04 julho 2009

A gente ri-se muito na nossa terra!



Uma antiga rábula do Raul Solnado andava à volta desta frase, ilustrando um sentido de humor boçal e descabido. Lembrei-me dessa frase ao ver excertos da famosa quinta feira passada no parlamento: aquela gente ri-se muito naquela sala! Não, não se pretende que não tenham espírito e que ostentem cara de velório, podiam apenas lembrar-se de que demasiado riso é sinónimo de pouco siso.

As bocas, os apartes e o eclodir das gargalhadas fazem um ambiente mais próximo do de uma tasca de Ranholas City, em que a toda gente é muito engraçada e ri-se muito, e muito afastado dum mínimo de dignidade que uma suprema instituição democrática deveria ostentar. Os “mimos” e as graçolas descambam facilmente em insulto e o famoso e desgraçado gesto de Manuel Pinho foi apenas um passo a mais num contexto que miseravelmente o proporcionava.

Só falta mesmo um destes dias arregaçarem as mangas e desafiarem: “se quer alguma coisa e é homem, vamos lá para fora, para não partir a louça cá dentro”. Pois. Mas não me parece. Não me parece porque lá fora está o mundo que aqueles senhores supostamente representam e, se prestassem atenção ao que se passa cá fora, talvez gracejassem e gargalhassem menos.

Sem comentários: