21 novembro 2014

DDT ou PDT?

Chamar a Ricardo Salgado “Dono Disto Tudo” era um grande exagero. Os activos geridos por ele, se bem que com algum significado, estavam muito longe de serem “isto tudo”. Aliás, entre o que o GES geria e o que tinha mesmo, ia uma diferença muito grande, graças ao efeito de alavanca das participações em cascata. Se eu tiver 51% de A, quem tem 51% de B, que tem 51% de C, eu controlo C, apesar de no fundo não possuir mais do que o equivalente a 13% seu capital (0,51 x 0,51 x 0,51).

Uma expressão melhor adequada seria PDT : “Patrão Deles Todos”. De facto, Ricardo Salgado não era dono do país. “Apenas” mandava nos seus mandatários. No fundo, era também uma espécie alavancagem. Não é preciso ser dono do país, basta mandar em quem nele manda. A coutada do GES albergava e alimentava uma boa parte dos políticos passados, actuais e mesmo futuros.

A história o dirá, mas esta falência do país e consequente intervenção da troika, para lá de tudo que já se sabe e se berra, terá tido um efeito positivo. Não há dinheiro, não há vícios. O PDT deixou de ter dinheiro para os pagar a eles todos. Durante algum tempo ainda aspirou tudo que podia da PT, bem alavancada, e escandalosamente saqueou as poupanças de muito boa gente, para quem um banco e uma família centenária de banqueiros eram um garante de seriedade. Veremos como ficará tudo no fim.

Sou optimista e quero acreditar que algo mais limpo será.

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