Toda violência é condenável e um ato concreto pode ter atenuantes ou agravantes conforme o contexto e as motivações em causa. Todo o cidadão tem o dever de ser protegido e de obter justiça, independentemente da sua situação social ou outra. Não há castas.
Quanto à recente agressão ao ator Adérito Lopes, parece-me
haver claramente uma diferenciação difícil de justificar. Foi um ato
condenável, sem a mínima dúvida, mas entre todas as agressões e crimes que infelizmente
ocorrem diariamente, porque este teve direito a tanta ressonância? Se Adérito
Lopes fosse um trolha a entrar num estaleiro e agredido no mesmo contexto, as
reações seriam as mesmas?
Podemos dizer que sendo um ator, ligado à cultura, há um
simbolismo especial. Então a agressão a Filipe Araújo, vice-presidente da CM do
Porto, foi um ataque ao poder local, a merecer a mobilização solidária de todos
os autarcas…?
Outra diferenciação tem a ver com a identificação do
agressor. Quando se trata de um membro de uma comunidade eventualmente
polémica, como africano, cigano ou imigrante, há um cuidado cirúrgico da
comunicação social em omitir esse detalhe, para evitar “generalizações”. Quando
se trata da extrema-direita, chega a ser noticiada a simples especulação de
“com suspeitas de ligação à…”.
Que fique claro que abomino todo o tipo de iniciativas
“musculadas”, independentemente da cor dos atores, mas quando há esta
desproporção no tratamento dos casos, estamos perante uma diferenciação da justiça
conforme as castas em jogo e, a prazo, acabamos a “beneficiar o infrator”.
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