Júlio Pereira fez mais pela promoção dos instrumentos e da música tradicional portuguesa do que incontáveis museus e ministros todos juntos. Acredito que quando um dia mais tarde se escrever a história dos cordofones tradicionais portugueses haverá um antes e um depois dos trabalhos de Júlio Pereira, nomeadamente do Cavaquinho, da Braguesa e do Bandolim. Felizmente o seu trabalho não acabou e o álbum “cavaquinho.pt”, mais o projecto a ele associado, são uma boa notícia. É também de saudar o esforço de promoção feito, esperando que lhe dê uma visibilidade e uma divulgação que o anterior, e excelente, “Geografias” (aqui comentado) infelizmente não teve.
O problema das expectativas criadas antecipadamente é sempre o risco de serem sobreavaliadas e sobre este disco mais o seu livrinho o meu resumo é o seguinte. A introdução de Salwa Castelo-Branco é inócua. Tenta ser simpática mas é um desfilar de lugares comuns e de elogios básicos que o artista dispensaria. O texto documento sobre a história do instrumento e dos seus herdeiros não traz novidades espectaculares, mas tem o grande mérito de sistematizar e documentar o que se diz e o que se sabe.
Quantos aos temas gravados, confesso que não me “entraram” à primeira. Não fazem esquecer a exuberância do “cavaquinho” original, nem tão pouco a viagem do “Cádoi”. Dentro do seu registo, também não superam o “Fado” do “Acústico”. Mas está bem feito e ouve-se bem.
No livro que o acompanha há um capítulo final com uma série de considerações e reflexões sobre tradição e contemporaneidade e para mim é assim simples: o contemporâneo é algo que existe/existiu num dado tempo, bem definido, e que fica datado e associado a esse momento; a tradição não tem um tempo específico. Pode nem sequer ter um momento claro de nascimento e ser fruto de um processo evolutivo, mas, lá no fundo, tem algo que a identifica, com a qual nos identificamos, e que atravessa os tempos. Em oposição ao “com-tempo”, a tradição é um “sem-tempo”.
Em resumo, e como o mais importante, “cavaquinho.pt” é um trabalho bem feito, feito em boa hora e que certamente irá subsistir para lá dessa hora.
O problema das expectativas criadas antecipadamente é sempre o risco de serem sobreavaliadas e sobre este disco mais o seu livrinho o meu resumo é o seguinte. A introdução de Salwa Castelo-Branco é inócua. Tenta ser simpática mas é um desfilar de lugares comuns e de elogios básicos que o artista dispensaria. O texto documento sobre a história do instrumento e dos seus herdeiros não traz novidades espectaculares, mas tem o grande mérito de sistematizar e documentar o que se diz e o que se sabe.
Quantos aos temas gravados, confesso que não me “entraram” à primeira. Não fazem esquecer a exuberância do “cavaquinho” original, nem tão pouco a viagem do “Cádoi”. Dentro do seu registo, também não superam o “Fado” do “Acústico”. Mas está bem feito e ouve-se bem.
No livro que o acompanha há um capítulo final com uma série de considerações e reflexões sobre tradição e contemporaneidade e para mim é assim simples: o contemporâneo é algo que existe/existiu num dado tempo, bem definido, e que fica datado e associado a esse momento; a tradição não tem um tempo específico. Pode nem sequer ter um momento claro de nascimento e ser fruto de um processo evolutivo, mas, lá no fundo, tem algo que a identifica, com a qual nos identificamos, e que atravessa os tempos. Em oposição ao “com-tempo”, a tradição é um “sem-tempo”.
Em resumo, e como o mais importante, “cavaquinho.pt” é um trabalho bem feito, feito em boa hora e que certamente irá subsistir para lá dessa hora.
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