15 janeiro 2015

Se me permitem

A capa do número do Charlie Hebdo pós atentado provocou fortes reacções de responsáveis do mundo muçulmano, que a consideram uma provocação, que deveria ser proibida. Quase na mesma altura há na Arábia Saudita um blogger condenado a 10 anos de prisão e a 1000 chicoteadas a receber em público a primeira de 50 séries de 20, pelo que escreveu/pelo que comentaram no seu espaço. Não me recordo de ver uma palavra sobre esse caso desses mesmos responsáveis e gostava de os ver tomar posição pública sobre o assunto. O grande consenso do “Eu sou Charlie” foi uma resposta emocionada à barbaridade; a discussão sobre a liberdade de expressão (re)começa agora.

A comunidade islâmica imigrada, para lá da problemática de integração que não se resolve com idealismos e simples boa vontade, vê-se obrigada a definir e a assumir claramente em que mundo pretende viver. O que está em causa não é uma simples opção pouco consequente de impacto limitado, como escolher maçã ou pera para a sobremesa. Marcar limites à opinião sabe-se onde começa, mas nunca se sabe onde acaba. O que é a Europa, e a torna tão atractiva para tantos, é fruto de uma organização social própria, traduzido em especificidades, tanto positivas como negativas. Se me permitem, e mesmo que possa achar criticável, e até eventualmente abominável, o que se escreve num papel ou numa página internet, prefiro continuar assim.

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