15 junho 2025

Para que serve a maçonaria? (V)

 Começou aqui 

5) O objetivo atual e potenciais conflitos

Aqui começamos com uma grandessíssima questão. Qual o objetivo atual da organização? Se se trata apenas do desenvolvimento intelectual e filosófico dos seus membros, será assunto privado. Ninguém é obrigado a revelar publicamente o livro que tem na mesinha de cabeceira. No entanto, se falamos de uma associação, vivemos em liberdade associativa, incluindo direitos e deveres. Se eu quiser criar uma associação columbófila ou de amigos da sueca, estas deverão ter estatutos públicos, definindo objetivos, forma de governo, etc... Uma “associação” que evita esta transparência pública e respetivas obrigações deve ser ilegal, talvez... haverá certamente muitos advogados bons conhecedores da realidade em causa que se podem pronunciar.

Agora, se ainda estamos na movida do século XIX em que existe um projeto de transformação social, aí a coisa complica-se. Vivemos em liberdade e podem ser criados partidos, movimentos cívicos e outros, mas que assumam e digam ao que vêm. Uma organização que quer intervir no nosso modelo social, a partir da sombra, parece-me conspiração. Não sei se é ilegal, mas não é bonito, nem havia “nexexidade”…

Claro que um eleito pode confessar a religião que entender, sem ser obrigado a revelá-lo nem a ser condicionado por isso…

Agora, mais uma condicional, tratando-se da pertença a uma organização com estrutura, hierarquia, juramentos e um “projeto” de sociedade, nesse caso a incompatibilidade é clara…

Pode alguém apresentar-se ao eleitorado com um dado programa público, ser eleito, tomar posse jurando a Constituição… para as 2ª, 4ª e 6ªs … e ao mesmo tempo ter promessa de lealdade a outro projeto qualquer, que o povo eleitor desconhece, para as 3ª, 5ªs e sábados… É claro que não.

Embora com menos gravidade, este potencial conflito de interesse pode existir na esfera privada. Tenho na minha equipa o António e o Manuel. O António é atual mestre da minha loja e na próxima sessão será decida a minha subida de grau… O António faz uma grande asneira… terei a mesma “força” para o criticar e eventualmente penalizar do que ao Manuel em caso idêntico, com quem não tenho nenhum relacionamento extraprofissional? E quando for necessário decidir uma promoção na empresa, não estará o António melhor colocado, sem ninguém entender porquê, se até erra mais vezes?

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