Portugal teve a infelicidade de, ao longo de um longo período da sua história, ter tido acesso a várias fontes de riqueza demasiado fáceis. Primeiro do Oriente, depois do Brasil e, finalmente, de África. É sabido que, a forma como estas riquezas foram aproveitadas, foi pobre. Limitámo-nos a reexportá-las sem valor acrescentado e, em contrapartida, a importar praticamente todos os produtos manufacturados. Quando acabou o fluxo, pouco ficou de material. De mentalidade ficou, no entanto, algo de muito negativo: a noção de que não é fundamental contribuir para a criação da riqueza, basta estar estrategicamente colocado por onde ela passa.
Para os interesses dominantes neste modelo, não interessava sequer o desenvolvimento de valor acrescentado nacional. Ganhavam dinheiro a exportar as matérias-primas e ganhavam dinheiro a importar os produtos acabados de qualidade. A indústria nacional era um concorrente que lhes retirava influência. É curioso registar que as primeiras tentativas de industrialização do país, como os lanifícios na Beira, encontraram tudo menos facilidades da parte do poder instalado.
A indústria que, apesar de tudo, se foi desenvolvendo foi sempre considerada de segunda classe. Criou-se, e ainda subsiste, a noção de que “tudo” o que é importado é bom e “tudo” o que é nacional é fraco. Esta postura da não valorização objectiva do “made in Portugal” é um dos maiores problemas culturais que temos. A dificuldade em reconhecer que “o que é bom, é bom” e “o que é mau, é mau”, não motiva que se procure fazer melhor, não proporciona o “fazer diferente” e não recompensa a inovação.
Como consequência deste complexo, existe uma quase completa ausência de marcas Portuguesas implantadas no Mundo e uma indefinição da imagem do próprio país também. Uma internacionalização estará condenada se, em vez de uma entidade forte, tiver, por trás dela, uma crise existencialista de valores.
A nossa riqueza futura depende de assumirmos que não nos podemos limitar a arranjar um bom lugar na margem do rio e esperar ir apanhando uns bons peixes que passem. Estes rios trazem cada vez menos peixe. É necessário escolher que peixes temos condições para desenvolver, proporcionar as condições para cultivá-los, criá-los com conhecimento e todo um conjunto de outras coisas diferentes do ficar bem sentado numa tribuna. Esta mensagem é, naturalmente, dirigida prioritariamente a uma certa forma de ver o país em Lisboa.
Não será sintomático que um notável empresário da nossa praça seja um mero importador de automóveis? Que tenha, inclusive, destaque em bolsa, acompanhado por analistas que fazem previsões da evolução dos ganhos da sua empresa em função do lançamento de novos modelos pelo fabricante alemão??
Para os interesses dominantes neste modelo, não interessava sequer o desenvolvimento de valor acrescentado nacional. Ganhavam dinheiro a exportar as matérias-primas e ganhavam dinheiro a importar os produtos acabados de qualidade. A indústria nacional era um concorrente que lhes retirava influência. É curioso registar que as primeiras tentativas de industrialização do país, como os lanifícios na Beira, encontraram tudo menos facilidades da parte do poder instalado.
A indústria que, apesar de tudo, se foi desenvolvendo foi sempre considerada de segunda classe. Criou-se, e ainda subsiste, a noção de que “tudo” o que é importado é bom e “tudo” o que é nacional é fraco. Esta postura da não valorização objectiva do “made in Portugal” é um dos maiores problemas culturais que temos. A dificuldade em reconhecer que “o que é bom, é bom” e “o que é mau, é mau”, não motiva que se procure fazer melhor, não proporciona o “fazer diferente” e não recompensa a inovação.
Como consequência deste complexo, existe uma quase completa ausência de marcas Portuguesas implantadas no Mundo e uma indefinição da imagem do próprio país também. Uma internacionalização estará condenada se, em vez de uma entidade forte, tiver, por trás dela, uma crise existencialista de valores.
A nossa riqueza futura depende de assumirmos que não nos podemos limitar a arranjar um bom lugar na margem do rio e esperar ir apanhando uns bons peixes que passem. Estes rios trazem cada vez menos peixe. É necessário escolher que peixes temos condições para desenvolver, proporcionar as condições para cultivá-los, criá-los com conhecimento e todo um conjunto de outras coisas diferentes do ficar bem sentado numa tribuna. Esta mensagem é, naturalmente, dirigida prioritariamente a uma certa forma de ver o país em Lisboa.
Não será sintomático que um notável empresário da nossa praça seja um mero importador de automóveis? Que tenha, inclusive, destaque em bolsa, acompanhado por analistas que fazem previsões da evolução dos ganhos da sua empresa em função do lançamento de novos modelos pelo fabricante alemão??
2 comentários:
Estou plenamente convencido que após os descobrimentos. o nosso "povo" ficou míope!
AMP
Míopia? De quem se governa ou de quem é governado? Algo que uns óculos resolvam?
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