15 julho 2009

A PIC e a PAC

A PAC, política agrícola comum, é muito contestada por vários sectores. Tanto na perspectiva macroeconómica, por ser contrária à liberalização das trocas comerciais a nível mundial, como do ponto de vista macro-social por ser injusta e asfixiar o desenvolvimento dos países pobres. Os seus defensores argumentam que sem agricultura, a Europa cultural, social, económica e até mesmo paisagisticamente deixaria de ser Europa.

Deixando de lado a polémica interna sobre o desequilíbrio entre as ajudas à beterraba do Norte e às oliveiras do Sul, existe alguma base, mesmo que politicamente incorrecta, para essa argumentação. Se não houvesse agricultura e campos cultivados a Europa seria muita diferente da actual e talvez globalmente pior.

Vem isto a propósito duma possível “Política Industrial Comum”. É ainda mais difícil a sua defensa, até porque o argumento paisagístico aqui não funciona. Mas e o social? Será possível à Europa que conhecemos e queremos resistir sem indústria? Não, declaradamente não. O que estamos a ver acontecer com o encerramento de unidades industriais e o definhar desse mercado de trabalho não augura nada de bom.

Se é considerado estratégico existir auto-suficiência alimentar numa série de produtos agrícolas, não poderá haver um raciocínio análogo para alguns produtos industriais? Sim. Para mim é inquestionável que, por exemplo, a indústria automóvel nunca sairá de França, Alemanha ou Itália. De uma forma ou de outra, assumida ou dissimulada, será construída uma “PIC” para as indústrias estratégicas do ponto de vista tecnológico e/ou social.

Só resta desejar que na construção dessa PIC não se repita a história das beterrabas e das oliveiras. Os países do Sul não têm construtores automóveis mas também necessitarão de uma PIC para os seus pilares industriais.

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