11 janeiro 2016

Um grande favor à extrema-direita



Continuo sem conseguir entender como os graves acontecimentos da passagem de Ano na Alemanha, principalmente em Colónia mas não só, demoraram 4 dias a serem publicados. Pode-se argumentar que a agressão sexual é um crime que não provoca queixa imediata, mas mesmo assim... Foi necessária uma manifestação de rua contra a insegurança para a comunicação social pegar no assunto.

A seguir, as autoridades resolveram também não contar imediatamente tudo o que sabiam sobre a origem e nacionalidade dos agressores já identificados. Se é importante evitar as generalizações abusivas, estas tentativas de branqueamento ridículas têm, naturalmente, perna curta e um efeito boomerang que a extrema-direita muito agradece.

Esqueçamos o contexto específico de serem ou não sírios ou muçulmanos ou refugiados. O que se passou em Colónia é perfeitamente natural, por exemplo, no Cairo. Penso não existirem dúvidas, mesmo para os mais acérrimos defensores do multiculturalismo, de que há comportamentos não admissíveis na Europa, que devemos ser absolutamente intransigentes quanto a isso e que a solução não é as mulheres afastarem-se “mais do que um braço” de desconhecidos, tal como pateticamente sugerido pela Presidente da Câmara de Colónia.

Não sejamos ingénuos. Há um mínimo de integração cultural indispensável, por exemplo no que toca à condição feminina, mas não só. Essa mudança de práticas e mentalidades não ocorre automaticamente ao atravessar a fronteira. Fazer de conta que “não foi nada…” e evitar que a constatação da realidade ponha em causa o discurso “politicamente correto”… é um caminho muito equivocado.

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