02 outubro 2025

Entre a vida e o evangelho

Ernest Renan foi uma das grandes figuras da filosofia e teologia do século XIX. Não diria dos mais relevantes porque a minha bagagem no domínio não chega para estabelecer superlativos. De todas as formas, vale a pena ler o que ele escreveu.

O livro acima representado, “Vida de Jesus” é uma visão de historiador, a partir da análise crítica dos evangelhos e de outras fontes contemporâneas, procurando estruturar e descrever a vida de um dos personagens mais marcantes da história da humanidade.

Uns séculos antes, o livro estaria na fogueira e o seu autor provavelmente também. Isto porque a realidade eventualmente não coincide com o que os cânones oficiais em concílios posteriores consagraram.

Acho que o livro é potencialmente mais disruptivo e polémico para os crentes do que, por exemplo, o cá famoso livro de J. Saramago, “O Evangelho segundo Jesus Cristo”. Por muito provocativo que seja, este é um livro de ficção e porque, desculpem lá alguns, Saramago põe uma narrativa diferente da oficial na boca de Cristo, mas, de certa forma, não belisca o seu estatuto divino. É divino, na mesma, mas de forma diferente.

O livro de Renan é científico e cru. Ele humaniza Cristo, mas isso acaba, por efeito colateral, por desumanizar a religião. Acredito que toda a religião, e respetiva fé, necessitam de uma dimensão “fantástica” e algo para lá da racionalidade objetiva. O livro desmonta uma boa parte dessa “fantasia” …

A génese das religiões, e especialmente com a dimensão que esta irá alcançar, é um tema fascinante. Apesar da minha reduzida bagagem, parece-me que este livro será... obrigatório. Fica feito o aviso aos crentes.

 

 

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