A foto ao lado, da autoria do fotógrafo francês Martin Argyroglo, está a caminho de se transformar na imagem emblemática da manifestação do passado dia 11. Segundo alguns, é muito provável que se venha a tornar na ilustração de referência da data nos futuros compêndios de história.
Independentemente do aspecto estético da imagem, muito bem conseguido, a identificação do Povo (em maiúsculas) com ela, diz muito da identidade desta Frrrrance (com vários “r”s). A bandeira tricolor bem iluminada em contraluz aquece corações; o homem determinado bramindo uma espécie de espada em posição arriscada é um verdadeiro líder revolucionário; o cartaz com as palavras de ordem evocando um “ninguém nos cala”; a pirotecnia do fogo que mata e faz renascer um mundo novo das cinzas… tudo isto emergindo de um caos, como se uma grande força ali estivesse a germinar, capaz de mudar o mundo.
Pronto… eles têm todo o direito de gostarem, de a acharem romanticamente sublime, mas eu, por mim, não vejo o dia nestes tons. Uma revolução muda um regime, anuncia um amanhã diferente do ontem. Não será aqui o caso. A manifestação foi pela manutenção da sociedade que existe, para demonstrar que a mudança reivindicada não se aceita, que a ameaça expressa não foi atendida, para afirmar que, apesar do choque, os fundamentos se mantêm, não houve caos, ninguém caiu… Para mim, uma imagem emblemática deveria ser muito mais bela e serena, mas pronto, frrrranceses são assim!
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