31 março 2006

Em homenagem ao Deus da Luz



E inventemos uma palavra: Fotofilia.

Do grego: phótos “luz” + phílos “amigo/amante”

Pódio



Há sempre diferentes formas e estilos de procurar chegar ao primeiro lugar do pódio...

Contabilizando preces

Este mundo está sempre a tempo de nos surpreender! O New York Times de hoje apresenta o resultado de um estudo feito nos “States” (aliás, isto, mesmo só lá!) sobre a influência de ser ou não objecto de prece na recuperação de uma importante cirurgia cardíaca.

O estudo durou quase 10 anos e envolveu 1802 doentes que receberam um bypass de coronária. Dividiram-nos em três grupos. Um deles não foi “rezado”. Os outros dois grupos sim, mas um deles sabia que estava a ser “rezado” e o outro ignorava. Escolheram congregações religiosas para rezar, dando-lhes mesmo instruções precisas sobre a frase a incluir, igual para todos, não fossem algumas preces resultarem mais incisivas e, quem sabe, de efeito diferenciado.

Em conclusão, parece que as orações não deram grandes vantagens aos “rezados”. Pelo contrário, aqueles que o sabiam desenvolveram mais complicações pós-operatórias, talvez por ansiedade.

Os “pró-preces” acham que o estudo não é conclusivo porque existem muitos casos concretos em que se sabe que a oração teve efeito positivo. Um problema que não foi resolvido, também, é que não foi considerada no estudo a quantidade (é isso: calculada e somada) de preces que cada paciente recebeu dos seus amigos, familiares e outras congregações que rezam diariamente e genericamente pelos doentes do mundo. E, isto, pode ter induzido distorções!!!

Ironias à parte, cada qual tem o pleno direito de invocar os seus valores e a sua fé, seja ela qual for e por maioria de razão nestes momentos críticos. Acredito que estabilidade psíquica e emocional é seguramente um factor importante para a estabilidade fisiológica. Agora, esta perspectiva de que umas horas de prece, quase profissionalizadas, têm que ajudar, parece-me mais o oposto do que deveria ocorrer. Não estou a ver o impacto positivo para o doente conhecer que o seu nome faz parte duma lista que é endereçada regularmente por essa espécie de “pré-carpideiros”. Enfim, cada qual como cada um e se isso for respeitado, já está bem.

29 março 2006

Recolher ou cultivar empregos

Há uns anos atrás, quando estava a iniciar um processo de recrutamento na Bélgica, disseram-me que havia uma fonte enorme de candidatos que era o organismo oficial de emprego/desemprego.

Acontecia o seguinte: os recém-licenciados, imediatamente após concluirem o seu curso, inscreviam-se directamente no “desemprego” e, após algum tempo, creio que 6 meses, passavam a receber um subsídio de desemprego, mesmo sem nunca terem tido trabalhado. Não sei se essa legislação foi entretanto alterada. Sei que era claro para mim que a pessoa que procurávamos não era seguramente alguém que, após terminar os estudos, ficava à espera passivamente que se completassem alguns meses para começar a receber o subsidio de desemprego a que “tinha direito”.

Recordei-me deste caso a propósito das actuais manifestações em França. Como é possível que dois anos de “precaridade” sejam um drama para quem está a começar a vida? Saberão eles que a sociedade do emprego não é “recolectora” mas sim “cultivadora”. Saberão eles que emprego não é um fruto feito que se colhe e que eles, assim, estão a queimar o terreno de cultivo? Saberão eles que a actual legislação laboral francesa afasta quem lá está e não traz novos?

Por outro lado, creio que não queremos seguramente ter na Europa padrões sociais iguais aos chineses. Não queremos trabalhar nem viver como eles. Agora, para endereçar o problema, será necessário queimar automóveis e fazer a triste “gincana” político-social-laboral? Acho que não. Vai abrir terreno de cultivo para aquelas espécies oportunistas e perigosas que medram na desilusão irresponsável. Vai dar asneira.

26 março 2006

Em que a distância nos traga perto



Vamos imaginar que é uma despedida… Na despedida tudo se tolera, porque sobre os excessos e a verdade em breve um pano correrá e o desconforto encerrará.

Vamos imaginar que depois da despedida, os excessos e a verdade se vão misturar com uma nostalgia por inaugurar e em que não vale a pena ninguém se zangar.

Tenho-me fartado de imaginar, re-despedidas reinventar. Tenho camuflado a lógica de pensar, o excesso que na verdade se arrasta e a distância que a presença traz.

Tenho aumentado e desenvolvido a falsidade que a normalidade dá. Tenho sonhado, parado e retomado a imagem de uma despedida com ou sem verdade, o desejo de baralhar e tornar a dar, um botão de "reset" pressionar.

Tenho-me convencido, em contra-mim, que tanto excesso não pode ser verdade. Tenho sobretudo me esforçado em não me despedir da delicadeza que, teimoso, insisto em colocar no gosto incerto de cada amanhã.

24 março 2006

Coisas Fundadas

Encontrei num registo de visita aqui no Glosa Crua um IP de uma fundação que desconhecia. Ao procurar alguma informação mais sobre ela, descobri que existe um Centro Português de Fundações. O seu sítio internet inclui uma lista de membros .

A minha enciclopédia diz que uma fundação é “instituição de interesse público criada por doação” e eu, confesso, fiquei um pouco surpreso com tanta filantropia e altruísmo.

Ainda por cima, como vim a verificar, está longe de estar completa. Entre outras faltam, por exemplo, a “Fundação Vitor Baía” e a “Fundação PortoGaia para o Desenvolvimento Desportivo”.

LISTA DE FUNDAÇÕES:

FUNDAÇÃO A C SANTOS
FUNDAÇÃO A LORD
FUNDAÇÃO ABEL DE LACERDA
FUNDAÇÃO ALENTEJO
FUNDAÇÃO ANTERO GONÇALVES
FUNDAÇÃO ANTÓNIO MANUEL FIGUEIREDO SARDINHA
FUNDAÇÃO ARPAD SZENES – VIEIRA DA SILVA
FUNDAÇÃO ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL (AMI)
FUNDAÇÃO AURORA RESSURREIÇÃO COELHO BORGES
FUNDAÇÃO BISSAYA BARRETO
FUNDAÇÃO BRACARA AUGUSTA
FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN
FUNDAÇÃO CASA DA CULTURA DE LÍNGUA PORTUGUESA
FUNDAÇÃO CASA DE MACAU
FUNDAÇÃO CASA-MUSEU MAURÍCIO PENHA
FUNDAÇÃO CECÍLIA ZINO
FUNDAÇÃO CENTRO CULTURAL DE BELÉM
FUNDAÇÃO CENTRO SOCIAL BAPTISTA
FUNDAÇÃO CIDADE DE LISBOA
FUNDAÇÃO CÍRCULO DE LEITORES
FUNDAÇÃO COMENDADOR JOAQUIM DE SÁ COUTO
FUNDAÇÃO CONDESSA DA PENHA LONGA
FUNDAÇÃO CULTURSINTRA
FUNDAÇÃO CUPERTINO DE MIRANDA
FUNDAÇÃO D. LUÍS
FUNDAÇÃO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
FUNDAÇÃO DAS CASAS DE FRONTEIRA E ALORNA
FUNDAÇÃO DAS UNIVERSIDADES PORTUGUESAS
FUNDAÇÃO DAVID LOPES
FUNDAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS (PRO DIGNITATE)
FUNDAÇÃO DE SERRALVES
FUNDAÇÃO DENISE LESTER
FUNDAÇÃO DO DESPORTO
FUNDAÇÃO DO GIL
FUNDAÇÃO DOM ANTÓNIO RIBEIRO
FUNDAÇÃO DOM MANUEL II
FUNDAÇÃO DOM PEDRO IV
FUNDAÇÃO DONA MARIANA SEIXAS
FUNDAÇÃO DOS BOTELHOS DE NOSSA SENHORA DA VIDA
FUNDAÇÃO DR. AGOSTINHO ALBANO DE ALMEIDA
FUNDAÇÃO DR. JOSÉ RIBEIRO ESPÍRITO SANTO SILVA
FUNDAÇÃO DR. LUÍS ARAUJO
FUNDAÇÃO ENGENHEIRO ANTÓNIO DE ALMEIDA
FUNDAÇÃO ENGENHEIRO ANTÓNIO PASCOAL
FUNDAÇÃO ESCOLA PROFISSIONAL DE LEIRIA
FUNDAÇÃO EUGÉNIO DE ALMEIDA
FUNDAÇÃO FAUSTO DIAS
FUNDAÇÃO FERNANDO PESSOA
FUNDAÇÃO FERNÃO DE MAGALHÃES
FUNDAÇÃO FREI PEDRO
FUNDAÇÃO GOMES TEIXEIRA
FUNDAÇÃO GRUNENTHAL
FUNDAÇÃO HORÁCIO ROQUE
FUNDAÇÃO ILÍDIO PINHO
FUNDAÇÃO JOÃO JACINTO MAGALHÃES
FUNDAÇÃO JOAQUIM DOS SANTOS
FUNDAÇÃO JORGE ANTUNES
FUNDAÇÃO JOSÉ BERARDO
FUNDAÇÃO JOSÉ RELVAS
FUNDAÇÃO JÚLIO RESENDE (LUGAR DO DESENHO)
FUNDAÇÃO LAR DE CEGOS DE NOSSA SENHORA DA SAÚDE
FUNDAÇÃO LIVRARIA ESPERANÇA
FUNDAÇÃO LUSÍADA
FUNDAÇÃO LUSO-AMERICANA PARA O DESENVOLVIMENTO
FUNDAÇÃO LUSO-BRASILEIRA PARA DESENVOLVIMENTO DOMUNDO DE LÍNGUA PORTUGUESA
FUNDAÇÃO MANUEL SIMÕES
FUNDAÇÃO MARIA ANTÓNIA BARREIRO
FUNDAÇÃO MARIA GUILHERMINA DE DEUS RAMOS SOARES LOPES
FUNDAÇÃO MARIA ISABEL DO CARMO MEDEIROS
FUNDAÇÃO MARIA ULRICH
FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES
FUNDAÇÃO MEDEIROS E ALMEIDA
FUNDAÇÃO MERCK SHARP & DOHME
FUNDAÇÃO Mª. MANUELA E VASCO DE ALBUQUERQUE D'OREY
FUNDAÇÃO NARCISO FERREIRA
FUNDAÇÃO NORTECOOPE
FUNDAÇÃO OBRA DO PADRE LUÍS
FUNDAÇÃO OCEANIS
FUNDAÇÃO ODEMIRA
FUNDAÇÃO OLIVEIRA MARTINS
FUNDAÇÃO ORIENTE
FUNDAÇÃO OS NOSSOS LIVROS
FUNDAÇÃO PADRE SAÚDE
FUNDAÇÃO PARA DIVULGAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
FUNDAÇÃO PARA A COMPUTAÇÃO CIENTÍFICA NACIONAL (FCCN)
FUNDAÇÃO PARA A SAÚDE
FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO DE ALVERCA - CEBI
FUNDAÇÃO PLMJ
FUNDAÇÃO PORTUGAL TELECOM
FUNDAÇÃO PORTUGUESA DAS COMUNICAÇÕES
FUNDAÇÃO PORTUGUESA DE CARDIOLOGIA
FUNDAÇÃO PORTUGUESA PARA O ESTUDO, PREVENÇÃO E TRATAMENTO A TOXICODEPENDÊNCIA
FUNDAÇÃO RANGEL DE SAMPAIO
FUNDAÇÃO RICARDO DO ESPÍRITO SANTO SILVA
FUNDAÇÃO ROTÁRIA PORTUGUESA
FUNDAÇÃO SALVADOR CAETANO
FUNDAÇÃO SARAH BEIRÃO E ANTÓNIO COSTA CARVALHO
FUNDAÇÃO SOCIAL DEMOCRATA DA MADEIRA
FUNDAÇÃO SOCIAL DO QUADRO BANCÁRIO
FUNDAÇÃO SOLHEIRO MADUREIRA
FUNDAÇÃO SOUSA DA FONSECA
FUNDAÇÃO STANLEY HO
FUNDAÇÃO STELA E OSWALDO BONFIM
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE LISBOA (F.U.L.)
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE PORTUCALENSE INFANTE D. HENRIQUE

22 março 2006

Ainda o ensino…

Quatro coisas e, desta vez, sem falar em professores:

1. Assumir de uma vez por todas que a chamada “democratização do ensino” no sentido de que “todos os alunos devem ter curricula iguais” é uma utopia desajustada da realidade. Existir igualdade de oportunidades é claramente um direito indiscutível. As capacidades intelectuais são, no entanto, distintas e, como tal, a uniformização provocará forçosamente um nivelamento por baixo. Prolongar este modelo para 12 anos de ensino obrigatório é um absurdo e será dramático para a nossa riqueza futura.

2. Colocação de professores. Nenhuma empresa privada, preocupada com os seus resultados, contrataria os seus colaboradores baseada unicamente no resultado de um programa de computador. No entanto, neste caso, o programa tem critérios claros. Melhor ou pior ajustados mas conhecidos. O mesmo não se poderá dizer de uma lista saída, directa ou indirectamente, do gabinete do presidente da câmara. Enquanto não houver uma mudança nesta “cultura”, é melhor deixar ser o computador a fazer o trabalho.

3. Manuais escolares. Uma comissão técnica préseleciona as propostas válidas. Em seguida passar-se-ia a um processo de compra competitivo para um pacote amplo em referências e em duração. Sendo o processo bem organizado e sério, e acreditamos que tal seja possível, não estranharia ver reduções de preços superiores a 30%. Aposto que as editoras não gostariam, apesar de pouparem na distribuição de milhares de manuais de promoção.

4. Responsabilização. Os pais e encarregados de educação assumirem e fazerem assumir pelos alunos que uma boa parte, provavelmente maioritária, do seu sucesso, está unicamente nas suas próprias mãos. Acabar de vez com a cultura “lamechas” da impotência por falta de condições e etcs.

(O facto de não referir aqui professores, não significa que não haja, para alguns, coisas também a dizer...)

PS: O rezingão regressou...

15 março 2006

Capitalismo?

Ao responder ao comentário deixado pela Tita no post sobre os capitalismos, a propósito das OPA’s, estendi-me um pouco demais e resolvi trazer o texto para aqui.

Acedo a este blog com a minha ligação à Internet que utiliza infra-estrutura instalada com os capitais da PT. Pago a conta da PT também por Internet, pelo BPI. E acho muito bom que possa usufruir destes serviços com relativa qualidade para a PT e muito boa para o BPI. Acho excelente haver três operadores de telemóveis em vez de um único público.

Tudo isto é realizado por dinheiro, de quem o tem. Com capitais colocados directa ou indirectamente nas empresas. E, quem coloca o seu dinheiro, é para o rentabilizar.

Todas as empresas têm que sobreviver, por vezes não é fácil, e isso passa muitas vezes pela dimensão. Não serve de nada existirem empresas que perdem dinheiro, que nos cobram demasiado sem terem concorrência ou que sobrevivam à custa dos nossos impostos.

A Sonae comprar a PT poderá ser bom se a tornar mais eficiente e seu pagar menos pela ligação ADSL, que custa uma barbaridade… mas tenho dúvidas sobre se irá baixar… não creio que ganharão mais clientes por isso. Se a Sonae comprar a PT para deixarmos de pagar os comissários políticos da sua organização será bom. A fusão da Optimus com a TMN é inaceitável para a concorrência na área e não é começando agora um quarto operador de zero que resolve. A Sonae revender a PT inteira ou aos retalhos pode ser um excelente negócio para a Sonae. Não necessariamente para o país.

A compra do BPI pelo BCP para mim será um problema. Além de ficarmos com poucos bancos (além da Caixa teremos basicamente o Santander e o BES dos quais tenho má memória), gosto da flor de laranjeira do BPI e tenho alguma alergia ao roxo pesado do BCP. O facto é que se isto não acontecer, mais tarde ou mais cedo algo de parecido ocorrerá e até com o próprio BCP.

O “caminho” vai ser por aí e é fundamental ter, não necessariamente empresas publicas facilmente ineficientes e delapidadoras da riqueza de todos nós, mas um governo forte que regule com rigor e firmeza os sectores estratégicos porque o interesse dos privados não coincide sempre com o interesse do país.

14 março 2006

Desenvolver o Douro

Tenho alguma dificuldade em falar objectiva e friamente sobre o Alto Douro. Há algumas dezenas de anos que tenho uma relação afectiva muito forte com aquela região assombrosa e que o serpenteio ao longo das suas margens. Uma particularidade do Douro é de, em grande parte, não se tratar de uma paisagem natural mas sim transformada pelo homem. E é muito bela.

Vem isto a propósito do projecto da auto-estrada que irá substituir o IP4 e que os autarcas da Régua, Santa Marta e Mesão Frio querem fazer passar à sua porta. Conheço bem as ligações existentes na zona para reconhecer que, por exemplo, Mesão Frio - Régua tem tanto de bonito quanto de impraticável e o mesmo se poderá dizer da saída para norte de Santa Marta. Agora, também conheço a desgraça paisagística completa que é a A24 na saída da Régua para Vila Real. Uma boa parte do Baixo Corgo ficou completamente desfigurada pelos pilares e viadutos brutais. Custa a crer que não fosse possível fazer algo com menor impacto.

Se os autarcas procuram fazer algo igual na margem direita do Corgo, isso não vai potenciar o “Douro Património da Humanidade". Vai é acabar de vez com a beleza da área. Sem dúvida que é necessário melhorar a rede viária ao longo do Douro e, se calhar, o Douro Superior até está muitíssimo pior servido. No entanto, se a solução é espetar colunas e estender viadutos pelas duas margens de cada rio e riacho, isso não é necessariamente desenvolvimento. Isso é destruição. E seria pena...

E, para desgraça, também já basta a arquitectura que por lá se tem feito.

12 março 2006

Definições de Capitalismo

Já há uns tempos grandes atrás, recebi um texto, de origem incerta, com umas definições de capitalismo que me parecerem muito adequadas, oportunas e didácticas. Transcrevo algumas das recebidas:

CAPITALISMO TRADICIONALTens duas vacas.
Vendes uma vaca e compras um boi.
A manada multiplica-se e a economia cresce.
Vendes a manada, reformas-te e vives dos rendimentos.
CAPITALISMO ENRONTens duas vacas.
Vendes três delas a uma das tuas empresas cotadas em bolsa, usando letras de crédito criadas pelo teu cunhado no banco.
Fazes o saldo da dívida através de uma oferta geral associada pela qual obtenhas as quatro vacas de volta, com isenção de impostos por cinco vacas.
Os direitos do leite das seis vacas é transferido através de uma intermediária para uma sociedade anónima nas Ilhas Cayman, detida pelo principal accionista que volta a vender os direitos das sete vacas à tua empresa cotada em bolsa.
O relatório anual diz que a tua empresa detém 8 vacas, com uma opção de compra de mais uma.
O público compra o teu boi.
NUMA EMPRESA AMERICANA...Tens duas vacas.
Vendes uma e forças a outra a produzir o leite de quatro vacas.
Surpreendes-te quando ela cai morta.
NUMA EMPRESA CHINESA...Tens duas vacas.
Tens 300 pessoas a mugi-las, pelo que alegas taxa de desemprego zero, alta produtividade de bovinos e prendes o jornalista que revela os números.
NUMA EMPRESA PORTUGUESAHá 2 vacas.
A manada não se multiplica porque o Estado nunca mais fornece o boi.
Com toda a justiça moral, deixas de pagar os impostos porque o Estado “não faz nada!”.
As vacas fazem greve porque afinal elas é que dão o litro... e dizem que com mais duas vacas ao serviço só precisavam ser mungidas dia sim, dia não.
A produção vai pelas ruas da amargura; o distribuidor esfrega as mãos decontente, importa leite espanhol e até o vende mais barato. A empresa só não vai à falência porque iniciou um engenhoso negócio de facturas falsas
.

E acrescentei mais umas variantes, que não estavam no texto original:
NUMA EMPRESA BELGA
Há duas vacas. Uma flamenga e uma francófona. Não é possível trocar uma vaca por um boi porque isso destruiria o equilíbrio comunitário.
A manada estagna mas vive bem cobrando comissões aos agricultores que vão as Bruxelas negociar as suas quotas leiteiras.

NUMA EMPRESA FRANCESA
Tens duas vacas.
Crias um leite diferenciado e especialmente leve, mugindo as vacas de patas para o ar.
O rendimento não é grande por falta de colaboração das vacas e por perdas na recolha. No entanto, a PAC é generosa e cobre todos os prejuízos.

NUMA EMPRESA ARGENTINA
Há um boi e uma vaca!!!
Infelizmente o boi só gosta de vacas francesas e a vaca detesta bois do 3º mundo.
A empresa vai à falência porque tem que importar bezerros e pagá-los em dólares.

NUMA EMPRESA ESPANHOLA
Tens duas vacas.
As vacas produzem diariamente:
500 toneladas de chocolate ‘cacao-free’
1200 litros de azeite absolutamente virgem de azeitonas (0%)
800 kg de paté de fígado de batata
A empresa prospera e, no final, vendes as vacas como sucedâneo de touro para as touradas portuguesas.

10 março 2006

Planeta Forbes

É sempre interessante, quase apaixonante, dar uma vista de olhos à lista ordenada dos mais ricos do mundo publicada pela Forbes. Folhear os nomes e a pequena/grande história por trás de cada nome, mais curta/mais longa, mais feia/mais elegante.

A deste ano acabou de sair e traz mais gente. Passamos de 691 para 793 milionários. Veremos se com a desvalorização do dólar a tendência não será para subir ainda mais… Dos 452 nomes, 57%, são “self-made men”, ou seja, foram eles que criaram a sua fortuna. Admirável! A riqueza destes 793 indivíduos, somada, é ligeiramente superior ao PIB da Alemanha, sétima economia mundial.

À cabeça, e pela décima segunda vez consecutiva (!), está Bill Gates. Ironicamente, apesar de assentar a sua fortuna numa empresa tecnológica, nunca inventou realmente nada de importante. Aproveitou e muitíssimo bem o erro de avaliação estratégico da IBM que não foi capaz de prever o sucesso dos PC’s (se tivesse previsto, o sucesso não teria ocorrido mas isso é outra história…).

De realçar a quantidade de “jovens” russos, a maior parte na casa dos 40, que jogaram muito bem nas privatizações de Ieltsin receitadas pelo FMI. Enquanto Roman Abramovich, mais conhecido cá por ser patrão do Chelsea, lá está num brilhante 11º lugar, o seu colega Mikhail Kodorkovski, que era o homem mais rico da Rússia, desapareceu. Está a cumprir 8 anos de prisão na Sibéria por fraude fiscal. A diferença, mais subtil, é que Kodorkovski mostrou veleidades de intervir politicamente: “easy comes, easy goes!”

Da grande e pujante China, nem um para amostra. Chineses de Tawain, Hong Kong, Singapura e outros países, há. De África, nem um nome. Estranho! Creio existirem por lá uns nomes que deverão ter escapado ao radar.

Num “modesto” 746º lugar, salta à vista a inglesa Joanne Rowling de 40 anos. “Só” escreveu 8 livros que venderam 310 milhões de exemplares. Os livros tinham no título “Harry Potter”.

Ainda uma menção para a subida de Steve Jobs para o 140º lugar. Foi dado como arrumado depois da quase ruína da Apple. Criador nato e teimoso regressou e hoje Ipod, Itunes e Pixar são nomes que dispensam apresentações.

E há mais, muito mais, em http://www.forbes.com/billionaires/

08 março 2006

Novas cruzadas, não obrigado!

Guerra de civilizações? Não compro, não compro, não compro! Conheço vários muçulmanos e nenhum deles minimamente interessado em declarar guerra ao Ocidente. A maior parte quer viver dignamente e até nem se importaria de ter no seu país um quadro social igual ao do Ocidente. Da mesma forma como conheço vários alemães que não são neo-nazis.

Quando alguns inteligentes declaram uma guerra de civilizações face ao que se passa no médio Oriente, demonstram uma generalização abusiva, fruto de ignorância e de consequências perigosas. Terão amigos muçulmanos? Já alguma vez terão conversado com alguém do lado de lá, ou estarão a ver e a julgar o mundo somente a partir do adro da sua paróquia??

O Irão querer ter uma arma nuclear é perigosíssimo, obviamente. Agora, que o Irão e a Síria manipulem a sua opinião pública para evitar um Iraque bis, é expectável. As reacções aos famosos cartoons são injustificadas e desproporcionadas. Mas, será que já nos esquecemos dos casos nas prisões americanas no Irão e em Guantanamo em que, para pressionar os prisioneiros, valeu tudo, incluindo chocá-los com abusos sobre as suas referências religiosas? Se, depois disto, o “Zé da rua” em Teerão está susceptível e facilmente manipulável, não será assim tanto de estranhar, pois não?

Do que não precisamos seguramente é de relançar um espírito de cruzada e de afrontamento cultural redutor. Isso é jogar o jogo, perigoso, dos fundamentalistas. Deveríamos passar.

05 março 2006

Entre o Sal e a Lua



O Mel e o Sal, o Sol e a Lua.

A doce ternura do sucesso, abraça os braços inseguros, embala mil sonhos de criança e derrete o gume do engenho.

O sal do sonho incompleto, é um vento Norte agreste que aguça a cega expectativa, a dor sem dor agita.

O ganhador, não vive sem açúcar, viciado em qualquer xarope, que engole em contínuos sorvos, tem um hálito que enjoa.

O perdedor, tem de sal curtida a alma numa lenta e ácida secura. Goza uma intimidade com o infinito, enquanto o vento lhe ulcera a vista.

O normal, evita o mel em demasia, receia o sal que não domina, avança sem um reparo, sorri como quem chora.

O pensador, pensa que o sal e o mel algum pai hão-de ter, algum lar podem receber. E ignora os sentimentos que nascem órfãos em cada instante.

O poeta no início intoxicou-se de sal e destila na pedra filosofal lágrimas que partem vida abaixo. Para quem as bebe, trazem mel. E o poeta sorri arrepiado, incrédulo e reconfortado, pelo milagre da sua desgraça tornar o mundo mais doce

A vida, de sal e mel nos fustiga. Eterna montanha russa que só nos resta saborear nos intervalos mágicos entre o rir e o chorar.

03 março 2006

Febre de informação

A gripe das aves tomou conta de um enorme espaço nos meios de informação. Não há telejornal em que não apareça um pato, ou um cisne morto, suspeito ou confirmado. Sendo um problema potencialmente muito grave, é para mim chocante a quase ausência nesses enormes espaços dedicados ao assunto de mensagem didáctica e de instruções claras de prevenção e de como agir "em caso de...".

Sintomático é o facto de a primeira criação doméstica de aves em França ter sido infectada poucos dias depois e na proximidade do local onde foi descoberto o primeiro caso selvagem. O proprietário foi mesmo entrevistado por repórteres que tinham andado a cirandar ao longo do lago onde a ave morta tinha aparecido, antes de se terem tomado as necessárias medidas sanitárias. Não é suficiente para estabelecer uma relação de causa-efeito, mas o circo mediático montado no local foi realmente o oposto do que se deveria ter feito. Imagino só o que os franceses diriam se isto tivesse acontecido, por exemplo, na Bélgica!

E se amanhã aparecer um caso confirmado em Portugal? Teremos directos "em cima do acontecimento", seguidos de entrevistas a avicultores da região pelos mesmos jornalistas nos automóveis que terão pisado excrementos contaminados? Teremos uma romaria "turística" como é habitual? Saber o que devemos fazer é muito mais informação do que a imagem de mais um cisme morto. Talvez seja menos espectacular...

01 março 2006

Voar para a discoteca

Por 99 Euros os alemães de Frankfurt ou Munique podem ir curtir a noite a uma discoteca .. em Palma de Maiorca. O preço inclui os voos de ida e regresso, transporte entre aeroporto e discoteca, entrada e consumo mínimo.

As companhias aéreas de baixo custo estão a revolucionar a mobilidade. Que seja mais barato para os ingleses ir tratar os dentes na Polónia ainda terá alguma lógica/utilidade. Agora, para esta actividade de lazer, parece-me chocante. Andam uns preocupados com o efeito de estufa, com o impacto significativo que o protocolo de Quioto trará para as economias e etc. Outros andam a queimar combustível para irem, por uma noite, dançar e beber a milhares de quilómetros de distância…. Não bate certo… acho eu!