03 março 2006

Febre de informação

A gripe das aves tomou conta de um enorme espaço nos meios de informação. Não há telejornal em que não apareça um pato, ou um cisne morto, suspeito ou confirmado. Sendo um problema potencialmente muito grave, é para mim chocante a quase ausência nesses enormes espaços dedicados ao assunto de mensagem didáctica e de instruções claras de prevenção e de como agir "em caso de...".

Sintomático é o facto de a primeira criação doméstica de aves em França ter sido infectada poucos dias depois e na proximidade do local onde foi descoberto o primeiro caso selvagem. O proprietário foi mesmo entrevistado por repórteres que tinham andado a cirandar ao longo do lago onde a ave morta tinha aparecido, antes de se terem tomado as necessárias medidas sanitárias. Não é suficiente para estabelecer uma relação de causa-efeito, mas o circo mediático montado no local foi realmente o oposto do que se deveria ter feito. Imagino só o que os franceses diriam se isto tivesse acontecido, por exemplo, na Bélgica!

E se amanhã aparecer um caso confirmado em Portugal? Teremos directos "em cima do acontecimento", seguidos de entrevistas a avicultores da região pelos mesmos jornalistas nos automóveis que terão pisado excrementos contaminados? Teremos uma romaria "turística" como é habitual? Saber o que devemos fazer é muito mais informação do que a imagem de mais um cisme morto. Talvez seja menos espectacular...

1 comentário:

Anónimo disse...

A comunicação social, anda em pulgas porque em Portugal ainda não apareceu um caso sequer de gripe das aves confirmada...pode lá ser? Eles querem dramas, tragédia...vale tudo.

Só que o assunto não é tão inofensivo assim...e pelo menos, as aves não usam passaporte nem BI
e no espaço não há ainda portagens.

Fica bem.

betania (nick)