11 março 2014

O homem das botas

O que está a acontecer na Ucrânia é complexo e não é fácil saber e comentar o que se passa nas suas ruas e praças a muitos milhares de quilómetros de distância. Agora, a visão e a acção da Rússia sobre o tema é manifesta e tristemente clara. Se quem habita a Crimeia não se identifica com o novo regime de Kiev e se quer autonomizar, tem o mesmo direito a questioná-lo como a Catalunha ou a Escócia e isso aconteceria naturalmente no seu tempo depois de a poeira assentar. Não seria necessário ir a correr tratar do assunto e muito menos com botas militares nas ruas e praças. O argumento de que a intervenção militar potencial ou camuflada se justifica pela necessidade de proteger os seus é tristemente comum a outras histórias trágicas e, como nesses casos, pateticamente falsa. Aliás, nessa perspectiva, as autoridades russas deveriam estar muito preocupadas com aquelas botas anónimas que por lá andam e que supostamente “ninguém” sabe a quem reportam e quem os comanda. Isso sim, parece-me muito perigoso!

Diz-se que há uma parte da Ucrânia que se quer aproximar da Rússia e outra parte da Europa. Não sei se é bem assim. Que exista uma parte que se queira afastar da Rússia e das suas botas parece-me muito plausível e extremamente compreensível.

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