24 novembro 2014

Presunção de injustiça?

José Sócrates desperta paixões. Para as negativas é motivo de júbilo ele ter sido detido; para as positivas é um choque e impõe-se uma relativização/teoria da conspiração e até uma certa “presunção de injustiça”. No entanto, quem já foi passar um simples fim-de-semana a Paris, questiona-se certamente como um ex-servidor do Estado pode ter ou obter fundos para viver lá um ano inteiro como ele viveu.

As reações oficiais, responsáveis, apontam para a necessidade de separar a justiça da política e está certo, mas talvez apenas por agora … Ou Sócrates está/sai inocente, ou o problema pode chegar à política, sobretudo se se provar que a origem dos fundos em causa está dalguma forma relacionada com as suas anteriores funções de ministro e primeiro-ministro. Pior ainda será se ficar evidenciado que estes fundos tresmalhados não constituem um caso pontual mas sim sistémico.

A prudência oficial dos outros quadrantes políticos pode ter mais a ver com os vidros nos telhados do que com os “princípios”. Neste momento quero acreditar que a justiça tem fortes razões para agir como agiu e que algumas televisões terem estado no aeroporto será efeito de bufaria individual e não institucional. Não sabemos detalhes nem temos que os saber hoje, mas insinuar ou afirmar que não havia necessidade de o deter é, no mínimo, pouco fundamentado.

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