Diz o Engenheiro ( ?) Carlos Moedas que o acidente no
elevador da Glória se deveu a causas técnicas e não políticas. Fiquei baralhado.
Efetivamente o cabo e os freios são componentes técnicos (ainda bem que não são
políticos…).
Fui ler o relatório do GPIAAF (aqui). Efetivamente do que se
sabe, para já, não se pode indicar que por trás da desgraça tenha estado uma ação ou
diretiva política direta, do tipo extinguir/reestruturar um serviço ou redução
de orçamento. As não conformidades que de uma forma ou outra ajudaram/proporcionaram
este desfecho são mais do domínio passivo do que ativo.
Falhas nos procedimentos internos, ausência de supervisão
por entidades externas e muita ligeireza. Fazia-se como sempre se fez, sem se pensar
muito em avaliar se é preciso fazer diferente.
Mais do que o erro “administrativo” na aquisição do cabo e na não detecção do erro, chocaram outras coisas.
Toda a gente que quisesse saber sabia que os travões não travavam
suficientemente para serem redundantes a uma rotura do cabo e… tenhamos
esperança de que este nunca rompa. Ninguém sabia/sabe ao certo o peso real das cabinas!
Cito: “Há também indícios de que o peso das cabinas aumentou de forma não
negligenciável desde o momento da eletrificação, existindo indicações díspares
quanto ao peso atual, consoante os documentos: 14, 18 e 19 toneladas, cujo
valor exacto é desconhecido da CCFL”. Lê-se e não se acredita. Outros pequenos/grandes
exemplos de irresponsabilidade e de vazios nos procedimentos não faltam.
Mesmo o mantra dos sindicatos, apontando de imediato como causa
a externalização dos serviços de manutenção não cola. A empresa externa
disponibilizava recursos básicos que eram supervisionados muito proximamente pelos experientes
técnicos da casa.
As responsabilidades políticas
e de gestão estarão mais no que não fizeram do que no que eventualmente fizeram.
Os responsáveis têm também a missão de questionar e promover as mudanças
necessárias. Esta situação de passividade otimista… é da responsabilidade de
alguém.

Sem comentários:
Enviar um comentário