e três padres no altar."

Em resumo: a mesma instituição que quase excomunga e recusa a comunhão a divorciados banais, anulou o casamento da menina, a pedido da própria, porque na altura ela era imatura e não tinha pensado a fundo no assunto. E tanto mudou que a filha do segundo casamento até nasceu antes do primeiro ser anulado...!
Questão: O resultado seria idêntico com outros protagonistas: se ela não tivesse sido criada em colégio de freiras; se o segundo marido não fosse um “católico fervoroso” e se não fossem gente de colocar três padres no altar!? Cheira-me que não e, por isso, algo está podre no reino deste crucifixo...

17 julho 2009

No meu tempo...


Testemunho antigo:

"Nascemos com a Lua aos pés, trazida em transmissões directas..."

Nos 40 anos da viagem histórica da Apolo 11, quem imaginaria que poderíamos dizer hoje aos nossos filhos e mais tarde aos nossos netos, com um toque de nostalgia:

“No meu tempo... no meu tempo... no meu tempo o homem caminhava na lua!!”

Valeu a pena? Se a nossa vida actual não seria muito diferente se o homem não tivesse chegado à Lua, a alma, essa sim, estaria mais pequena.

Dizia Gedeão que é o sonho que faz o mundo pular e avançar. Mas não basta. Para mexer mesmo a sério, é preciso mais. Sem a motivação gerada pela Guerra Fria USA/URSS, em cuja contabilidade também contavam as bandeiras científicas tecnológicas, nunca a exploração espacial teria tido o mesmo ritmo, empenho e amplitude.
Por outro lado, e mais concretamente, 8 anos antes de 1969 John Kennedy tinha definido o grande obectivo de colocar um homem na Lua antes do final da década de 60. E, sem esse objectivo claro e a grande pressão associada, a NASA teria feito o melhor possível mas não necessariamente antes do final da década.

Para terminar fica a natureza da motivação. Quando um enorme desafio é lançado, o que motiva e mobiliza vontades para atingir esse “impossível”? O chicote? O cheque? A vergonha da humilhação de falhar? O simples prazer e satisfação de cumprir? A vaidade e o orgulho pessoal ou colectivos? Tanta coisa e tão diversa que nos perdemos. O certo é que é na natureza dessa motivação que se define a qualidade de um individuo, grupo ou nação e o que realmente vale a pena valer a pena.
Foto extraída do site da Nasa

15 julho 2009

A PIC e a PAC

A PAC, política agrícola comum, é muito contestada por vários sectores. Tanto na perspectiva macroeconómica, por ser contrária à liberalização das trocas comerciais a nível mundial, como do ponto de vista macro-social por ser injusta e asfixiar o desenvolvimento dos países pobres. Os seus defensores argumentam que sem agricultura, a Europa cultural, social, económica e até mesmo paisagisticamente deixaria de ser Europa.

Deixando de lado a polémica interna sobre o desequilíbrio entre as ajudas à beterraba do Norte e às oliveiras do Sul, existe alguma base, mesmo que politicamente incorrecta, para essa argumentação. Se não houvesse agricultura e campos cultivados a Europa seria muita diferente da actual e talvez globalmente pior.

Vem isto a propósito duma possível “Política Industrial Comum”. É ainda mais difícil a sua defensa, até porque o argumento paisagístico aqui não funciona. Mas e o social? Será possível à Europa que conhecemos e queremos resistir sem indústria? Não, declaradamente não. O que estamos a ver acontecer com o encerramento de unidades industriais e o definhar desse mercado de trabalho não augura nada de bom.

Se é considerado estratégico existir auto-suficiência alimentar numa série de produtos agrícolas, não poderá haver um raciocínio análogo para alguns produtos industriais? Sim. Para mim é inquestionável que, por exemplo, a indústria automóvel nunca sairá de França, Alemanha ou Itália. De uma forma ou de outra, assumida ou dissimulada, será construída uma “PIC” para as indústrias estratégicas do ponto de vista tecnológico e/ou social.

Só resta desejar que na construção dessa PIC não se repita a história das beterrabas e das oliveiras. Os países do Sul não têm construtores automóveis mas também necessitarão de uma PIC para os seus pilares industriais.

14 julho 2009

Apenas curiosidade...

Todos se devem recordar do vendaval que correu meio mundo após a publicação de umas simples caricaturas, embaixadas assaltadas e tudo o mais. E também da enorme onda de solidariedade com as vítimas da ofensiva Israelita em Gaza.

A agora, na China? Foram esmagadas e assassinadas umas centenas de pessoas de uma minoria... muçulmana. E por muito pouco que se saiba em detalhe, há declaradamente um conflito cultural, sendo que as vitimas são... muçulmanas.

Esta opressão chinesa será “culturalmente” mais tolerável do que as caricaturas dinamarquesas?

10 julho 2009

Quando a mamã voltar...


Aquele coitado, que a luz da tarde avançada mal deixa ver, ficou tresmalhado de uma ninhada que passou clandestina pelo meu jardim. Por falsa manobra dele ou por simples azar, não partiu com o resto dos irmãos. Ficou trancado nos meus arrumos durante 3 dias sem comer nem beber. Quando ouvi o miar ontem à noite e o libertei, desapareceu, ignorando a comida que lhe ofereci.

Durante toda a noite miou chamando pela mãe. Hoje de manhã estava encostado a um canto com aspecto de não se mexer mais. Poucos seres têm tanta dignidade, mesmo e especialmente antes de morrerem, como os gatos.

Agora, à tarde, tinha tomado o leite que lhe deixei e já se mexia, escondendo-se de mim. À entrada da noite apanhei-o no limite da luz. Já quase não tem voz para miar mas insiste e continua fixamente olhando para todo o lado, esperando que a mamã há-de chegar.

09 julho 2009

A fome no mundo

Num apontamento à margem da cimeira do G8, ouvi um representante duma ONG, nem sei qual, ser entrevistado e explicar estar ali para recordar ao mundo desenvolvido que há fome no mundo, muita desgraça e por aí fora...

O que eu digo a seguir, é assunto delicado a manipular com pinças, senão lá vêm os complexos, as susceptibilidades e as acusações de neocolonialismo, mas uma coisa precisa de ser clarificada: Uma grandessíssima e enorme parte da responsabilidade por essa fome não está, meus senhores, no mundo ocidental. Excluindo umas honrosas excepções como, por exemplo, Cabo Verde, o problema está precisamente nos países dos famintos onde uma mistura de incompetência, corrupção, nepotismo e outras carências culturais fazem com que as riquezas próprias e as recebidas não sejam aplicadas como deveriam ser no desenvolvimento económico e social das suas populações, mas sim noutras coisas consideradas prioritárias. Esses governantes estão-se solenemente borrifando para a fome actual e futura dos seus concidadãos. No limite pode simplesmente dar jeito para pedir dinheiro “aos ricos”. E, disso, o mundo ocidental, tem, quando muito, uma responsabilidade secundária.
Como se resolve, não sei. Mudar atitudes culturais é danado. Convencer o Sr Mugabe que a sua faustosa festinha de anos foi escandalosa, e só falando assim de coisas visíveis, não deve ser fácil. No entanto, a grande responsabilidade deve endereçada a quem o é e está na primeira linha.

08 julho 2009

Mais um na choldra

Li numa entrevista recente que o Sr Miguel Sousa Tavares está a pensar seriamente em abandonar este país corrupto, decrépito e resignado para se instalar no jovem e pujante Brasil. Faz-me um pouco lembrar os “vencidos da vida” e a história da “choldra”.

Bom, antes de mais, o paralelo fica por aí porque se este senhor publica livros com muito sucesso não é um escritor ao nível dos “vencidos” do século XIX. De qualquer forma, o objectivo não é discutir méritos literários e muito menos comparar o padrão cívico brasileiro com o nosso.

Eu acho que, no fundo, o sr Miguel Sousa Tavares está é vencido por si próprio. Vejamos. Por muitos defeitos que tenha, Portugal não é um país asfixiante. Se o senhor não se vê como possível exemplar "governador" ou simples presidente de uma câmara, poderia sempre, recursos não lhe faltam, promover algo ele próprio. Escreve-se mal, há falta de formação cívica, há deficiências no jornalismo? Não me parece difícil encontrar um campo em que o senhor pudesse aplicar o seu esforço para fazer evoluir o país. E, em caso de sucesso, seguramente que o seu ego ficaria maior do que o enorme Brasil.

Mas não. É mais fácil invocar a “choldra”, mesmo sem usar a palavra específica, e partir. E neste caso, a partida é fundamentalmente uma desistência.

04 julho 2009

A gente ri-se muito na nossa terra!



Uma antiga rábula do Raul Solnado andava à volta desta frase, ilustrando um sentido de humor boçal e descabido. Lembrei-me dessa frase ao ver excertos da famosa quinta feira passada no parlamento: aquela gente ri-se muito naquela sala! Não, não se pretende que não tenham espírito e que ostentem cara de velório, podiam apenas lembrar-se de que demasiado riso é sinónimo de pouco siso.

As bocas, os apartes e o eclodir das gargalhadas fazem um ambiente mais próximo do de uma tasca de Ranholas City, em que a toda gente é muito engraçada e ri-se muito, e muito afastado dum mínimo de dignidade que uma suprema instituição democrática deveria ostentar. Os “mimos” e as graçolas descambam facilmente em insulto e o famoso e desgraçado gesto de Manuel Pinho foi apenas um passo a mais num contexto que miseravelmente o proporcionava.

Só falta mesmo um destes dias arregaçarem as mangas e desafiarem: “se quer alguma coisa e é homem, vamos lá para fora, para não partir a louça cá dentro”. Pois. Mas não me parece. Não me parece porque lá fora está o mundo que aqueles senhores supostamente representam e, se prestassem atenção ao que se passa cá fora, talvez gracejassem e gargalhassem menos.