27 setembro 2016

Que mania é esta de divagar sobre o que dizem os títulos?


Aparentemente, e como em quase tudo, haverá regras e princípios quanto a títulos para livros. Aparentemente, uma delas é não incluir conjugações verbais. Como com quase tudo, as regras podem ser quebradas, especialmente num domínio criativo. Por exemplo: “Que cavalos são estes que fazem sombra no mar” será um título muito pouco ortodoxo, mas ninguém crucificou António Lobo Antunes por isso. Falando em crucificações, “O Evangelho segundo Jesus Cristo” é formalmente irrepreensível, como título.

Os títulos podem e devem ser visitados e interrogados antes, durante e depois da leitura da obra. Há quem ironize com o facto de alguns títulos, excessivamente pretensiosos, quererem, por eles próprios, serem uma segunda história, uma espécie antítese. Modéstia à parte, eu, quase sempre, apenas dou o título a um texto depois de ele estar concluído ou muito adiantado.

Gosto de passear o olhar pelas bancadas e estantes das livrarias a ler títulos e noto existirem muitos/demasiados do tipo “O fulano que sabia…”, “A sicrana que fazia…, “O beltrano que tinha…””. Estes títulos têm dois problemas. O primeiro é a coisa do verbo obrigatório ali a seguir ao “que” e nem toda a gente tem a tolerância e o talento do Lobo Antunes, que até se pode permitir dois “ques” mais verbo no mesmo título. O outro é o “que” em si… embirro com ele. Quando escrevo algo, cada “que” que debito aparece-me a vermelho grosso nas minhas lentes. Acho sempre que uso “ques” a mais… Uma parte obrigatória da revisão que faço é a tentativa de redução do número de “ques” (frase não revista).

Que mania é esta de divagar os títulos? Haverá títulos que sabem demais? Haverá títulos que valem de menos? De qualquer forma, na minha biblioteca, o melhor título até tem duas conjugações verbais e um “que”.


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