24 outubro 2025

A rua da burca


Portugal legislou algo que implica a proibição da utilização da burca em espaços públicos e “naturalmente” é tema para muita discussão, opinião e polémica. Cruzaram-se várias dimensões. A primeira será a sua “estranheza” face à nossa realidade. Para viver numa dada sociedade é necessário respeitar um certo número de “códigos” e práticas, que fazem a harmonia social e com o qual essa sociedade se identifica.  Não é xenofobia! Cuspir para o chão, arrotar em público, atirar piropos a mulheres que passam na rua, andar em tronco nu ou atravessar a rua fora da passadeira são pequenas coisas naturais e aceites em certos contextos e proibidas ou no mínimo mal vistas noutros. A visão de uma mulher “embrulhada” na rua não pertence certamente à nossa paisagem social.

A outra dimensão é a confessional e eventual conflito com as crenças de cada um. Aqui o Parlamento pode estar a colocar a foice em seara alheia, mas, no fundo, a burca não é uma “necessidade” da prática religiosa. Na origem o Corão impõe a necessidade de a mulher se apresentar publicamente com recato, sendo que a definição de recato evoluiu. Ainda há poucas décadas, por estes lados, uma mulher não devia sair à rua sem cobrir o cabelo… isso evoluiu.

Em resumo, era do interesse do Islão e dos muçulmanos procurar alguma atualização e contextualização dos seus princípios para poderem viver em harmonia nas sociedades ocidentais atuais. A burca é um anacronismo que devia ser banido. Se devem ser os Parlamentos a promover essa evolução é outra questão, mas que está mais do que na hora de fazer algo, está!

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