29 julho 2025

O negativo na discriminação positiva

Havendo um histórico de discriminação negativa, imerecida, relativamente a um dado grupo, faz sentido que se tente compensar e procurar repor alguma justiça através de uma discriminação positiva posterior.

Isso pode ser conseguido dando prioridade a esse grupo num processo de seleção e, no limite, até exclusividade em situações pontuais. Nada contra. Agora, parece-me que relativamente ao desempenho posterior, a palavra-chave deverá ser igualdade. Função igual, exigência igual, avaliação igual, retribuição igual.

O risco e o desvio aparecem quando se insiste em continuar a considerar alguma discriminação posteriormente. Quando o selecionado, em vez de assumir o desafio e ir a jogo de igual para igual, aprendendo e evoluindo, assume uma postura de vitimização cada vez que é questionado… Quando a hierarquia vê com condescendência e tolerância q.b. os erros e deficiências, numa atitude paternalista que tende a perpetuar um estatuto de inferioridade, não sendo certamente esse o objetivo último do processo.

Este contexto pode ainda degenerar para uma arrogância de quem se sente especialmente protegido e criar uma tribo de “eternas vítimas”, hostilizando os demais. Quando chegamos aqui, a discriminação positiva falhou completamente o seu propósito.

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