13 setembro 2016

O fundamental e o acessório

Parafraseando uma expressão humorística de um personagem de Herman José, “não havia necessidade” da entrevista que o juiz Carlos Alexandre deu à SIC. No entanto, por inoportuna e infeliz que seja, deveria servir para ser explorada em favor da “narrativa” da perseguição a José Sócrates?

Independentemente do desenlace do processo, da personalidade do juiz e do tempo que demore, todos os portugueses sérios e com alguma vergonha na cara deveriam, no mínimo dos mínimos, guardar distância de um ex-primeiro ministro que, saído do cargo, assume um nível de vida incompatível com os seus rendimentos oficiais conhecidos e com uns circuitos financeiros muito típicos dos do dinheiro sujo.

Não importa qual o partido, não interessa quem é o juiz. José Sócrates é um personagem que envergonha o país e as suas instituições. Não será o único, certamente, no entanto qualquer tipo de defesa tribal ou relativização do escândalo em função de uma entrevista ou do restaurante onde almoça o juiz, é desonestidade e subdesenvolvimento social. Depois venham dizer que a culpa da “austeridade” é toda da troika e dos alemães. Que por cá, tirando uns ranhosos armados em justiceiros, os nossos são todos bons rapazes, a quem o país muito deve.

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