9) O pós-colonialismo
Após o final do império Otomano, a região vai desmembrar-se
em vários Estados, mais ou menos homogéneos, mais ou menos patrocinados pelo
Ocidente. Já em 1916 o acordo Sykes-Picot (UK – França) definia a futura
repartição da herança Otomana entre os dois países. Grosso modo Damasco para os
Franceses e Bagdad para os britânicos… mais uns trocos.
A colonização europeia do Médio Oriente será efetiva apenas
entre as duas guerras. No final da II, as independências chegam, incluindo para
o Norte de África. Este novo estatuto é saudado e gerador de muitas
expetativas. Agora que somos nós que mandamos em nós, sem interferenciais
culturais e religiosas externas… agora é que vai ser!
Uma geração depois torna-se óbvio que não foi grande o
sucesso. Não é aqui o espaço para desenvolver a análise das razões, mas o facto
é que os resultados são dececionantes.
Os novos regimes, muitos deles autoritários e com forte dominância
de uniformes militares, são muçulmanos, naturalmente, mas “non troppo”. Do
ponto de vista social e especialmente do estatuto da mulher são até mais
tolerantes do que se verá mais tarde.
À vista do que corre mal, virão os salafistas dizer “isto
corre mal porque os nossos dirigentes não são muçulmanos rigorosos, como
deveriam ser”. Este desafio vai correr mal para muitos, ver acima Nasser e Qutb.
Esta pressão política religiosa terá como resposta um maior
rigor nas práticas, buscando assim os regimes protegerem-se contra as acusações
de serem “fracos muçulmanos”. Em sentido contrário, claramente, a todas as
tentativas de modernização.
Um pequeno exemplo. Após a independência a Argélia mantém o
fim de semana ocidental, sábado e domingo; em 1976 sobre a pressão islâmica
passam a quinta-sexta-feira; em 2009, por pressões de competitividade num
mundo, apesar de tudo mais globalizado, passaram a um meio termo de sexta-feira
e sábado. Um bom exemplo destas evoluções e involuções.
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