29 julho 2025

O negativo na discriminação positiva

Havendo um histórico de discriminação negativa, imerecida, relativamente a um dado grupo, faz sentido que se tente compensar e procurar repor alguma justiça através de uma discriminação positiva posterior.

Isso pode ser conseguido dando prioridade a esse grupo num processo de seleção e, no limite, até exclusividade em situações pontuais. Nada contra. Agora, parece-me que relativamente ao desempenho posterior, a palavra-chave deverá ser igualdade. Função igual, exigência igual, avaliação igual, retribuição igual.

O risco e o desvio aparecem quando se insiste em continuar a considerar alguma discriminação posteriormente. Quando o selecionado, em vez de assumir o desafio e ir a jogo de igual para igual, aprendendo e evoluindo, assume uma postura de vitimização cada vez que é questionado… Quando a hierarquia vê com condescendência e tolerância q.b. os erros e deficiências, numa atitude paternalista que tende a perpetuar um estatuto de inferioridade, não sendo certamente esse o objetivo último do processo.

Este contexto pode ainda degenerar para uma arrogância de quem se sente especialmente protegido e criar uma tribo de “eternas vítimas”, hostilizando os demais. Quando chegamos aqui, a discriminação positiva falhou completamente o seu propósito.

27 julho 2025

Luís Guimarães


Para mim e para outros companheiros de estrada, Bastos Viegas foi sinónimo do primeiro grande desafio profissional enfrentado, horas de sono perdidas e inúmeras “peregrinações” a Guilhufe, Penafiel, a todas as horas e muitas vezes fora de horas.

Para a recém-nascida “Automação e Robótica” da Efacec, esse projeto foi a porta de entrada numa maioridade tecnológica, que depois por outras paragens e continentes singrou. A oportunidade foi proporcionada pelo senhor Luís Guimarães, dono e gestor da empresa, que com uma coragem e frontalidade no limite do desconcertante acreditou e nos fez acreditar.

Nas longas horas e semanas que tivemos de teste e afinação do “bebé”, ele muitas vezes se sentou ao meu lado, interessando-se, sugerindo e avançando hipóteses para a razão das arestas que iam surgindo (entre algumas nuvens de fumo dos seus cigarros 😊).

Visitei de novo a empresa umas décadas depois, diferente, mas sempre vibrante.

Num mundo tantas vezes comandado por frias e distantes formalidades, o senhor Luís Guimarães foi um Senhor. Fazem falta Pessoas destas…

21 julho 2025

Barracas, não obrigado

Supondo que uma família portuguesa se desloca para Londres e não tendo condições económicas para se instalar dignamente, resolve improvisar uma barraca num dos parques da cidade. Estão a ver essa “construção” a ser tolerada e a manter-se de pé muito tempo? Estão a ver a “opinião publicável” local insurgir-se contra a demolição e a pedir uma humanitária manutenção da mesma? Não, não estou a ver nada disso acontecer e ainda bem, porque não é aceitável nem digno. O que fariam as autoridades locais e quais os apoios sociais existentes desconheço, mas a menos de situações transitórias, cada qual é responsável por criar e manter condições de vida digna para si e para os seus.

Supondo que em Portugal uma família “tradicional” perde a sua casa e constrói uma barraca algures lá no bairro, sem condições sanitárias nem de segurança mínimas. Naturalmente que a vizinhança esperará que a mesma seja demolida e não estou a ver muita tinta “solidária” a correr por esses editoriais e demais colunas publicáveis.

Sim, é necessário haver paraquedas sociais para aliviar transitoriamente dificuldades, independentemente de credos e origens, mas sistematicamente não e barracas não. Piedades infantis ou manipulações oportunistas de última hora não são solução para nada. 

19 julho 2025

Cavalo à solta


No pico do Monge, um dos pontos culminantes da serra de Sintra, descansa o meu cavalo. Com pouco mais de 20 meses de idade acumula quase 7800 kms de caminho percorrido. Aqui não estamos muito longe do local onde em 1966 25 militares faleceram ao combaterem um brutal fogo florestal. Na altura não havia o argumento das alterações climáticas, caso ocorresse hoje, certamente que a “culpa” seria atribuída às mesmas…

Alguns estarão talvez já a dizer, elétrica é para preguiçosos… e eu explico. Esta montada tem 3 modos de andamento. Não, não se trata de passo, trote e galope. É exercício, onde que com um pouco de assistência a compensar o peso e esquecendo o motor, se pode fazer exercício a sério, haja disciplina e vontade; passeio, com uma assistência mais generosa e reforçada nas subidas, terraplanando os percursos e diversão, com a assistência no máximo pelo monte acima.

Há aqueles que numa dada fase da vida pensam em comprar um Porsche, ou sucedâneo. Eu comprei esta máquina e tenho dúvidas de que seja menos interessante de utilizar. Vai a todo o lado e sai de qualquer “buraco” ou aperto. Seja perdendo-se nos caminhos da Bioria, seja atravessando a serra de Santa Luzia, cumprimentando os garranos, seja o que for e por onde for… passa sempre.

17 julho 2025

As comichões da ética

Empresa que se preze e preocupada em passar uma bela imagem a acionistas, decisores e público em geral tem uma lista de itens a garantir na sua imagem pública.

Preocupações com diversidade e equidade, ambiente e sustentabilidade em geral, altos padrões de ética e de integridade, preocupações de responsabilidade social e outras coisas mais que tal.

Mais do que mostrar preocupação é necessária apresentar iniciativas e estruturas, comissões e portais, objetivos e métricas, tudo sem mancha de pecado.

O problema real pode aparecer com a efetiva realidade. A título de exemplo, tive conhecimento de uma situação concreta e recente. Tendo sido enviada a uma dessas comissões uma exposição com uma dezena de pontos relevando e documentado atos ocorridos não conformes com o que se espera de quem anuncia altos padrões éticos, mesmo contrários à legislação em vigor e sendo solicitado um posicionamento da mesma, a resposta foi curiosa.

Depois de um mês de reflexão, ponderação, averiguação e eventual comichão, a tal comissão respondeu que o “assunto tinha sido reencaminhado internamente, que nada mais iriam fazer e passe bem”. Pelos vistos entendendo não ser necessário posicionar-se como solicitado nem tomar ações para evitar eventuais repetições.

Impressionante como um bom “Photoshop” consegue transformar em modernaças imagens e arrogâncias de realidades dignas do período do Estado Novo.

15 julho 2025

O processo que falta


Dentro deste vergonhoso folhetim da operação Marquês, parece-me faltar um processo, que seria o da família de Carlos Santos Silva contra o próprio.

Alguém “emprestar” centenas de milhares de euros e realizar outras “liberalidades”, com tanta informalidade e ausência de seguranças, a um individuo desempregado, sem ativos relevantes, só pode significar que por demência ou outra incapacidade qualquer ele está irresponsavelmente a desbaratar o seu património.

Para isso existe uma figura legal que se chama, salvo erro, inabilitação e que visa proteger os bens de alguém que declaradamente se mostra incapaz de o fazer. Na minha opinião, e de acordo com a “narrativa” apresentada, estariam reunidas todas as condições para Santos Silva ser inabilitado pela sua própria família.

11 julho 2025

Saber ou não saber


Quando em 2017 Pedro Sanchez se lançou á reconquista do PSOE, efetuou um longo périplo pelo país, no seu automóvel, acompanhado por três figuras próximas: José Luis Ábalos, futuro todo-poderoso ministro do “Fomento”, Santos Cédran homem forte da organização do PSOE e Koldo Garcia, o motorista, e posteriormente assessor de Ábalos.

Para lá de partilharem essa volta à Espanha a promover Sanchez, essas três figuras estão a braços com a justiça, gravemente implicadas num enorme escândalo de corrupção e de outras más práticas, relacionadas com o partido e o governo. Pedro Sanchez diz angelicamente que nada sabia e que para o futuro será mais prudente na escolha dos seus colaboradores próximos.

Por cá temos um ex-primeiro ministro em tribunal e esperemos que o processo seja rápido porque de espetáculos asquerosos já estamos cheios. Está bem que ainda não foi jugado, porque o tem tentado impedir de todas as formas, mas quem cabritos vende e cabras não tem… Além de outras práticas pouco habituais a quem gasta transparentemente o que ganhou decentemente.

No caso português, o problema parece ser apenas com o líder, e todos os seus colaboradores próximos nada viram, nada sabiam. Um mundo de diferença, ou talvez não…

06 julho 2025

O que matou Diogo Jota?


Dentro do largo noticiário e “comentariado” sobre a morte dos dois irmãos, há algo que me parece ausente, que é a razão do acidente. Certamente que conhecer as causas não os traz de novo à vida, mas o “positivo” das tragédias é, depois de identificar as causas, evitar a sua repetição.

Ouvi falar em rebentamento de um pneu e tal poderia ter a consequência ocorrida, mas, que diabo, não estamos a falar de um camião de uma empresa de transportes em insolvência cujos camiões usam pneus poli, multi recauchutados. Um desportivo topo de gama de um proprietário financeiramente são pode rebentar assim um pneu sem nenhum “ajuda” externa?

Não sei, não conheço suficientemente de pneumáticos nem do histórico de manutenção do Lamborghini, mas uma coisa conheço bem, é a infame A52 naquele troço e respetivo pavimento. Este é extremamente irregular e pleno de remendos mal-amanhados, que a tornam muito desconfortável, no mínimo.

Que um carro levezinho a alta velocidade tenha levantado voo numa daquelas irregularidades é extremamente fácil e provável. Foi isso, não sei, mas, se foi, a onda de solidariedade podia enviar alguns fundos para o governo espanhol colocar um piso decente naquela autoestrada e assim evitar novas tragédias. E, saber que foi isso, seria um sinal a navegadores futuros.

29 junho 2025

Apelar à paz

Por diversas razões e em diversos cenários temos guerra no mundo. A Rússia invadir uma Ucrânia sossegada, que não tinha ambição militar, apenas pretendia viver como no mundo ocidental é diferente de neutralizar preventivamente o potencial nuclear do Irão, que tinha, e tem, propósito assumido de destruir Israel. Estabelecer analogias entre os dois casos, só mesmo para quem os EUA e o ocidente estão sempre do lado errado e não será por essa lógica que chegaremos a algum lado válido.

Certamente que devemos ser pela paz e apelar à mesma. O problema é quando os apelados são insensíveis a discursos de Miss Mundo e de secretários-gerais da ONU. Pode-se referir o belo exemplo de Ghandi, que teve sucesso, mas face a um estado minimamente de direito, que era o Império Britânico. Enviem um Ghandi uigur contestar pacificamente em Pequim e contem-me o resultado.

Para figuras como Putin, os apelos são obviamente inconsequentes. Até se deve rir da ingenuidade. Gente para quem os argumentos válidos são apenas os da força militar ou económica, só responderão face a esses mesmos argumentos. Lamentavelmente é mesmo assim. Só em sociedades democráticas e livres é que os apelos podem surtir algum efeito e, por norma, raramente são eles quem despoleta os conflitos. Sim, já estou a ouvir contestação a esta afirmação, mas vão ver objetivamente nas guerras em curso quem disparou o primeiro tiro.

Como se dizia já na antiguidade, "Se queres a paz, prepara-te para a guerra". Não sei se são necessários 2% ou 5% ou outras percentagens, mas fazer figura de pomba no meio de um bando de falcões… estes agradecem. Não é a pomba que vai converter os falcões maléficos em aves boazinhas

26 junho 2025

Se isto não é promover o Chega…

 “Peritos do Conselho da Europa, a Comissão contra o Racismo e a Intolerância (ECRI) instam as autoridades portuguesas a assegurar condições de habitabilidade a longo prazo decentes e seguras às pessoas de etnia cigana” (relatório publicado a 18/6/2025).

Desculpem lá, mas qual a razão para as nossas autoridades se preocuparem especificamente com habitação digna para os ciganos? Os não ciganos que tratem e façam pela vida e respetiva habitação decente e segura por eles próprios? Por que razão cidadãos que estão há dezenas de anos e há várias gerações estabelecidos em Portugal, necessitam de discriminação positiva?

Sobre os imigrantes, poder-se-á entender ser necessário uma “ajuda” na integração, mas, mais uma vez, com peso e medida. Se há tantos residentes em Portugal a ter dificuldade em obter habitação decente e viável, faz sentido dar prioridade a quem acabou de chegar para entregar pizzas ao domicílio, baratinhas?

21 junho 2025

E se Adérito Lopes fosse trolha?

Toda violência é condenável e um ato concreto pode ter atenuantes ou agravantes conforme o contexto e as motivações em causa. Todo o cidadão tem o dever de ser protegido e de obter justiça, independentemente da sua situação social ou outra. Não há castas.

Quanto à recente agressão ao ator Adérito Lopes, parece-me haver claramente uma diferenciação difícil de justificar. Foi um ato condenável, sem a mínima dúvida, mas entre todas as agressões e crimes que infelizmente ocorrem diariamente, porque este teve direito a tanta ressonância? Se Adérito Lopes fosse um trolha a entrar num estaleiro e agredido no mesmo contexto, as reações seriam as mesmas?

Podemos dizer que sendo um ator, ligado à cultura, há um simbolismo especial. Então a agressão a Filipe Araújo, vice-presidente da CM do Porto, foi um ataque ao poder local, a merecer a mobilização solidária de todos os autarcas…?

Outra diferenciação tem a ver com a identificação do agressor. Quando se trata de um membro de uma comunidade eventualmente polémica, como africano, cigano ou imigrante, há um cuidado cirúrgico da comunicação social em omitir esse detalhe, para evitar “generalizações”. Quando se trata da extrema-direita, chega a ser noticiada a simples especulação de “com suspeitas de ligação à…”.

Que fique claro que abomino todo o tipo de iniciativas “musculadas”, independentemente da cor dos atores, mas quando há esta desproporção no tratamento dos casos, estamos perante uma diferenciação da justiça conforme as castas em jogo e, a prazo, acabamos a “beneficiar o infrator”.

17 junho 2025

De coração ou raça


Ser português não significa possuir características “raciais” especificas. Somos fruto de uma miscigenação enorme e não há portugueses “de gema”, fisicamente definidos, como noutras latitudes onde existe um tipo físico tradicional e se faz a distinção face a outros “cidadãos” que não o cumprem. Aliás, geneticamente falando, somos na “maioria” muito mais parecidos com os berberes das montanhas do Norte de África do com que os nórdicos!

Isto não significa que qualquer um dos 8 bilhões de habitantes do planeta que aterrar por cá, possa imediatamente ser considerado português, já que não há filtragem racial. Ser português haverá de implicar ter um mínimo conhecimento da cultura e história do país e identificar-se com a mesma. Haverá que o sentir e não há muitos países no mundo em que esse sentimento de pertencer a uma nação seja tão antigo como ele é em Portugal.

Ainda sobre a História de Portugal e identidade, no passado 10 de junho Ramalho Eanes foi condecorado com o grande colar da ordem de Avis, uma grande honra e distinção. Na sua génese esta ordem era militar e religiosa e combateu os muçulmanos na fundação de Portugal. Ainda ninguém se lembrou de pedir para a crismarem com outro nome, mais laico, inclusivo e menos “agressivo” face a outras religiões? E todos os que receberam a Ordem de Santiago sentem-se bem ao ver o seu nome associado ao santo “mata-mouros”?

A riqueza, e histórica temos muita, passa por não banalizar, saber procurá-la e entendê-la. Viva Portugal de coração sem raça.

16 junho 2025

Para que serve a maçonaria? (VI)

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6) As motivações e os resultados reais

Qual a motivação real dos aderentes ao movimento…? A teoria conhecida e publicitada ou a inserção numa rede e o benefício de uma solidariedade tribal?

Considerando que a organização na sua liderança é coerente e sã, cabe-lhe a ela fazer esse policiamento e garantir que quem lá está, não está pelas cunhas e “proteções”, caso contrário é todo o edifício que fica descreditado. De boas intenções está o inferno cheio e publicitar boas intenções fraternais para satisfazer ambições individualistas é indecente.

A natureza secreta e solidária da organização pode também significar que um simples individuo que “incomodou” um membro, por uma razão qualquer, se torne um alvo designado e comece a receber patadas, sem saber muito bem de onde e porquê elas chegam, sobretudo se essa solidariedade tiver um cariz de militância tribal acrítica.

Como eu disse atrás, um dos positivos originais era o fim dos privilégios de casta.

E para que serve mesmo?

Volto à questão inicial. Qual o contributo (positivo de preferência) que esta organização me traz a mim e a qualquer cidadão “profano”? Não vale a pena listar os famosos cientistas, artistas e demais famosos que calçaram as luvas brancas. O que eu queria mesmo saber é em que é que a organização hoje “contribui para a minha felicidade” e do comum dos cidadãos.

Sinceramente, se realmente estão em causa princípios universais e objetivos “altos, nobres e justos”, venham a terreiro assumi-lo e explicar o que fazem mesmo, mesmo, mesmo, para a sociedade, exterior à organização.

Esta obscuridade não é saudável. E perdoem-me os mações sãos e de boa vontade se sentem que estou a ser injusto para com eles. Não era esse o objetivo.


15 junho 2025

Para que serve a maçonaria? (V)

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5) O objetivo atual e potenciais conflitos

Aqui começamos com uma grandessíssima questão. Qual o objetivo atual da organização? Se se trata apenas do desenvolvimento intelectual e filosófico dos seus membros, será assunto privado. Ninguém é obrigado a revelar publicamente o livro que tem na mesinha de cabeceira. No entanto, se falamos de uma associação, vivemos em liberdade associativa, incluindo direitos e deveres. Se eu quiser criar uma associação columbófila ou de amigos da sueca, estas deverão ter estatutos públicos, definindo objetivos, forma de governo, etc... Uma “associação” que evita esta transparência pública e respetivas obrigações deve ser ilegal, talvez... haverá certamente muitos advogados bons conhecedores da realidade em causa que se podem pronunciar.

Agora, se ainda estamos na movida do século XIX em que existe um projeto de transformação social, aí a coisa complica-se. Vivemos em liberdade e podem ser criados partidos, movimentos cívicos e outros, mas que assumam e digam ao que vêm. Uma organização que quer intervir no nosso modelo social, a partir da sombra, parece-me conspiração. Não sei se é ilegal, mas não é bonito, nem havia “nexexidade”…

Claro que um eleito pode confessar a religião que entender, sem ser obrigado a revelá-lo nem a ser condicionado por isso…

Agora, mais uma condicional, tratando-se da pertença a uma organização com estrutura, hierarquia, juramentos e um “projeto” de sociedade, nesse caso a incompatibilidade é clara…

Pode alguém apresentar-se ao eleitorado com um dado programa público, ser eleito, tomar posse jurando a Constituição… para as 2ª, 4ª e 6ªs … e ao mesmo tempo ter promessa de lealdade a outro projeto qualquer, que o povo eleitor desconhece, para as 3ª, 5ªs e sábados… É claro que não.

Embora com menos gravidade, este potencial conflito de interesse pode existir na esfera privada. Tenho na minha equipa o António e o Manuel. O António é atual mestre da minha loja e na próxima sessão será decida a minha subida de grau… O António faz uma grande asneira… terei a mesma “força” para o criticar e eventualmente penalizar do que ao Manuel em caso idêntico, com quem não tenho nenhum relacionamento extraprofissional? E quando for necessário decidir uma promoção na empresa, não estará o António melhor colocado, sem ninguém entender porquê, se até erra mais vezes?

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14 junho 2025

Para que serve a maçonaria? (IV)

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4) E a prática?

Um dos problemas recorrentes daqueles que sentem estar no “lado correto da história” é a tentação de promover os seus valores, não pelos valores, mas pela força, pelas milícias e até pelo terror, se “necessário” for. Como dizia Afonso Costa, o PRP devia permanecer no poder para «defender o povo, mesmo contra a vontade do próprio povo».

Esta militância das “boas” causas pode ser um catalisador de “maus” efeitos. Ainda sobre a nossa falhada Primeira República, há dificuldade em dizer abertamente que foi a sua falta de sentido democrático e de respeito pelo povo e instituições que abriu a porta ao Estado Novo. Não foram uns malvados que apanharam o “povo” distraído e usurparam o poder. Foi a vacância desse poder e de credibilidade que lhes deu a oportunidade e permitiu a sua fácil aceitação.

Se hoje podemos agradecer aos movimentos liberais, incluindo os maçónicos, o modelo de sociedade são (pelo menos mais são do que todos os outros), em que vivemos, importante seria chamar o nome às coisas… e assumir e aprender.

Porquê o secretismo ?

Podemos entender que durante a Guerra Civil Espanhola um maçon em território nacionalista, assim como um Opus Deu em zona republicana tivessem interesse e necessidade em permanecerem discretos, a bem da respetiva esperança de vida. Hoje ninguém, neste nosso mundo, corre riscos dessa natureza, donde, qual o interesse ou a necessidade de ficar escondido? Nas minhas contas, quem não deve, não teme e quem não teme não se esconde.

Será mesmo altamente recomendável que não se escondam…? 

Depende…  ver a seguir