09 março 2009

Polis e despolis


Vila Real não é certamente um bom exemplo de desenvolvimento urbanístico. Talvez até seja um dos piores à escala nacional. Se lá fossem aplicados os mesmos critérios de Viana do Castelo relativamente ao famoso prédio Coutinho, provavelmente seria necessário demolir 80% da cidade e certamente não estou a ser pessimista.

Veio o Polis e aconteceu um milagre. Conseguiu criar-se no coração da cidade em volta do rio Corgo um parque, não muito grande é certo, mas bastante agradável.

Só que vícios antigos não têm cura e prova-se não ser por acaso que a cidade está como está. A Câmara em vez de procurar outras zonas para novo milagre, quer entrar pelo parque dentro com uma estrada, umas “infra-estruturas” e um parque de estacionamento. O meu espanto é que só vejo desvantagens na intervenção. Tenho falta de informação ou de imaginação ou de outra coisa qualquer para descortinar algum benefício para a comunidade. Haverá algo que me escapa? No sítio oficial da Câmara Municipal está uma palavrosa e oca apresentação e tentativa de justificação referindo ”evolução das condições económicas, sociais, culturais e ambientais” e para detalhes remete para um site (http://www.polisvilareal.pt/), não disponível.

Diz o presidente da autarquia, um daqueles que já perdeu a conta ao número de mandatos e que continua com firme apoio popular, que como as infra-estruturas serão pintadas de verde, os utilizadores da zona quase que nem vão notar! É uma boa sugestão para Viana. Pintam o prédio Coutinho de um lado da cor do céu e do outro lado da cor do Rio Lima e pronto! Fica toda a gente satisfeita.

Bom, se eles estragarem o que o programa Polis financiou, há-de haver um dia mais tarde um Repólis, pago de novo por todos nós, é claro, para corrigir os problemas urbanísticos criados e melhorar a qualidade de vida das cidades. Quem fica a ganhar, ainda não entendi.

2 comentários:

Anónimo disse...

Só posso concordar com tudo o que aqui é dito, contudo discordo, quando diz que é Vila Real o caso pior a nível nacional por falta de planeamento urbano.
Infelizmente para todos nós, temos muitos mais casos parecidos, qualquer um deles pior que o outro.
Guarda, Portimão, Quarteira, Almada, Setúbal, Amadora, Cacém, Barreiro e praticamente todas as cidades satélites de Lisboa e do Porto.
Talvez seja mais fácil dar bons exemplos, que felizmente também os temos; Guimarães, Angra do Heroísmo, Viana do Castelo sem o famigerado prédio, Ponte de Lima, muitas das Vilas Alentejanas já não o mesmo das cidades.
Será que é este o preço a pagar por este tipo de “desenvolvimento” a descaracterização das nossas cidades, tornando-as tão feias.
Quanta culpa anda por aí...e o pior de tudo, é que os principais responsáveis por este estado de coisas vão ser reeleitos nas próximas eleições

Carlos Sampaio disse...

Caro ARPires

Não digo que V. Real seja o pior porque infelimente não faltam maus exemplos e não é fácil atribuir esse "prémio". Dos piores é seguramente.

O que é especialmente chocante aqui é que depois de tudo que foi mal feito no passado e que é dífcil de corrigir, não se pode demolir assim 80% da cidade, se vá estragar o pouco de bom recentemente feito.

É de uma falta de sensibilidade gritante... ou de outra coisa qualquer que não se entende ou não se explica publicamente.