29 março 2009

Ainda o preservativo e o papa

Aqui atrás reagi um pouco a quente a este tema, de tal forma o assunto parecia estar a pedir. Depois de ver alguns prós e contras, apetece-me acrescentar algo.

Entendo que o Papa não condenou o preservativo cientificamente mas sim moralmente. Posso compreender que seja essa a sua posição. Para a igreja católica a actividade sexual deve ser exclusivamente dedicada à procriação, não é? Por isso, o preservativo sendo um contraceptivo, não é aceitável. Neste ponto, como com a pílula, só pode acontecer uma de duas coisas: ou Roma revê a sua posição, ou se quiser ser coerente até ao fim, o seu rebanho ficará muito, muito, muito encolhido.

Outro ponto de vista, e por acaso até alinhado com a posição do Vaticano, é defender que se cada um tiver única e apenas um parceiro estável, não há propagação da sida. O preservativo facilitando a promiscuidade vai no sentido contrário. Agora, será por desaparecerem os preservativos que acaba a promiscuidade e especialmente em África? Resposta óbvia: não. Aliás, face ao que sabe e ao que não se sabe, nem sequer é disparate, em muitos casos, sugerir o uso do preservativo mesmo entre pares “teoricamente” estáveis e exclusivos.

O Papa quer condenar o hedonismo e todas as religiões, de alguma forma, tocam esse ponto de recusar dar a primazia ao prazer imediato e individual. Agora tem é que saber como falar e com quem está a falar. Quando em Luanda usou a palavra “hedonismo” em frente daquela multidão, teria ele uma ideia de quantos dos assistentes sabiam do que ele falava?

26 março 2009

Prémios, bónus e outras desgraças

O vendaval começou com a AIG, quando se soube que a seguradora americana, ainda há poucos meses à beira da falência e salva pelo estado americano com muitos milhões de euros, um daqueles números com tantos zeros que ultrapassa a nossa capacidade de avaliação, ia distribuir uns milhões de euros pelos seus gestores, como prémio.

Ora bem, se estes gestores quase levaram a empresa à falência, não deveriam ter direito a prémio, antes pelo contrário. É uma lógica simples e até Barack Obama reagiu fortemente afirmando que o dinheiro dos contribuintes não poderia ser usado para esse fim. E foi a correr criar legislação para taxar esses prémios e “recuperar” os milhões para os cofres públicos. É fácil estar de acordo com este princípio e entender a revolta que tal “prémio” provoca em quem perdeu o seu emprego e/ou as suas poupanças na actual tormenta, mas à parte o populismo, há mais pontos a considerar.

Se esses gestores foram realmente incompetentes e desastrosos, não é o bónus que é indevido. É tudo, incluindo o seu salário fixo e outras mordomias. Se não prestam devem ser despedidos e ponto final. Se não é esse o caso e se a sua continuidade é útil para as empresas, não é necessariamente mau que a sua remuneração tenha uma componente fixa e outra variável, a que se chama “prémio”. Essa parte variável tem, em geral, regras bem definidas e o prémio em questão na AIG pode muito bem ser apenas o resultado do que está contratualizado com essas pessoas e não fruto de uma decisão arbitrária. Se o “valor” dessas pessoas no seu mercado de trabalho é tal que o que recebem no total de fixo mais variável é o “justo”, sob pena sairem da empresa por receberem propostas mais aliciantes, não podemos criticar a existência “per si” do prémio.

Podemos então questionar duas coisas: A primeira é se esse “mercado” está equilibrado? Estes “gestores” não terão andado entretidos a aumentarem-se uns aos outros durante os tempos faustos criando uma bolha a precisar de ser purgada? A segunda questão é uma noção de responsabilidade e solidariedade social. Pode estar tudo formalmente muito certo, mas é questionável manter estritamente as condições do “contrato” no contexto actual. A uma situação excepcional devem corresponder acções excepcionais. Já experimentei a situação de eu e um grupo de pessoas, fortemente comprometidas com a sobrevivência duma empresa em dificuldades, termos aceite reduzir pontual e temporariamente o nosso vencimento e isso é “normal”.

Uma coisa é certa: quando os operários da Valeo francesa vêm a empresa em sério risco de sobrevivência, serem suprimidos 1600 postos de trabalho e o seu presidente ter uma “prenda” de despedida de 3,2 milhões de euros, é muito, mas mesmo muito difícil aceitar e entender que isso seja justo. É assim que começam as revoluções.

21 março 2009

A história repete-se


Depois do seu antecessor, Bento XVI foi a África para voltar a criticar a utilização de preservativos. Pensava-se que tamanha gafe não fosse repetida. Mas não. A história repete-se e da segunda vez....
E afinal não foi sem razão que muita em gente em Abril de 2005 fez uma grande careta quando soube que o novo papa seria o então cardeal Ratzinger. Bento XVI está com sérios problemas de afirmação no Vaticano e na Igreja em geral. A última gafe foi o perdão aos bispos da Irmandade Pio X, fundada pelo bispo Lefévre e que querem recuar para o antes do concílio Vaticano II. E, para dúvidas não houvesse, um desses bispos, o inglês Richard Williamson, apressou-se de imediato a dizer que não acredita que tivessem existido câmaras de gás nos campos de concentração nazis.

Enfim… cada vez mais longe do homem que sorria.

20 março 2009

E o mal é ou não é banal?

A expressão “Banalização do mal”, “criada” por Hannah Arendt após assistir ao julgamento de Adolf Heichmann é muito facilmente citada. Eu mesmo não resisti a evocá-la no último texto a propósito do massacre de Winnenden. Coincide ainda com o julgamento do monstro de Amstetten, o tal que sequestrou e violou a filha durante 24 anos, e que também teve direito a esse carimbo.

Não me apercebi na altura em que li o trabalho da autora mas, ao olhar agora de novo para a expressão, parece-me algo infeliz ou imprecisa. Enquanto houver bem, haverá mal e o mal é muito frequentemente banal, no sentido de trivial; não é necessária ou habitualmente transcendente. Ou seja, a motivação para provocar mal raramente é excepcional ou grandiosa. Muitas vezes é até bem mesquinha e vulgar. E isso não é equivalente a banal? E é bem certo que a máquina nazi era tudo menos banal.

Hannah Arendt fica siderada porque esperava ver ódio na motivação dos assassinos e algum tipo de carga emocional. Quando um funcionário nazi diz friamente que executar uma ordem para carregar um comboio com judeus destinados a uma câmara de gás não é diferente de executar uma outra ordem qualquer, como mandar limpar a sala e parecendo acreditar no que diz, não podemos deixar de ficar estupefactos.

Este mal não é “quente”, mas sim “frio”. E aqui, sim, reside a particularidade e a monstruosidade. Por muito ou pouco condenável ou justificável que seja, fazer mal deve ser intencional. Assim, poderá ser avaliado, questionado e combatido. Provocar mal conscientemente mas sem intenção ou percepção de o fazer é… desumano ou demente.

Não presenciei, obviamente, esse nem a outros testumhos mas vi entrevistas gravadas a alguns indivíduos da mesma categoria. Não estou assim tão convencido dessa indiferença. A atitude de defesa de não pensar e de não questionar não é equivalente a pensar que não é nada.

No mal frio eu não acredito. Um malévolo frio ou é louco ou é desonesto, sendo ambas as posturas duas formas clássicas de reagir em tribunal perante uma acusação grave. No fim, pode-se especular eternamente sobre a motivação e a percepção do mal na perspectiva de quem o provoca, mas, no entanto, do lado de quem o sofre, a visão é bastante mais clara.
Correcção em 21.3.2009: O julgamente em causa não foi o de Nuremberga mas sim um especial em Israel para este senhor capturado posteriormente pelos israelitas. As minhas desculpas pela confusão...

17 março 2009

Síndroma de Columbine



Columbina está associado a pomba, símbolo da paz, mas este síndroma de Columbine, manifestado pela última vez há poucos dias no sul da Alemanha, não tem nada a ver com a paz e começa a ocorrer com uma frequência preocupante. Na minha opinião estes casos são “apenas” uma variante do suicídio arrogante. Um desistente resolve não partir sozinho e em fúria destrutiva arrasta com ele algo de simbólico e representativo. Há os que dizimam a família e há estes adolescentes que tentam levar uma parte da escola, ambos associados à sua falha e à sua exclusão.

Dito assim é simples e como haverá sempre falhados na escola e armas de fogo disponíveis, os Columbines são inevitáveis. Sim, mas pondo de lado a questão do suicídio em si, vejamos a forma.

As imagens finais do assassino/suiçida de Winnenden mostram uma pose estranhamente parecida com um daqueles personagens das consolas de jogos de que ele tanto gostava. Daqueles jogos em que é normal e até recompensada a violência gratuita e brutal; veja-se o GTA (Grand thief auto).

Não é por mostrar unicamente imagens de anjinhos cor-de-rosa que a violência desaparecerá. Ela sempre esteve presente: o que o desgraçado do Coiote não sofre ao tentar apanhar o Bip-bip! Mas, aí, há um certo “valor”: o Coiote é mau e sofre por isso. Nos jogos actuais basicamente luta-se e no conceito do RPG (role playing game) o jogador faz parte daquela intriga e mata e morre por pontos e por nada. E, quando morre, perde uma de várias vidas e, quando perde tudo, ou se chateia, tem um botão de reset para recomeçar; o único prejuízo é na auto-estima. Quando o personagem não encontra o seu papel “cá fora” e desiste, carrega o botão de reset e toca a acabar com aquele “jogo”.

A solução não será unicamente proibir e limitar as armas de fogo mas isso ajudará bastante; a solução não passará certamente por colocar detectores de metais em cada porta e esquina. É fundamental haver uma moral sólida que impeça alguém de olhar um inocente olhos nos olhos e decretar: vais morrer comigo! E desenvolver e consolidar uma moral é uma questão de exemplo, de empenho e de tempo. Os GTA’s e as crianças entregues a si próprias vivendo esse mundo sem uma tutela e uma referência familiar forte, ou social ou, no limite, confessional estão a caminho da famosa “banalização do mal”. Quando os pais pedem para as escolas ficarem abertas 12 horas, não estão a entender o jogo.
Nota: Foto extraída do site do Nytimes

15 março 2009

“Mentiroso” não é insulto?

A CGTP promoveu uma manifestação de protesto que foi um sucesso. O primeiro-ministro falou de instrumentalização política e acusou a organização de recorrer ao insulto. A CGTP refuta. Até aqui nada de novo. O curioso é quando Carvalho da Silva diz ser normal chamar mentiroso aos políticos e que mesmo na Assembleia da República isso é frequente. Bem, realmente tem-se ouvido por lá muita coisa que não pode ser considerada normal ou digna.

Por este andar não vai ser necessário procurar adjectivos para atacar os políticos. Deixemos pois os simples mentirosos em paz e quando quisermos insultar a dita classe, digamos apenas:
Seu político!!!!

14 março 2009

Já se sabia

Já se sabia que um dos problemas que temos, cada vez mais, é as pessoas não saberem escrever e já há problemas de interpretação de legislação por os seus autores sofrerem de um certo grau de analfabetismo.

Agora, o que nunca imaginei foi que a desgraçada irmã do Português no ensino, a Matemática, também chegasse assim dramaticamente aos tribunais. Recentemente recebi uma cópia de uma deliberação, no mínimo anedótica.

No 8º Juízo Cível de Lisboa, no processo nr 1313/2002, concluído em 10/11/2008 um executado, a quem foi ordenada a penhora de 1/6 do seu vencimento, pediu a isenção da dita penhora. O assunto foi avaliado e o tribunal, em jeito de compromisso decidiu “proceder à redução da penhora do vencimento do executado para 1/5 do vencimento”. Esta “redução” corresponde a um aumento de 20% do valor absoluto da mesma.

Eu acho que não vale a pena explicar ao Sr. Dr Juiz o que é o numerador e o que é denominador, sendo que quanto menor for o denominador por menos se divide e mais fica. Proponho que, didacticamente, o vencimento dele seja “aumentado” segundo o mesmo critério! Até receber no final do mês, ficará contentíssimo. Depois, aprenderá e não esquecerá ….

09 março 2009

Polis e despolis


Vila Real não é certamente um bom exemplo de desenvolvimento urbanístico. Talvez até seja um dos piores à escala nacional. Se lá fossem aplicados os mesmos critérios de Viana do Castelo relativamente ao famoso prédio Coutinho, provavelmente seria necessário demolir 80% da cidade e certamente não estou a ser pessimista.

Veio o Polis e aconteceu um milagre. Conseguiu criar-se no coração da cidade em volta do rio Corgo um parque, não muito grande é certo, mas bastante agradável.

Só que vícios antigos não têm cura e prova-se não ser por acaso que a cidade está como está. A Câmara em vez de procurar outras zonas para novo milagre, quer entrar pelo parque dentro com uma estrada, umas “infra-estruturas” e um parque de estacionamento. O meu espanto é que só vejo desvantagens na intervenção. Tenho falta de informação ou de imaginação ou de outra coisa qualquer para descortinar algum benefício para a comunidade. Haverá algo que me escapa? No sítio oficial da Câmara Municipal está uma palavrosa e oca apresentação e tentativa de justificação referindo ”evolução das condições económicas, sociais, culturais e ambientais” e para detalhes remete para um site (http://www.polisvilareal.pt/), não disponível.

Diz o presidente da autarquia, um daqueles que já perdeu a conta ao número de mandatos e que continua com firme apoio popular, que como as infra-estruturas serão pintadas de verde, os utilizadores da zona quase que nem vão notar! É uma boa sugestão para Viana. Pintam o prédio Coutinho de um lado da cor do céu e do outro lado da cor do Rio Lima e pronto! Fica toda a gente satisfeita.

Bom, se eles estragarem o que o programa Polis financiou, há-de haver um dia mais tarde um Repólis, pago de novo por todos nós, é claro, para corrigir os problemas urbanísticos criados e melhorar a qualidade de vida das cidades. Quem fica a ganhar, ainda não entendi.

05 março 2009

Um belo conto (do vigário)

O tema é antigo. Já o recebi em cartas, em faxs e, sendo o email um excelente meio de propagação, só estranho não receber mais.

Esta versão tem a guerra do Iraque a explicitar onde desapareceram todos os herdeiros da conta perdida, incluindo velhos, mulheres e crianças, presumo, mas não especifica o país. Costuma ser Uganda ou outra coisa assim terminada em “anda” mas que não “anda”.

O mais giro é o sentido de humor no nome do funcionário bancário: “Bello Nonsenso”. Com o email ego_bello fica é um pouquito narcisista.

E pronto, copio-o na íntegra. Um leitor que queira ficar rico pode contactar o Dr Bello Nonsenso. Se forem mais do que um não há problemas porque ele arranjará certamente tantas contas perdidas quantos os candidatos. Boa sorte!
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DEAR FRIEND,

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BEST REGARDS,

DR. BELLO NONSO Ph.D
FOREIGN REMITTANCE MANAGER
CENTRAL BANK OF AFRICA (C.B.N).
E-MAIL: ego_bello@yahoo.com

02 março 2009

Religião e não



Sabemos que os autocarros tendem muitas vezes a serem agressivos. Agora, o que não imaginávamos era que se pudessem tornar protagonistas de uma luta de convicções, daquelas que fazem correr rios de tinta e daqueles rios que nenhum verão jamais secará.

Há os que dizem: “Provavelmente Deus não existe, portanto deixe de se preocupar e goze a vida”; e os que respondem: “Deus, sim, existe, goza a vida em Cristo”. Passo ao lado da nuance entre o a "provável" britânico da negação e a castelhana "rotunda" afirmação do sim (também não é relevante comparar o aspecto profissional e charmoso do "não" inglês com o tosco improvisado do "sim" espanhol e até a diferença de tamanho das fotos é apenas resultado da googleada).

A ideia do autocarro ateu nasceu em Inglaterra mas tinha que ser em Espanha, terreno propício a essas paixões entre cristãos e ateus, sim porque de paixões se trata, que a guerra iria estalar. Li que a campanha inicial inglesa tinha o apoio do Sr Richard Dawkins, um professor de Oxford, autor do best-seller “A desilusão de Deus”; livro que li em parte, mas que não me motivou por misturar a causa com o efeito.

Ou seja, na minha opinião, a religião/espiritualidade é uma consequência da natureza humana, diversamente declinada, conforme a cultura em que se manifesta. A religião/instituição é uma organização consequente. Não é a religião/instituição que gera a religião/espiritualidade mas o contrário. Por isso, um mundo sem religião/instituição não é equivalente a um mundo sem religião.

Agora, pode haver um mundo sem religião? Antes de avançar vamos separar as águas. Dentro do universo dos crentes haverá uma ínfima minoria de gente informada, “pura” e religiosa pelos princípios. No entanto, para a grande maioria, a religião é, desculpem a provocação, apenas aquilo que os impede de serem animais básicos. Para quem anda com a cabeça roçando o chão, a religião é o que os “obriga” a levantá-la de vez em quando e ao mesmo tempo lhes dá uma norma de conduta social de forma a que o mundo não seja metade polícias e metade ladrões.

Um mundo sem religião será um mundo em que todos são capazes de levantar a cabeça por iniciativa própria, sem ser necessária uma corda amarrada ao pescoço que a puxe para cima e em que individualmente cada qual encontra e segue uma norma de conduta sem ser por temor ao fogo eterno do Inferno ou equivalente. Será isto uma religião? Não sei, mas estou certo que para desfrutar e fazer desfrutar a vida não precisamos de questionar e discutir a existência de qualquer Deus…