30 janeiro 2015

Tsipras vê curto (ou pior)

Na mesma altura em que apela à solidariedade da Europa e especialmente da Alemanha, o novo primeiro-ministro grego resolve recordar que estes foram uns assassinos e invocar dívidas de guerra por ajustar. Se o fizesse em campanha eleitoral seria simplesmente populismo; depois de ganhar as eleições é, no mínimo, estranho.

Pedir um cheque à Alemanha agora pela guerra de há 70 anos não é sério. Pode o Japão pedir aos USA por Hiroshima e Nagasaki, os ingleses pelos bombardeamentos de Londres e nós a França pelas invasões Napoleónicas?! A “reparação” da guerra tem um tempo e os seus custos não se contam nos tijolos destruídos, vão muito para lá disso. A pobreza e a desgraça humana associadas a uma guerra não têm preço. No final a prioridade deve ser a paz, evitar a sua repetição e o povo que a perdeu não é um simples gangue criminoso a castigar na globalidade. Quem decreta a guerra são os líderes, o povo é outra coisa.

Esta postura de acenar com “contas de guerra antigas não saldadas” é típica dos líderes belicosos e autoritários que procuram mobilizar os seus apontando/inventando um inimigo. Muitas vezes, é precisamente assim que se lançam novas guerras. Se se costuma recordar o enorme contributo da Grécia na nossa cultura, o Sr Tsipras está a denegri-lo. Faça o trabalho de casa, respeite os mortos e faça a guerra mas onde precisa de a fazer.

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