07 outubro 2019

Perda de virgindade?


Para lá do sobe e desce, mais desce do que sobe, dos participantes tradicionais, estas eleições são talvez as primeiras em que se começam a ver sérias fissuras na hegemonia dos que por cá mandam há algumas décadas. Para já ainda não muito quantitativamente, mas, para aí se caminha.

Há a consolidação do PAN, que, beneficiando da exposição do seu singelo deputado na legislatura prévia, passa a ter o privilégio de ser eventualmente relevante na viabilização de uma solução governativa. Está bem que as questões ambientais são uma urgência e uma premência, sem proteção do ambiente não há futuro, mas daí a esta infantilidade que “tudo” passa pela proteção do ambiente e dos animais… ok, temos a ideia do SNS para cães e gatos, uma brutal discriminação relativamente aos ratos, galinhas, pombas, iguanas, pulgas e percevejos... (e sem ser exaustivo…).

Faz sentido as correntes ideológicas do “Livre” e da “Iniciativa Liberal” estarem representados e veremos se esta visibilidade acrescida irá “PANificar” a sua base para as próximas eleições.

Livramo-nos de ficar a chorar com a entrada do RIR e fica para o fim a questão do “Chega”, no que parece ser uma dramática perda de virgindade no país dos brandos costumes… Obviamente que seria apenas uma questão de tempo aqui chegarmos, porque os erros e a desonestidade dos partidos tradicionais, empurraram, empurram e empurrarão parte do eleitorado para “alternativas” diferentes. Apenas demorou mais tempo…

Curioso, curioso é ver a distribuição geográfica da percentagem do “Chega” por distrito. Existirá uma fronteira ali para os lados de Rio Maior?

23 setembro 2019

Ambiente e política, ignorância e hipocrisia



Sobre a necessidade de fazer algo urgentemente sobre a sustentabilidade do planeta, poucos terão dúvidas. Ver nota anterior aqui.

A necessária mudança de hábitos e de modos de vida, uma empreitada tão complexa e gigantesca, obriga a um estudo científico e social detalhado, gerando um plano de ações lógicas, viáveis e eficazes e a serem cumpridas com rigor. Obviamente que de pouco servem as medidas voluntariosas e avulsas do tipo “O ministro quer…”.

O que os políticos querem, no fundo, é ganhar as eleições e tomar o poder. Se, para isso, for necessário assumir que a Terra pode não ser redonda, certamente muitos não hesitarão em fazê-lo, sendo aqui as culpas partilhadas entre o político sem formação e/ou escrúpulos e o eleitor ignorante e/ou estúpido.

Isto vem a propósito do fervor de propostas “pró-ambientais” agora na aproximação das eleições e concretamente o banir a carne da alimentação humana. É fácil estar de acordo que o consumo de carne dever ser reduzido, mas entre fazer uma canja com um frango criado ao ar livre ali na porta ao lado ou consumir peixes originários de uma piscicultura intensiva localizada a uns valentes quilómetros de distância, onde está o impacto ambiental maior…? 


Convém sempre fazer as contas todas e tão ou mais importante do que a natureza do alimento é as voltas que ele dá até nos chegar. Muito mais importante ainda é a quantidade que é ingerida. Frugalidade em cada dose, em cada interruptor e em cada torneira… Assumir uma boa consciência a partir de medidas simplistas que dão belos títulos nas noticias, é ignorância e/ou hipocrisia.

21 setembro 2019

Grande Europa que falha


O grande Airbus A380, o maior avião comercial de passageiros do mundo, doze anos após ter entrado ao serviço, vai deixar de ser fabricado porque não tem encomendas. O conceito comercial não provou. São preferidos aviões mais pequenos para viagens diretas.

Nunca voei em nenhum, apenas visitei a impressionante fábrica do bicho em Toulouse, e é sempre com um certo amargo de boca e tristeza que vemos um esforço brutal como este não ter sucesso. De certa forma análoga, a Europa também já vivera a experiência de um conceito de avião revolucionário que não vingou: o fabuloso Concorde.

Falhar faz parte dos riscos e, deixem-me puxar a brasa para a sardinha deste lado do Atlântico, tem mais mérito arriscar a desenvolver e falhar, do que enxertar de forma mal-amanhada novos motores numa carcaça com mais de 50 anos de conceção, como a Boeing fez com o 737 MAX.

Em 50 anos não encontraram orçamento, nem vontade, nem coragem para refazerem a sério o seu avião mais popular e continuaram a espremer a espremer, até ultrapassar os limites? Sendo relativamente clara a sequência das opções e a ligeireza do caminho tomado (ver aqui), o que mais me interpela agora é: qual o custo que esta poupança da Boeing vai ter? Já nem falo das entregas atrasadas, redução de vendas e de encomendas anuladas. Aqueles aparelhos todos, parados durante meses, sem ainda se saber quando regressam aos céus, geram perdas brutais. Palpita-me que a Boeing irá gastar com advogados muitíssimo mais do que o que poupou com engenheiros (e aqui não há questão de brasas e sardinhas)!

06 setembro 2019

A riqueza da guerra

Para mim e para a maior parte da população europeia, a guerra é uma coisa horrível que vemos nos noticiários, revemos ficcionada em filmes, romances e séries, mas que, sobretudo, apenas imaginamos. Não sabemos o que é mesmo a guerra, o poder morrer estupidamente no segundo seguinte ou ver um próximo cair irreversivelmente ao nosso lado. Podemos tentar imaginar, mas imagino que a imaginação não é suficiente e esperemos que assim continue durante muito tempo.

Os monumentos e as apologias aos bravos que tombaram em combate são uma forma de nos tentar fazer imaginar um sentido, uma glória para algo que não tem nem pode ter glória.

A liderança militar, ou ditatorial, é eficaz. Ninguém imagina um batalhão a realizar um referendo diário para decidir o caminho a seguir. Ou, entre de dois batalhões, um avançar e outro recuar. O seguimento cego e sem contestação das ordens superiores é fundamental para ganhar batalhas. Da não objeção e castração da emancipação de cada um, virá a vitória e o consolo das cerimónias e estátuas.

Há uma economia da guerra. Aquela em que as forças se mobilizam e são dirigidas sem questões nem contestação, maximizando o resultado. A História tem histórias de impérios criados militarmente, eximiamente organizados e extremamente eficazes enquanto na fase da conquista. O problema aparece quando a conquista material deixa de ser suficiente e são necessários outros avanços. Os do conhecimento e os da iniciativa, enraizados em cultura e liberdade.

Tudo isto a propósito de guerra e do declínio da Europa atual? Sim. A ver vamos…

21 agosto 2019

Carências


A 29 de julho deste ano, a humanidade esgotou os recursos naturais disponíveis para uma utilização sustentável do planeta. É um pouco como se no dia 18 de cada mês tivéssemos gasto o vencimento mensal e a partir dessa data, passássemos a viver de emprestado até ao dia 31. Há 40 anos essa data estava no início de novembro e há 20 foi a 29 de setembro. O ano passado ocorreu 3 dias mais tarde. Ou seja, é mau e está a piorar.

No passado dia 12/8 entrarem em greve os motoristas de matérias perigosas, com especial efeito na disponibilização dos combustíveis, um dos recursos do planeta que estamos a consumir largamente acima da sua reposição. A perspetiva de o país ficar a seco foi e é assustadora. Deixando de lado a espuma dos dias, da reação mais ou menos excessivamente musculada do governo e das questões eleitoralistas associadas à “gestão da crise” … pode ser uma boa forma de pensar no que representa o tal dia 29 de julho de 2019.

Está bem que temos e procuramos substituir os combustíveis fósseis e que sustentabilidade e economia circular são algo de que cada vez mais se fala, mas se cada qual pensar na forma como encarou a penúria potencial de combustíveis, dá para concluir que estamos ainda a muitas milhas de interiorizar o que realmente representa este viver a crédito e o quem vier atrás que feche a porta… se ela ainda se aguentar nas dobradiças.

19 agosto 2019

Mínimos e máximos, veraneantes e pacientes

Acabou, ou está suspensa para já, a famosa greve dos camionistas de matérias perigosas. Terá sido das mais noticiadas e seguidas antes, durante, veremos ainda o depois, e, ao mesmo tempo, com uma secundarização enorme do que estava mesmo em causa: quais as reivindicações exatas, qual a parte “justa”, qual a parte abusiva e desproporcional, se o processo de negociação estava bloqueado ou não, etc.

O importante foi até que ponto a greve afetaria as intenções de voto no partido no poder e a vontade de ir à praia do povo em geral. É óbvio que existem uma série de serviços fundamentais a precisarem de serem garantidos, mas a fasquia foi colocada bem acima, para não perder os votos de quem queria ir à praia. Assistimos a um esforço enorme do governo para, na prática, evitar que a greve afetasse efetivamente os eleitores, perdão os cidadãos. Pode-se discutir se faz sentido ou não, se tamanha anulação do seu efeito põe em causa os fundamentos do conceito e o exercício do seu direito ou se há sectores em que não pode haver greves a sério.

Uma coisa que eu teria gostado era de ver esta determinação aplicada às greves cirúrgicas, dado que, ainda por cima no estado de saturação do SNS, adiar intervenções cirúrgicas é bastante mais grave do que o pessoal não ter combustível para ir à praia. Aparentemente haverá mais votantes veraneantes do que pacientes.

26 julho 2019

Fazer de conta


Há muitas situações em que a parecer conta e até pode ser suficiente, outras não. Basta imaginar um automóvel cujos travões apenas aparentam travar… Isto é capaz de ser a minha costela de engenheiro a dar prioridade ao ser/funcionar face ao parecer. Para mais detalhe consultar o brilhante Scott Adams e o seu Dilbert quando descreve as idiossincrasias dos engenheiros.

Por estes dias ficou a saber-se que a nossa brilhante Proteção Civil, que parece ter maior prioridade em proteger os seus boys do que a população em geral, mandou fazer e distribuir golas “anti fumo” que podem servir para alguma coisa, eventualmente para proteger os pulmões do frio no inverno, mas que a última coisa que devem fazer é estar em cenário de fogo. E foram distribuídas às populações das aldeias identificadas com alto risco de incêndio.

Lógica disto? Alguém se enganou? Não…! Colocada face ao ridículo a agência que faz de conta que protege esclareceu que efetivamente não se trata de equipamento de proteção, mas apenas de sensibilização de “boas práticas”. Aparentemente não parece ter sido essa a história contada aos felizes contemplados.

Ainda bem que a ANPC não especifica nem concebe automóveis, que teriam coisas parecidas com travões mas que não travam, volantes que não dirigem… enfim, ainda bem. Mas não é por acaso que este país anda um pouco descontrolado!

27 junho 2019

Memórias e Liberdade


Aljube, em Lisboa, uma antiga prisão de má memória. Entre outros espíritos livres aí esteve preso Miguel Torga, pelo gravíssimo crime… de ter escrito um livro! Em 2015 foi transformada em espaço de memória da resistência e liberdade. É importante ter memórias claras e entender o nascer e o porquê da liberdade e da sua falta… de forma honesta.

Infelizmente, naquele local, o revisitar da história nacional do século XX, não é séria, não ajudando assim à causa da liberdade. Começa pela sequência dos malefícios da Monarquia, das boas vontades da Primeira República, sendo o maio de 1926 obra de uns malandros que apanharam o povo distraído, ignorando a ajuda dos erros dos primeiros anos republicanos no aparecimento e implantação do Estado Novo.

Depois, e pior, é 1975. A palavra usada para caraterizar o resultado das eleições para a Constituinte é “desilusão”!

Conta ter ocorrido um confronto entre forças “avançadas” e outras que defendiam uma “democracia mais moderada”, saldado por uma “derrota”. Gostava que me explicassem em que consistia exatamente esse “avanço” e como se distinguem e classificam as democracias quanto ao seu nível de “moderação”.

Pelos verdadeiros lutadores da verdadeira liberdade, esta narrativa faciosa e sem vergonha é insultuosa. Se não queremos entender e enfrentar porque a liberdade aparece e desaparece, estarmos sempre à mercê de novos aljubes.



Ariane


Ariane é um navio.
Tem mastros, velas e bandeira à proa,
E chegou num dia branco, frio,
A este rio Tejo de Lisboa.

Carregado de Sonho, fundeou
Dentro da claridade destas grades…
Cisne de todos, que se foi, voltou
Só para os olhos de quem tem saudades…

Foram duas fragatas ver quem era
Um tal milagre assim: era um navio
Que se balança ali à minha espera
Entre as gaivotas que se dão no rio.

Mas eu é que não pude ainda por meus passos
Sair desta prisão em corpo inteiro,
E levantar âncora, e cair nos braços
De Ariane, o veleiro.

Miguel Torga
(aquando da sua passagem pelo Aljube)

26 junho 2019

O terminal neoliberal


Um destes dias, no terminal 2 do aeroporto de Lisboa, ao ver as dezenas de voos lowcost planeados e os milhares de passageiros que iriam viajar para uma cidade europeia pelo mesmo preço, ou mesmo inferior, ao de bilhete de comboio Porto-Lisboa, pensei…

Andariam por lá alguns dos que rasgaram as vestes pela importância estratégica da não privatização da TAP? É que mesmo após a pressão da concorrência, os preços da TAP são significativamente mais elevados. Do antes, da altura do monopólio das companhias públicas de bandeira, nem se fala…

Presumo que os que as vestes rasgaram pela manutenção da TAP pública seguramente repudiarão aquele terminal, onde apenas operam companhias privadas que buscam o lucro. Certamente nenhum andará por ali. Pela importância estratégica do nacional, nosso, deverão preferir pagar 5 ou 10 vezes mais para voarem na TAP. Questão de princípio, não?

Aquela malta no T2 são todos uns incorrigiveis neoliberais – deviam ter vergonha!

24 junho 2019

Coisas de Raças !?


Aparentemente foi decidido que nos próximos Censos não será incluída uma questão sobre a origem étnico racial da população. Aqueles que são contra a discriminação racista estão revoltados. Eu tenho muita dificuldade em compartimentar a humanidade em raças e julgava mesmo que no século XXI essa tentativa de divisão, sem base científica, já não deveria sequer existir. Atentemos à segmentação sugerida:

— Branco/Português branco/De origem europeia
— Negro/Português negro/Afro-descendente/De origem africana
— Asiático/Português de origem asiática/De origem asiática
— Cigano/Português cigano/Roma.

Provavelmente que alguns/muitos não teriam grande dificuldade em escolher onde colocar a cruzinha, mas… os de origem mista, de pai negro vindo de Angola e mãe branca nascida em Bragança? E os berberes do norte de África que podem ter a pele mais branca do que a maioria dos portugueses de gema? E a Ásia, onde começa – um libanês não será mais próximo da tal dita suposta raça europeia do que da chinesa? E os índios e seus descendentes? E desde quando cigano é uma raça – não será antes uma cultura/modelo social? 

Desculpem lá, mas esta coisa de querer saber quantos brancos, pretos e amarelos há por aqui, esquecendo os vermelhos e acrescentando a cultura cigana porque fica bem, parece-me caricatural, redutor e retrógrado. Tentar segmentar a humanidade em função do pantone da pele, diâmetro do crânio ou grossura do nariz é… o princípio do racismo.

05 junho 2019

E acabar de vez com o Siresp?


Quando inicialmente o Siresp foi pensado poderia fazer sentido construir uma infraestrutura dedicada para aquelas funções, com aquela tecnologia. Na altura em que foi finalmente contratado e implementado, haveria já muitas dúvidas sobre a pertinência dessa opção e passemos ao lado da atipicidade do processo do concurso, com uma única proposta recebida, e o ziguezague da adjudicação/anulação/readjudicação.

Nas tragédias de 2017 ficou patente que o sistema tinha bastantes deficiências e limitações. Que para lá das atipicidades do negócio era necessário e fundamental que funcionasse mesmo e bem. Daí para cá muito se fala em investir/gastar dinheiro para melhorar o seu desempenho e disponibilidade.

Se há 15 anos era questionável a necessidade de construir uma rede dedicada, hoje, com o enorme desenvolvimento posterior das redes móveis, dúvidas não há. Parece-me que por mais euros que lá se coloquem, nunca fica resolvido o problema da obsolescência tecnológica e dos custos crescentes que ela acarreta. Não fará mais sentido acabar de vez com uma coisa que, ainda por cima, já nasceu velha?


- Incluindo versão impressa no "Público" de hoje.

04 junho 2019

O silêncio

O silêncio de uma manhã pode não ser de morte. Depois do silêncio nasce o novo, vem a notícia. 30 anos. Depois do silêncio não pode ficar outro silêncio. Pelos silenciados definitivamente no momento, pelos silenciados continuamente no tempo e pelos silenciados na ignorância dos fatos apagados da história que lhes ensinam.

Um momento de não silêncio pelo que vale a pena noticiar, uma homenagem possível aos silenciados. Há 30 anos.

30 maio 2019

Enquanto eram parafusos…


Tempos houve em que o antigo império do meio, começou a fazer parafusos. Eram baratos, o controlo de qualidade um desafio, mas quando os senhores que sabiam bem de parafusos lá se instalaram, as coisas ficaram melhor organizadas e evoluíram. Hoje é muito mais do que parafusos e já se dispensam senhores de fora para muitas competências.

Nenhum equipamento conectado é uma ilha, havendo cada vez mais coisas que se conectam e sendo cada vez mais fácil fazê-lo. Uma “coisa conectada”, seja um telemóvel, um automóvel, um frigorifico ou uma casa, tem uma ponte e uma porta de entrada para o mundo exterior. E aqui não tenho dúvidas… garantias de inviolabilidade não há. É apenas questão de esforço e habilidade.

Sempre, e hoje ainda mais, a informação é fundamental, a informação é poder. E aqui também não tenho dúvidas … poucos ou pouquíssimos resistirão à tentação de aspirar toda a informação a que tenham acesso, caso isso lhes traga alguma vantagem. Sabemos que cada passo nosso de cada dia é aspirado por quem saber o que somos, para depois vender essa informação a quem quiser comprar, servindo tanto para nos impingir bugigangas como propaganda política.

Na atual crise EUA – China, a separação entre a Google e a Huwaei é a crónica de um divórcio anunciado. Quem viaja à China, já sabe que Google, e outros, lá não existem por questões de segurança nacional. As diferentes ambições e projetos de sociedade tornam inevitáveis o estalar desta desconfiança, que, recorde-se, é recíproca.

Assim, está em curso a construção uma nova cortina de ferro, que não sendo física, não é menos significativa. Hoje o ecossistema da internet na China é já substancialmente diferente do ocidental. A continuar por este caminho, atingindo as bases de hw e sistemas operativos, o mundo dos sistemas de informação vai mesmo partir-se em dois e anuncia-se uma batalha feroz pelo controlo de territórios, da mesma forma como durante a guerra fria, as superpotências disputavam o controlo de países terceiros.

Para lá dos estragos imediatos que a perda da concorrência e redução de escala provocarão, fica uma questão especulativa. Até que ponto o ocidente será competitivo sem poder contar com as bases de produção e o mercado na China e como esta reagirá a não poder aceder à evolução e a inovação tecnológica ocidental e respetivo mercado. Não necessariamente quem ganha, mas quem perderá menos?

16 maio 2019

Bacalhoa basta!


Há cerca de dois meses atrás, personalidades como George Clooney e Elton John apelaram ao boicote dos hotéis e outros investimentos que o bárbaro e milionário sultão do Brunei tem neste nosso mundo civilizado, na sequência da brutal legislação aprovada para vigorar naquele canto longínquo deste mundo e não me perguntem por quem os sinos dobram. Acho bem e muita gente achou bem, considerando que o fundo da questão ia para além dos empregos diretos, diretamente ameaçados.

Bom, Portugal não é o Brunei e… outras analogias mais não marcham, mas face à lata descarada do ainda comendador, parece-me obviamente lógico e oportuno apelar, como outros já o fizeram, a que mais nenhum euro e cêntimo entrem na conta daquela ….. (pessoa?)

Ok. Está bem. Ele é apenas um. Alguns dos outros que hoje se indignam com o desplante do indivíduo foram coniventes no passado. Mas, ok, por algum lado é preciso começar. O importante é começar!

PS: Parece que além da marca JP, Bacalhoa, há a Aliança e a Quinta do Carmo. Cada qual verifique como entender.