24 setembro 2009

O interesse e o princípio

Francisco Louçã é contra os PPR. Eu por acaso também acho que a renda da reforma deve ser fruto de uma transferência equilibrada (a equilibrar...) entre a população activa e a reformada e não principalmente fruto de poupança, mas aqui a discussão não é essa.

Ele teve um PPR, pequenino é certo, mas teve. Ana Drago comprou acções na privatização da PT. Poucas é certo, mas comprou. Na defesa Louçã levanta a bandeira dos pequeninos, são as poupanças de pobrezinhos, mas honestos. Só que em termos de princípios, não há escala.

Se o BE é contra os PPR e as privatizações de algumas empresas, pode-o defender com mais ou menos utopia, não há asfixia. Agora, o que não é defensável é o que interesse do proveito individual passe por cima do princípio. Para um partido tão virgem e puro, procurando capitalizar o facto de ainda não estar manchado por sobreiros, freeports, sln’s e afins, é muito mau!

23 setembro 2009

Alguém tem ainda paciência para estes dois?



E cá estão eles outra vez! Para quê não sei. Li o livro de Gonçalo Amaral, “A verdade da mentira”, entretanto judicialmente banido. Parece que o ex-inspector da PJ está proibido de prestar declarações em defesa da sua tese de que Madeleine está morta e os pais envolvidos. Dir-se-ia que é uma espécie de asfixia, não?

Não entendo nada destes meandros jurídicos, mas da leitura do livro fiquei com algumas questões sem resposta:
  • Porque apagaram o registo das mensagens nos seus telemóveis?

  • Porque “arrumaram” o apartamento antes da chegada da polícia?

  • Será normal que um casal de médicos com 3 filhos daquelas idades, em férias num país estranho, não traga medicamentos?
  • Porque estiveram com a mala do carro aberta a arejar um largo tempo, quando souberam que iam chegar os cães pisteiros?
Ou estarei proibido de publicar isto??

Nota: Foto do DN

21 setembro 2009

Não aconteceu nada – é só fumaça!

Foi com uma frase deste tipo que Marcelo Rebelo de Sousa caracterizou o caso das escutas. Dá-se um puxão de orelhas ao assessor e pronto: não se fala mais no assunto! Oh Sr Professor! O que diria o Senhor se o assunto fosse do outro clã ou até mesmo do seu, mas não assim em cima das eleições? Não haverá aqui mais nada a explicar!??

E o Sr Director do Público que de manhã acha e acusa que somente os serviços secretos poderiam ter entrado no sistema informático do jornal (está a precisar de umas aulas básicas de “segurança em informática é apenas uma questão de tempo e empenho” - até um puto teimoso consegue entrar na Nasa) e a seguir, diz que não, que “detectaram” a saída do email do jornal. Diz o provedor do mesmo jornal que ele e outros jornalistas tiveram o seu correio electrónico hierarquicamente devassado – provavelmente dentro do âmbito da acima referida acção de detecção.

E diz a Dra. Manuela, sempre um passo atrás dos acontecimentos, já depois do desmentido, que não quer viver num país em que o Director de um jornal de referência é espiado! Oh minha senhora: os seus assessores não ouvem as notícias nem lhes actualizam os discursos? E viver num país em que o Presidente da República organiza o lançamento de sibilinos mísseis institucionais deste calibre, não a incomoda?

E diz o Dr Paulo Rangel que não vê no PS solidariedade com os jornalistas do Público! A título de quê é que esta solidariedade deveria ser prestada é que não entendi. Porque se merecem alguma é contra serem objecto de maquinações dos assessores. Na prática não o merecem porque por motivos não explicados, dispararam o míssil mesmo antes das eleições e esquecendo-se de referir que a “pista” da Madeira já tinha sido investigada e não tinha dado nada.

Ontem no telejornal vi lá o Dr Jorge Sampaio e pensei: se este homem se candidata às próximas presidenciais que acontecerá ao PR actual? Conseguirá a proeza de não conseguir fazer os dois mandatos?

Hoje o Dr Cavaco Silva transfere o assessor para outras funções, talvez seguindo o conselho do Prof. Marcelo. Só que esta fumaça deixou cinzas e não vale a pena soprar ou varrer para debaixo do tapete. Vão ficar agarradas às solas dos sapatos do PR.

19 setembro 2009

Uma campanha diferente

Esta campanha tem algo de diferente das anteriores.

Os debates entre os protagonistas tiveram picos de audiências. Qual a parte devida ao interesse genuíno na discussão das propostas e a motivada pelo espírito do duelo, do circo, do gladiador e de assistir em directo à “porrada” não sei dizer. Não deixa de ser curiosa a necessidade que os media tinham de no final arbitrar quem ganhou e quem ficou por terra.

As entrevistas pelos “Gatos Fedorentos” foi uma novidade absoluta. Aqui pode-se colocar a questão sobre se parte do interesse não seria pelo “voyeurismo” e por querer ver o “sangue” da humilhação. O certo é que as legislativas são eleições para primeiro-ministro em que a personalidade do candidato conta muito e é em terrenos diferentes e imprevisíveis que as naturezas se revelam. Curioso de ver o Paulo Portas terrivelmente assustado, aquela voz a falhar até nem sei se não seria dos nervos, e a absoluta e assustadora falta de humor de Louçã, que só se dá bem a falar sozinho.

O quer que esteja a motivar ou a ajudar ao interesse demonstrado, o principal é sem dúvida haver interesse e isso chama-se democracia viva.

E, se querem um palpite, as “bolas fora” de Manuela Ferreira Leite, o facto de não estar em causa um Parlamento Europeu que pouco nos afecta directamente e de não estar do outro lado uma figura fraca como Vital Moreira, deve levar a um resultado muito diferente do PSD face às Europeias. Pela parte que me toca enquanto vir por lá o Santana Lopes, continuo desconfiado.

E sobre o caso do Público ainda vou deixar a poeira assentar.

12 setembro 2009

Desde que antes se lavem as mãos...!


O Ayatollah Mesbah Yazdi é uma figura influente em Teerão e conselheiro do presidente Ahmadinejad. Recentemente colocaram-lhe umas questões sobre os limites aceitáveis no interrogatório de infiéis, a que ele respondeu da forma que transcrevo a seguir.

P: Pode-se considerar lícito do ponto de vista islâmico utilizar meios de pressão psicológicos, emocionais ou físicos?
R: Obter a confissão de qualquer um que é contra a Velaya-é-Fagih (regime islâmico de direito divino) é islâmicamente licito, não importa de que maneira.

P: Pode-se drogar ou dar opiáceos ou qualquer outra substância para conseguir as confissões?
R: Respondo de forma igual à da pergunta anterior.

P: Durante um interrogatório, para obter uma confissão, pode-se violar um prisioneiro?
R : Convém que o interrogador faça as abluções rituais antes e que reze enquanto viola o prisioneiro. Se for uma prisioneira pode-se agredir tanto a vagina como o ânus. Convém não ter testemunhas quando for uma prisioneira, mas para um prisioneiro pode haver quem assista.

P: Q violação de homens e jovens é considerado um acto de sodomia?
R: Evidentemente que não, uma vez que não há consentimento. Se o prisioneiro demonstrar prazer enquanto é penetrado, então não se deve recomeçar.

P: E no caso de uma mulher virgem?
R: Há uma tolerância no caso de uma violação em nome do Islão. Se a pena é a morte, então o que interrogou tem uma recompensa equivalente a uma grande peregrinação hadj (como a Meca) mas se não há pena de morte então o autor é considerado como tendo feito uma peregrinação a Karbala.

P: O que acontece se a prisioneira ficar grávida? A criança é ilegítima?
R: Uma criança nascida de qualquer mulher em luta contra o Valayat é Faghih é considerada ilegítima, quer seja consequência de uma violação ou da sua relação com o seu marido, segundo o nosso Santo Corão. Se a criança for criada pelo interrogador então será um muçulmano chiita legitimo.

E o pessoal que se insurge violentamente contra os interrogatórios musculados das prisões de Bagdad e de Guantanamo, que por acaso até parece que darão processo a sério em tribunal, não tem nada a comentar sobre estes propósitos? Assobia para o lado?

08 setembro 2009

O Sr canta brejeiro e até fala inglês

Fuck them!” foi a bonita exclamação proferida pelo Sr Alberto João, dirigida aos jornalistas, quando questionado sobre o facto de a líder do PSD em visita partidária à Madeira ter utilizado o carro oficial do Governo da Região nalgumas deslocações.

O fundo da questão, por muito errado que esteja, até nem é um escândalo dos maiores nem raro. A enxurrada de inaugurações que por todos os lados precede as eleições é obviamente uma utilização abusiva dos bens e dos recursos públicos com objectivos partidários.

Agora, este bobo da corte vai longe demais. Interrogo-me se já alguém se lembrou de fazer um reportório de todos os insultos e calúnias que este senhor distribuiu ao longo destes anos a pessoas e a instituições do país? Se moralmente é muito para lá dos limites, acho que mesmo legalmente é capaz de já dar matéria para mais qualquer coisa.

Porque é que ele se mantém intocável? Por um lado, os jornalistas gostam destes cromos que apimentam os títulos e as primeiras páginas; por outro lado acho que ao PSD (excluindo talvez Marques Mendes) dá jeito ter assim um “Joker” a quem tudo se “desculpa” e que envia impunemente uns torpedos aos “cubanos da oposição”... De facto, é raro haver um acontecimento ou simples hipótese de acontecimento que não tenha direito a um público e bem difundido arroto do Sr, que sabe inglês!

Só que desta vez o torpedo é boomerang. Azar dos azares: Manuela Ferreira Leite um dia acusa o PS de asfixiar a democracia do país, no dia seguinte está na Madeira e diz que lá é tudo exemplar? Ó minha senhora!!! Cadé o seu rigor e seriedade, imagem de marca e seu principal activo? Não entende a senhora que tudo e mesmo tudo de que acusa o PS e Sócrates, na Madeira está amplificado com factor 10? E é exemplar assim ? Se a coisa já tinha ficado tremida com a escolha de Santana para a Câmara de Lisboa, estas palminhas ao brutamontes estragaram o resto.

Foto do site do "Público"

06 setembro 2009

A Massa para a Biomassa

Quando todos os anos se vê a energia libertada pelas chamas dos incêndios florestais, mais milhar de hectare, menos milhar de hectare, sendo uma boa parte dela originada por mata não limpa, pode-se imaginar o quão interessante seria aproveitar controladamente essa energia, em vez de ela se perder assim destrutivamente.

Antigamente esse aproveitamento ocorria porque se “ia à lenha”. Hoje há formas mais complexas e de em grande escala gerar energia com esse material, genericamente designado por biomassa. Dentro do programa de desenvolvimento de energias renováveis e da redução de dependência dos combustíveis fósseis, a biomassa é um eixo importante. Em contas por alto e em fases diversas de realização podem-se contar aí umas vinte centrais em desenvolvimento.

Só que... só que enquanto o fogo chega rapidamente ao mato, os largos milhares de toneladas de mato em questão não chegam assim tão facilmente às caldeiras dessas centrais. Tem custos. Dentro do esforço político de promover as energias renováveis para ajudar a rentabilizar o investimento na central, subsidia-se o valor de venda da energia produzida. Os investidores acham pouco: em Espanha e noutros países europeus é o dobro.

Ora bem, faz todo o sentido “potenciar” esta actividade, mas seria bom que entrasse nas caldeiras unicamente mato e subprodutos florestais e não árvores inteiras de madeira boa. É que ao contrário da solar que não rouba Sol a ninguém, aqui a floresta está por trás de duas importantíssimas actividades económicas em Portugal: a pasta/papel e os painéis de aglomerados. E ambas não têm naturalmente subsidio à venda nos mercados internacionais para poderem acompanhar o aumento do custo da matéria prima inflacionada por uma ajuda excessiva à produção de energia eléctrica a partir da biomassa.

Nem sempre o simples livro de cheques público é a melhor solução. Em vez de subsidiar o preço do Kwh produzido porque não, por exemplo, pôr a população prisional a limpar as matas e a recolher a biomassa dos montes?

04 setembro 2009

O despedimento da cabeleireira

Se o objectivo era limitar e condicionar a difusão de informação comprometedora sobre o Freeport, era e foi naturalmente inconsequente. Se o objectivo era castigar Moura Guedes, a altura é a pior. Se foi mão do PS é o chamado “tiro no pé” – Grande azelhice!
Mas, se o PS pode pedir esse "favor" à Prisa, também poderia pedir a suspensão ou adiamento da acção, não?

Terá o PSD conseguido maquiavelicamente este golpe (in)oportuno? Naaa, se fosse o Paulo Portas ou o Marcelo Rebelo de Sousa, talvez. Enfim, não sei!

Ou terá simplesmente alguém ter achado que a linha editorial da senhora que, como eu digo atrás parece muito mais o de uma sibilina cabeleireira de bairro do que o de uma jornalista não prestava e ter decidido acabar com essa pobreza?
Se a Prisa está em aperto financeiro e quer vender a Media Capital, pode ter pressa em desinfectar a casa (e quem conhece os espanhóis sabe que quando decidem, não são muito de empatar com rodriguinhos).

03 setembro 2009

João Gonçalves Ferreira



Originário de Galegos, Barcelos, como tantos outros incluindo as Ramalho.
Encontrei-o por acaso nas Festas de Viana e gostei da originalidade dos cenários e das expressões dos bonecos.


PS: Sobre o despedimento da "cabalereira" falo amanhã porque me cheira que quem comentou à pressa ainda se vai arrepender.

01 setembro 2009

Eu entendo, mas...

Eu entendo que em campanha eleitoral o pessoal se entusiasme mas enfim....

Francisco Louça diz que é preciso desprivatizar. Que se as Águas de Portugal não devem ser privatizadas porque assim será possível garantir água gratuita aos portugueses.... Gratuita? Porquê ? Virá da chuva directamente para os nossos depósitos? Os custos de captação, tratamento e distribuição serão pagos por quem? Por S. António, S. Pedro ou S. João? Ou pelos ... impostos ... ? Será que o economista está a precisar de formação contínua?

Paulo Portas no mesmo telejornal consegue defender que se devem contratar desempregados com condições especiais.... e deve ser possível fazer horas extra sem carga fiscal...Reduzir as horas extras, não será uma forma de dar trabalho aos desempregados? Não é fácil ser o verso e o reverso ao mesmo tempo...

Enfim.....