10 julho 2005

Querem apagar a luz


Tenho visto com alguma frequência notícias sobre umas investidas preocupantes no sistema de ensino nos USA. Alguns candidatos a herdeiro de Torquemada, acham que Darwin e a evolução são uma treta e que o mundo foi criado por um ente superior todo-poderoso. Aproveitando a onda beata Bushiana actual e a influência que as autarquias, naturalmente politizadas, têm sobre os conselhos de administração das escolas, os manuais de biologia recebem autocolantes avisando os alunos de que a evolução é apenas uma teoria entre várias outras.

Definitivamente a igreja não aprendeu que a sua intervenção na ciência esteve, está e estará sempre condenada ao fracasso. No início, quando o homem via os trovões, não encontrava explicação para os mesmos. Aqueles que tinham dificuldade em conviver com esse desconhecido, atribuíram o fenómeno ao deus do trovão. Quando se descobriu como se formam as cargas electrostáticas nas nuvens e como se descarregam, o deus do trovão ficou desempregado.

Não se sabia porque é que “o Sol girava em volta da Terra”. A igreja explicou que deus todo-poderoso assim o tinha entendido e assim tinha criado o mundo. Quando Galileu ilumina a questão, a descoberta é dramática para a igreja. Reacção: apagar a luz, queimar livros, matar pessoas.

Sempre que a religião for utilizada para “explicar” o desconhecido por quem convive mal com ele, o resultado é só um. Cada avanço da ciência que explica o até então desconhecido é um recuo correspondente da igreja. Por isso a igreja teve na história tantas tentações para manter a escuridão. A luz tira-lhe força e, por isso, é sua inimiga natural.

Estes desenvolvimentos nos USA são declaradamente uma manobra de reduzir a luz e de regredir para a escuridão e no local mais perigoso: nas escolas. Curiosamente, nalguns países, o fanatismo islâmico actual foi plantado nas escolas por professores fundamentalistas.

2 comentários:

Unknown disse...

mas conheces algum pais mais fundamentalista que os "states"?
apesar do fundamentalismo ser a "burrice"

Carlos Sampaio disse...

Sinceramente, não sei se a isto se deve chamar fundamentalismo ou algo pior. Ser politicamente correcto ser-se bronco de espírito.