07 julho 2005

Por anos e anos, eles estão aqui



Num pequeno apontamento televisivo sobre o “LiveAid”, apareceram uns senhores bem grisalhos, com grande calma e muita classe, a tocarem uma coisa com 30 anos chamada “Wish you were here”.

É um momento em que se diz: “Caramba, isto é eterno!”. Ou então, um pouco mais ao estilo “cota”: “Nunca mais se voltou a fazer nada assim!”. O tempo é o grande filtro da qualidade e, se 30 anos depois, ainda se ouvem álbuns dos Pink Floyd como o “Dark side of the moon” ou o “Wish you were here” com o mesmo prazer, é porque são mesmo, mesmo, bons.

Tenho mais dificuldade em classificar o “The Wall”. Não o consigo avaliar com isenção. Quando penso nessa fase da minha vida, do final dos 70s, início dos 80s, o “The Wall” é uma espécie de banda sonora omnipresente. Principalmente nas férias, não sei quantas vezes o ouvíamos por dia. A memória é de que, se não era desde o acordar até ao deitar, pouco faltaria. Ora trauteado, ora reproduzido no leitor de cassetes. Esse leitor de tecla “play” bem dura e que, quando desligado da tomada, gastava pilhas a um ritmo alucinante para o orçamento. Fosse a contar as estrelas cadentes no monte, fosse à volta da fogueira na praia, ao caminhar pela estrada, andava sempre lá um “Hey you, out there in the cold” ou, mais energicamente, uns tijolos a quererem saltar da parede.

4 comentários:

Anónimo disse...

Com 12 ou 13 anos, primeiras festas, o "Wish You Were Here" foi o slow do desespero ou da completa felicidade, dependendo do par, da sorte... "The Wall" chegou a cansar, de tão repetido!
Concordo que nunca mais foi feito nada que igualasse. Sou cota por isso? Seja!

N.

Anónimo disse...

cotas assumidos: sãos os vossos filhos que dizem que a música é boa ou são vocês que ainda (e com tantas saudades!) gostam dela? ponham lá na prateleira do mozart, o que é bom é sempre bom mas pra impressionar num jantar de cerimónia como música de fundo ;-)

Carlos Sampaio disse...

N.
Talvez estejas a tomar a parte pelo todo. O "Another brick in the wall, part2" chegou a cansar de passar em tudo o que era corneta da feira. O "The Wall" é um albúm duplo com uma história, alguns temas de grande qualidade lírica e mesmo um fabuloso "Comfortably Numb".
Mónica
Se vai para o lado do Mozart, está perfeito. Nem só os contemporâneos dele o ouvem. Eu, efectivamente, acho que têm lugar nessa prateleira. Daqui a 300 anos, voltamos a fazer um ponto de situação.

Groucho KCarão disse...

Legal. Por coincidência, graças a uma postagem sobre o grande Che Guevara, entrei no blog de um floydiano. Nasci em 1988, mas gosto muito de Pink Floyd - inclusive do The Wall, apesar de ele ser um dos quer menos aprecio. Mas tem ótimos temas, como "One of My Turns", "Waiting for the Worms" e "The Trial". Mas devo dizer que essa história de "o tempo é o melhor medidor de qualidade" é uma tremenda ilusão. É pura coincidência de certos fatores - que incluem estar no lugar certo, na hora certa - o que fez o Floyd ser tão amado por tanto tempo. Conheço dezenas de bandas com maior qualidade musical do que o Floyd, inclusive produzindo álbuns com mais freqüência, mas que não alcançaram o mesmo período de adoração, ou mesmo nem chegaram a fazer sucesso. O que seria esse "bom"? Seria o que agrada o maior número de pessoas durante mais tempo? Se assim o for, seria redundante aquela afirmação: "O melhor medidor pra se dizer quem agrada o maior número de pessoas durante mais tempo seria o tempo". "Shine on, Carlos". Axé.