Glosa (do grego “glossa” – língua): Interpretação de um texto obscuro; anotação; comentário à margem // Crua: Que está por cozer, curtir, corar; no estado natural; que não está maduro
17 março 2014
14 março 2014
A última vítima do 11 de Março
Um amigo espanhol mais de esquerdas do que de direitas chamava ao jornal “El Mundo” o “Imundo”, tal era a falta de isenção e arrogância quando se tratava de defender a outra Espanha, a conservadora. Ao ler agora algumas notícias e análises evocativas dos 10 anos dos atentados de Madrid de 11 de Março, descobri algo pior do que imaginava.
Os atentados ocorreram 3 dias antes das eleições legislativas e ao PP no poder dava jeito que tivesse sido a ETA. Afirma o juiz Baltasar Garzon que La Moncloa (sede do governo) deu instruções para ser afirmado que a organização basca era a autora dos atentados. Numa altura em que ainda não se tinham contado as vítimas e em que a própria polícia não encontrava a assinatura da ETA nos indícios, já Aznar sabia e decretava quem era responsável.
A teoria da ETA não pegou e em grande parte devido a essa atitude vergonhosa o PP perdeu as eleições. Foi um choque brutal para o seu orgulho. Rodolfo Ruiz era comissário da polícia em Vallecas, um dos locais em que explodiram as bombas. Entre o material recolhido pela sua equipa estava uma mochila com uma bomba por explodir, cuja investigação foi determinante para chegar aos autores dos atentados e definitivamente excluir a ETA. Para o PP esta mochila foi fatal e melhor seria ela não ter aparecido… e… se tivesse sido uma manipulação? É uma mochila maldita e todas as suspeições e insinuações são possíveis e permitidas sobre o comportamento do polícia responsável pela sua existência.
Uns anos mais tarde, o mesmo polícia interpela dois militantes do PP que numa manifestação de direita tentam (aparentemente) agredir um ministro socialista. Não faltou mais nada para ser declarado inimigo mor do PP. É julgado por essa interpelação, é condenado e posteriormente absolvido pelo Supremo. Em paralelo é vítima de uma campanha violentíssima de insultos e difamação por parte do “Imundo” e da hierarquia religiosa, chegando a ser até acusado de ter colaborado com os terroristas.
Ele quebra psicologicamente e a mulher assume a defesa da honra e da imagem do marido e da família. É uma luta perdida. Os “conspiranóicos”, como ficaram conhecidos pelo outro lado, não têm nada a corrigir nem a desculpar. Ela fica arrasada também e acaba por se suicidar. Foi mais uma vítima do 11-M e, sobretudo, duma certa Espanha arrogante, facciosa e sem valores. Não é toda assim, evidentemente, mas penso que em poucos países do mundo civilizado isto poderia, a estes níveis, ter chegado a este ponto.
Os atentados ocorreram 3 dias antes das eleições legislativas e ao PP no poder dava jeito que tivesse sido a ETA. Afirma o juiz Baltasar Garzon que La Moncloa (sede do governo) deu instruções para ser afirmado que a organização basca era a autora dos atentados. Numa altura em que ainda não se tinham contado as vítimas e em que a própria polícia não encontrava a assinatura da ETA nos indícios, já Aznar sabia e decretava quem era responsável.
A teoria da ETA não pegou e em grande parte devido a essa atitude vergonhosa o PP perdeu as eleições. Foi um choque brutal para o seu orgulho. Rodolfo Ruiz era comissário da polícia em Vallecas, um dos locais em que explodiram as bombas. Entre o material recolhido pela sua equipa estava uma mochila com uma bomba por explodir, cuja investigação foi determinante para chegar aos autores dos atentados e definitivamente excluir a ETA. Para o PP esta mochila foi fatal e melhor seria ela não ter aparecido… e… se tivesse sido uma manipulação? É uma mochila maldita e todas as suspeições e insinuações são possíveis e permitidas sobre o comportamento do polícia responsável pela sua existência.
Uns anos mais tarde, o mesmo polícia interpela dois militantes do PP que numa manifestação de direita tentam (aparentemente) agredir um ministro socialista. Não faltou mais nada para ser declarado inimigo mor do PP. É julgado por essa interpelação, é condenado e posteriormente absolvido pelo Supremo. Em paralelo é vítima de uma campanha violentíssima de insultos e difamação por parte do “Imundo” e da hierarquia religiosa, chegando a ser até acusado de ter colaborado com os terroristas.
Ele quebra psicologicamente e a mulher assume a defesa da honra e da imagem do marido e da família. É uma luta perdida. Os “conspiranóicos”, como ficaram conhecidos pelo outro lado, não têm nada a corrigir nem a desculpar. Ela fica arrasada também e acaba por se suicidar. Foi mais uma vítima do 11-M e, sobretudo, duma certa Espanha arrogante, facciosa e sem valores. Não é toda assim, evidentemente, mas penso que em poucos países do mundo civilizado isto poderia, a estes níveis, ter chegado a este ponto.
11 março 2014
O homem das botas
O que está a acontecer na Ucrânia é complexo e não é fácil saber e comentar o que se passa nas suas ruas e praças a muitos milhares de quilómetros de distância. Agora, a visão e a acção da Rússia sobre o tema é manifesta e tristemente clara. Se quem habita a Crimeia não se identifica com o novo regime de Kiev e se quer autonomizar, tem o mesmo direito a questioná-lo como a Catalunha ou a Escócia e isso aconteceria naturalmente no seu tempo depois de a poeira assentar. Não seria necessário ir a correr tratar do assunto e muito menos com botas militares nas ruas e praças. O argumento de que a intervenção militar potencial ou camuflada se justifica pela necessidade de proteger os seus é tristemente comum a outras histórias trágicas e, como nesses casos, pateticamente falsa. Aliás, nessa perspectiva, as autoridades russas deveriam estar muito preocupadas com aquelas botas anónimas que por lá andam e que supostamente “ninguém” sabe a quem reportam e quem os comanda. Isso sim, parece-me muito perigoso!
Diz-se que há uma parte da Ucrânia que se quer aproximar da Rússia e outra parte da Europa. Não sei se é bem assim. Que exista uma parte que se queira afastar da Rússia e das suas botas parece-me muito plausível e extremamente compreensível.
Diz-se que há uma parte da Ucrânia que se quer aproximar da Rússia e outra parte da Europa. Não sei se é bem assim. Que exista uma parte que se queira afastar da Rússia e das suas botas parece-me muito plausível e extremamente compreensível.
07 março 2014
06 março 2014
Necessidade básica
O acesso à internet tornou-se um serviço básico. Muito para lá da utilização social, é uma fonte de acesso a informação e, cada vez mais, suporte de ligação entre os cidadãos e diversos serviços e entidades. Não ter internet é algo de muito limitativo, fonte de exclusão e, no mínimo, de enorme perda de tempo.
Fará sentido que um pacote básico, que por norma obriga a incluir televisão e telefone fixo, fique sempre próximo dos 40 Eur/mês? Que possa ser de 25 Eur mas apenas em locais onde um outro operador consegue criar concorrência? E estará correcto que apareçam em letras gordas as condições para os primeiros 6 meses quando os contractos incluem uma fidelização de 24 meses? E se os operadores instalados podem fazer um preço de 25 Eur, mas apenas para evitar que o cliente fuja, que se pode concluir? Esses 25 Eur são sustentáveis para o serviço em causa ou estão abaixo do custo? Em ambos os casos há algo a investigar e a corrigir.
40 Eur são quase 10% do salário mínimo nacional! É demasiado e injustificado. O serviço em causa devia ser objecto de algum controlo e regulação e não ficar assim à mercê destas tácticas comerciais que quando se trata de capturar clientes são mais voláteis do que preço de cobertor em feira para se tornam impiedosas e inflexíveis depois de a presa estar “fidelizada”.
Fará sentido que um pacote básico, que por norma obriga a incluir televisão e telefone fixo, fique sempre próximo dos 40 Eur/mês? Que possa ser de 25 Eur mas apenas em locais onde um outro operador consegue criar concorrência? E estará correcto que apareçam em letras gordas as condições para os primeiros 6 meses quando os contractos incluem uma fidelização de 24 meses? E se os operadores instalados podem fazer um preço de 25 Eur, mas apenas para evitar que o cliente fuja, que se pode concluir? Esses 25 Eur são sustentáveis para o serviço em causa ou estão abaixo do custo? Em ambos os casos há algo a investigar e a corrigir.
40 Eur são quase 10% do salário mínimo nacional! É demasiado e injustificado. O serviço em causa devia ser objecto de algum controlo e regulação e não ficar assim à mercê destas tácticas comerciais que quando se trata de capturar clientes são mais voláteis do que preço de cobertor em feira para se tornam impiedosas e inflexíveis depois de a presa estar “fidelizada”.
01 março 2014
Uma saída suja
Muito se tem filosofado e especulado sobre o cenário pós-troika, entre a saída limpa e o programa cautelar. No entanto, isso não é o mais importante. O fundamental é reconhecermos que continuarão a ser necessários cortes e dever-se-ia discutir, isso sim, quais a manter e quais a rever. A menos que o fim da tutela da troika seja, na visão de alguns, uma licença para gastar e depois logo se verá.
Saída limpa significa ficarmos sem tutela e dependentes dos tais malvados “mercados” que nos podem emprestar ou não e com condições que dependerão dos seus humores e da sua perspectiva sobre o país. Com um programa cautelar teríamos a manutenção de algum tipo de tutela e ao mesmo tempo alguma protecção contra os malditos capitalistas. No meu ponto de vista, o balanço entre um e outro cenário depende da qualidade de quem nos governa e da sua capacidade de inspirar confiança, fazendo o necessário e o justo.
Neste contexto há duas notícias recentes pouco abonatórias. Uma é mais um episódio do caso dos submarinos, a caminho da submersão judicial final do problema, com as satisfações visíveis nas caras onde deveria estar vergonha. A outra é o recente ressuscitar de Miguel Relvas para o topo do aparelho do PSD. Por tudo o que foi e o que é esta figura, dispensando comentários detalhados, Passos Coelho está a escolher um caminho com muitas nódoas.
Saída limpa significa ficarmos sem tutela e dependentes dos tais malvados “mercados” que nos podem emprestar ou não e com condições que dependerão dos seus humores e da sua perspectiva sobre o país. Com um programa cautelar teríamos a manutenção de algum tipo de tutela e ao mesmo tempo alguma protecção contra os malditos capitalistas. No meu ponto de vista, o balanço entre um e outro cenário depende da qualidade de quem nos governa e da sua capacidade de inspirar confiança, fazendo o necessário e o justo.
Neste contexto há duas notícias recentes pouco abonatórias. Uma é mais um episódio do caso dos submarinos, a caminho da submersão judicial final do problema, com as satisfações visíveis nas caras onde deveria estar vergonha. A outra é o recente ressuscitar de Miguel Relvas para o topo do aparelho do PSD. Por tudo o que foi e o que é esta figura, dispensando comentários detalhados, Passos Coelho está a escolher um caminho com muitas nódoas.
24 fevereiro 2014
23 fevereiro 2014
CPLP e Guiné Equatorial
Não consigo entender o discurso de “virgem ofendida” que se vê por aí a propósito da adesão da Guiné Equatorial à CPLP. Acho bem que tenha aderido e não estou a colocar à frente o interesse pragmático de ser um país rico, nem sequer o argumento de que se fosse pouco democrático mas pobre, certamente haveria mais compreensão. Também não vou usar o argumento de que às equivalentes Organização da Francofonia e Commenwealth não faltarão largos motivos de vergonha.
Será que todos os países de regime não completamente sãos devem ser expulsos da ONU, por exemplo? Acho que não. A história mostra que os “problemas” não devem ser excluídos, mas pelo contrário, integrados no “concerto das nações”. É uma forma de os pressionar e de os fazer evoluir. Chegar, apenas isso não chega, mas é certamente melhor do que ficarem isolados. Se há um país que quer integrar a CPLP e há um mínimo de enquadramento cultural e histórico para isso (não estamos a falar do Nepal) isso só pode ser um motivo de valorização da língua de Pessoa. Se, por exemplo, com isso se consegue uma moratória à aplicação da pena de morte, que há de negativo neste facto?
Bem ou mal este mundo é só um e não podemos pretender estarmos entre uma elite restrita que ignora quem quer. As organizações internacionais são um fórum de pressão que pode permitir que o mundo se torne melhor, e para todos os que nele habitam
19 fevereiro 2014
17 fevereiro 2014
Pequeno Cavaquinho, Grande Júlio
Júlio Pereira fez mais pela promoção dos instrumentos e da música tradicional portuguesa do que incontáveis museus e ministros todos juntos. Acredito que quando um dia mais tarde se escrever a história dos cordofones tradicionais portugueses haverá um antes e um depois dos trabalhos de Júlio Pereira, nomeadamente do Cavaquinho, da Braguesa e do Bandolim. Felizmente o seu trabalho não acabou e o álbum “cavaquinho.pt”, mais o projecto a ele associado, são uma boa notícia. É também de saudar o esforço de promoção feito, esperando que lhe dê uma visibilidade e uma divulgação que o anterior, e excelente, “Geografias” (aqui comentado) infelizmente não teve.
O problema das expectativas criadas antecipadamente é sempre o risco de serem sobreavaliadas e sobre este disco mais o seu livrinho o meu resumo é o seguinte. A introdução de Salwa Castelo-Branco é inócua. Tenta ser simpática mas é um desfilar de lugares comuns e de elogios básicos que o artista dispensaria. O texto documento sobre a história do instrumento e dos seus herdeiros não traz novidades espectaculares, mas tem o grande mérito de sistematizar e documentar o que se diz e o que se sabe.
Quantos aos temas gravados, confesso que não me “entraram” à primeira. Não fazem esquecer a exuberância do “cavaquinho” original, nem tão pouco a viagem do “Cádoi”. Dentro do seu registo, também não superam o “Fado” do “Acústico”. Mas está bem feito e ouve-se bem.
No livro que o acompanha há um capítulo final com uma série de considerações e reflexões sobre tradição e contemporaneidade e para mim é assim simples: o contemporâneo é algo que existe/existiu num dado tempo, bem definido, e que fica datado e associado a esse momento; a tradição não tem um tempo específico. Pode nem sequer ter um momento claro de nascimento e ser fruto de um processo evolutivo, mas, lá no fundo, tem algo que a identifica, com a qual nos identificamos, e que atravessa os tempos. Em oposição ao “com-tempo”, a tradição é um “sem-tempo”.
Em resumo, e como o mais importante, “cavaquinho.pt” é um trabalho bem feito, feito em boa hora e que certamente irá subsistir para lá dessa hora.
O problema das expectativas criadas antecipadamente é sempre o risco de serem sobreavaliadas e sobre este disco mais o seu livrinho o meu resumo é o seguinte. A introdução de Salwa Castelo-Branco é inócua. Tenta ser simpática mas é um desfilar de lugares comuns e de elogios básicos que o artista dispensaria. O texto documento sobre a história do instrumento e dos seus herdeiros não traz novidades espectaculares, mas tem o grande mérito de sistematizar e documentar o que se diz e o que se sabe.
Quantos aos temas gravados, confesso que não me “entraram” à primeira. Não fazem esquecer a exuberância do “cavaquinho” original, nem tão pouco a viagem do “Cádoi”. Dentro do seu registo, também não superam o “Fado” do “Acústico”. Mas está bem feito e ouve-se bem.
No livro que o acompanha há um capítulo final com uma série de considerações e reflexões sobre tradição e contemporaneidade e para mim é assim simples: o contemporâneo é algo que existe/existiu num dado tempo, bem definido, e que fica datado e associado a esse momento; a tradição não tem um tempo específico. Pode nem sequer ter um momento claro de nascimento e ser fruto de um processo evolutivo, mas, lá no fundo, tem algo que a identifica, com a qual nos identificamos, e que atravessa os tempos. Em oposição ao “com-tempo”, a tradição é um “sem-tempo”.
Em resumo, e como o mais importante, “cavaquinho.pt” é um trabalho bem feito, feito em boa hora e que certamente irá subsistir para lá dessa hora.
11 fevereiro 2014
O comboio e a bicicleta
Costumo pedalar pelo Alto Minho e lembrei-me de diversificar o meu ponto de partida ou de chegada utilizando o comboio. Fui informar-me e descobri o seguinte que o “material” actualmente utilizado na Linha do Minho não aceita bicicletas! Então a promoção da vida saudável, a utilização da bicicleta associada ao comboio tanto para o lazer como para as deslocações quotidianas é inviável por aqui? O site da CP até diz com grande destaque: “O Transporte de Bicicletas nos comboios Urbanos e Regionais é gratuito. É ecológico, é saudável e não custa.” Acrescenta mais abaixo em letra pequenina: “Devido às características do material circulante que efectua o serviço Regional nas linhas do Minho e Douro, não é autorizado o transporte de bicicletas”. Posso entender que o material não ajude, mas não seria possível algum tipo de adaptação?
Entretanto, em Abril 2013 a Assembleia da República recomendou ao Governo “a criação de condições para o transporte de bicicletas na CP – Comboios de Portugal” e “a continuação dos esforços de alargamento do transporte de bicicletas aos comboios Intercidades e, se tecnicamente possível, também ao Alfa Pendular”. Acho engraçada esta coisa da AR fazer recomendações e, como bons urbanos que são e concentrados nas grandes urbes, pensarem especialmente no Alfa…
Há muitas antigas linhas de comboio onde se retiraram os carris e em que agora circulam bicicletas. Nalguns casos a viabilidade económica mínima da linha seria mesmo inalcançável, mas fica a sensação de que não há grande esforço para a procurar. Vejo passar as composições entre Viana e Caminha pouco mais do que vazias e, pronto, é assim mesmo. Podem circular praticamente vazias que não faz mal, mas ciclistas lá dentro é que não pode ser! Talvez um dia os ciclistas venham a circular pela linha desactivada… por mera fatalidade do destino.
Entretanto, em Abril 2013 a Assembleia da República recomendou ao Governo “a criação de condições para o transporte de bicicletas na CP – Comboios de Portugal” e “a continuação dos esforços de alargamento do transporte de bicicletas aos comboios Intercidades e, se tecnicamente possível, também ao Alfa Pendular”. Acho engraçada esta coisa da AR fazer recomendações e, como bons urbanos que são e concentrados nas grandes urbes, pensarem especialmente no Alfa…
Há muitas antigas linhas de comboio onde se retiraram os carris e em que agora circulam bicicletas. Nalguns casos a viabilidade económica mínima da linha seria mesmo inalcançável, mas fica a sensação de que não há grande esforço para a procurar. Vejo passar as composições entre Viana e Caminha pouco mais do que vazias e, pronto, é assim mesmo. Podem circular praticamente vazias que não faz mal, mas ciclistas lá dentro é que não pode ser! Talvez um dia os ciclistas venham a circular pela linha desactivada… por mera fatalidade do destino.
10 fevereiro 2014
09 fevereiro 2014
07 fevereiro 2014
As fronteiras da Justiça
Um juiz espanhol lançou um mandato de captura internacional contra uma série de altos dirigentes chineses do início da década de 90, incluindo o presidente e o primeiro-ministro da época, pelos acontecimentos no Tibete. A China não gostou, certamente, e, por coincidência ou não, o Parlamento espanhol vai a correr votar uma lei que limitará a jurisdição internacional do seu sistema de justiça.
Isto faz lembrar um pouco a história recente de Portugal-Angola, com a investigação a alguns altos dirigentes africanos. Foi um pouco diferente por os supostos crimes terem ocorrido mesmo em Portugal e não haver polémica sobre a tal abrangência internacional. Diferente também foi termos visto um ministro a comunicar e a antecipar publicamente as conclusões do processo e a decisão judicial estar plena de considerações políticas e diplomáticas…
Recordo ainda o caso da venda de equipamento militar do Reino Unido à Arábia Saudita em que uma investigação em curso teve que ser abandonada, dado os potenciais danos que a ira dos árabes poderia provocar. As razões invocadas foram “interesse público” e “segurança nacional”.
O que há de comum nestes três casos, é termos um país com um sistema de justiça supostamente independente que investiga algo relacionado com poderosos de um país terceiro, que este não aceita e em que as ameaças de retaliação fazem a justiça supostamente independente encontrar um caminho de recuo.
Pragmaticamente sempre foi assim, e provavelmente sempre assim será. Será que faz sentido ir até ao fim com estes processos, isolando um mundo da justiça cega para todos de outro mundo de valores relativizados. E o mundo da justiça cega, certamente empobrecido, conseguirá sobreviver ou acabará, de um forma ou de outra, comprado? Vale a pena pensar na expressão “pobres mas honrados”?
Isto faz lembrar um pouco a história recente de Portugal-Angola, com a investigação a alguns altos dirigentes africanos. Foi um pouco diferente por os supostos crimes terem ocorrido mesmo em Portugal e não haver polémica sobre a tal abrangência internacional. Diferente também foi termos visto um ministro a comunicar e a antecipar publicamente as conclusões do processo e a decisão judicial estar plena de considerações políticas e diplomáticas…
Recordo ainda o caso da venda de equipamento militar do Reino Unido à Arábia Saudita em que uma investigação em curso teve que ser abandonada, dado os potenciais danos que a ira dos árabes poderia provocar. As razões invocadas foram “interesse público” e “segurança nacional”.
O que há de comum nestes três casos, é termos um país com um sistema de justiça supostamente independente que investiga algo relacionado com poderosos de um país terceiro, que este não aceita e em que as ameaças de retaliação fazem a justiça supostamente independente encontrar um caminho de recuo.
Pragmaticamente sempre foi assim, e provavelmente sempre assim será. Será que faz sentido ir até ao fim com estes processos, isolando um mundo da justiça cega para todos de outro mundo de valores relativizados. E o mundo da justiça cega, certamente empobrecido, conseguirá sobreviver ou acabará, de um forma ou de outra, comprado? Vale a pena pensar na expressão “pobres mas honrados”?
05 fevereiro 2014
Pensei que ele fosse mais inteligente
Supostamente Miguel Sousa Tavares não será limitado intelectualmente mas, por vezes, tem umas tiradas pretensamente superiores a todos os outros seres banais e limitados e que deixam muito a dever, no mínimo, ao discernimento. Sobre o 10º aniversário do Facebook diz ele que o odeia (é livre de o fazer…) e que por não estar lá fica a ganhar em privacidade e tempo. Aí, não me parece que estar no FB tenha um compromisso implícito de perda de tempo ou de privacidade, cada qual o usa e lhe dedica o tempo que entender.
Depois diz que não adere às “desculpas” usadas. Não precisa do FB para divulgar o seu trabalho (bom para ele…!) e que não tem interesse em encontrar os colegas da primária (ainda bem … para os colegas?). No fundo, desculpas desmontadas, aquilo é apenas uma agência de namoros, conclui o senhor.
Como muita coisa (ou tudo) que temos à nossa disposição, a forma como o usamos é que é determinante. Se eu vir passar uns totós de carro, com as janelas abertas e o volume da musica no máximo, poderei afirmar com grande pompa e arrogância que música no carro apenas serve para exibicionismos parvos, atitude com a qual eu não me identifico e por isso não tenho e estou muito contente por não a ter? Poder posso dizer, mas não abona muito a favor da minha inteligência mas uma coisa assim foi o que este senhor fez.
PS: Uma boa parte dos textos que aqui publico são enviados para o jornal “Público”, para secção das “Cartas ao Director” e alguns lá vão aparecendo publicados. Este nem merece o envio.
Depois diz que não adere às “desculpas” usadas. Não precisa do FB para divulgar o seu trabalho (bom para ele…!) e que não tem interesse em encontrar os colegas da primária (ainda bem … para os colegas?). No fundo, desculpas desmontadas, aquilo é apenas uma agência de namoros, conclui o senhor.
Como muita coisa (ou tudo) que temos à nossa disposição, a forma como o usamos é que é determinante. Se eu vir passar uns totós de carro, com as janelas abertas e o volume da musica no máximo, poderei afirmar com grande pompa e arrogância que música no carro apenas serve para exibicionismos parvos, atitude com a qual eu não me identifico e por isso não tenho e estou muito contente por não a ter? Poder posso dizer, mas não abona muito a favor da minha inteligência mas uma coisa assim foi o que este senhor fez.
PS: Uma boa parte dos textos que aqui publico são enviados para o jornal “Público”, para secção das “Cartas ao Director” e alguns lá vão aparecendo publicados. Este nem merece o envio.
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