14 outubro 2025

O terceiro partido


Das 308 câmaras municipais, PS + PSD ganharam 264, cerca de 85%. Afinal o “bipartidarismo” não morreu? É diferente a dinâmica das autárquicas e mais complexa do que nas legislativas. Não há um candidato a líder de governo, há 308 candidatos a presidente de Câmara (sem falar aqui nas freguesias) e a eventual confiança ou rejeição que o líder de Lisboa provoca pode ser bem diferente da que o candidato local gera.

Duas curiosidades. Ricardo Leão em Loures foi quase um proscrito pela corte instalada no largo do Rato e limpou as eleições em Loures. Eduardo Teixeira, várias vezes candidato pelo PSD à câmara de Viana do Castelo e derrotado, não foi por aparecer em cartazes com André Ventura ao lado que convenceu mais os eleitores.

O que me parece também ser de assinalar é que a terceira força foram os “outros”, os independentes, apesar de não haver surpresas espetaculares ao nível de Rui Moreira quando ganhou pela primeira vez o Porto. Parece-me que uma grande parte destes “outros” são gente com carreira nos partidos que resolveram fazerem-se ao largo por conta própria. Não há verdadeiramente muita gente nova vinda da “sociedade civil” que se apresenta diretamente por conta e risco na política local. São os partidos a perderem a mão nas suas “tropas”, por boas ou más razões.

Os partidos estabelecidos há mais tempo têm um acervo de autarcas com notoriedade e provas dadas (melhores ou piores) que lhes dá mais resiliência e resistência à mudança, mas as lideranças partidárias tinham interesse em entender as causas profundas destas deserções e corrigir o que houver a corrigir enquanto houver tempo.

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