Ernest Renan foi uma das grandes figuras da filosofia e
teologia do século XIX. Não diria dos mais relevantes porque a minha bagagem no
domínio não chega para estabelecer superlativos. De todas as formas, vale a pena
ler o que ele escreveu.
O livro acima representado, “Vida de Jesus” é uma visão de historiador,
a partir da análise crítica dos evangelhos e de outras fontes contemporâneas,
procurando estruturar e descrever a vida de um dos personagens mais marcantes
da história da humanidade.
Uns séculos antes, o livro estaria na fogueira e o seu autor
provavelmente também. Isto porque a realidade eventualmente não coincide com o
que os cânones oficiais em concílios posteriores consagraram.
Acho que o livro é potencialmente mais disruptivo e polémico
para os crentes do que, por exemplo, o cá famoso livro de J. Saramago, “O
Evangelho segundo Jesus Cristo”. Por muito provocativo que seja, este é um livro
de ficção e porque, desculpem lá alguns, Saramago põe uma narrativa diferente
da oficial na boca de Cristo, mas, de certa forma, não belisca o seu estatuto
divino. É divino, na mesma, mas de forma diferente.
O livro de Renan é científico e cru. Ele humaniza Cristo,
mas isso acaba, por efeito colateral, por desumanizar a religião. Acredito que
toda a religião, e respetiva fé, necessitam de uma dimensão “fantástica” e algo
para lá da racionalidade objetiva. O livro desmonta uma boa parte dessa “fantasia”
…
A génese das religiões, e especialmente com a dimensão que
esta irá alcançar, é um tema fascinante. Apesar da minha reduzida bagagem, parece-me
que este livro será... obrigatório. Fica feito o aviso aos crentes.
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