Eu tinha decidido que este governo era suficientemente credível para ser avaliado com distância e não no taco-a-taco dos comentários e esgrimas diários. Entendi que uma boa parte das medidas estavam na boa direcção e, se havia alguns erros, isso não era demasiado grave. Só conheço dois tipos de infalíveis, os que não decidem e os que não assumem. Também me irritam os comentadores de bancada, para quem o copo nunca está completamente cheio, e sempre prontos a gritar quando uma gota cai fora do mesmo. É infinitamente mais fácil comentar do que fazer.
Há, no entanto, dois factos recentes que me fizeram repensar. Um é a saída de Campos e Cunha. Foi pelo conteúdo ou pela forma? Se foi pelo conteúdo do que ele disse, é grave, porque será muito difícil não concordar com o mesmo. Se foi pela forma, poderá ser mais justificado porque os jornais não são necessariamente os fóruns em que os membros do governo devem introduzir as suas divergências. Dizer aos portugueses que foi por “motivos familiares”, é chamar-lhes burros e, muitos, não o apreciamos. Será que com estas rotações ainda vamos ver Jorge Coelho chegar ao governo?
O segundo facto é à candidatura de Mário Soares à presidência da República. E já nem falo da idade. Falo do significado deste “ó tempo, volta para trás”. E que tempo foi esse! Li recentemente o livro de Rui Mateus que é absolutamente arrasador. Obviamente que tem que ser lido com distância. Foi escrito em circunstâncias especiais, não proporcionando isenção. No entanto, há nele demasiados factos, circunstâncias detalhadas e cópias de documentos para o podermos rejeitar em bloco.
Também me surpreendi muito que a Fundação Mário Soares se tenha posicionado num dos consórcios para o concurso de privatização da Galp. Sabendo que não há almoços grátis, sabendo que a fundação foi criada ainda com Mário Soares presidente da república, os portugueses gostariam de saber qual era o objectivo dessa participação, ainda que proporcionalmente pequena, e qual a origem desses fundos.
5 comentários:
acho que quem tá mal muda-se ou tenta mudar os outros, como não foi o caso, melhor mesmo é o ministro bazar. quanto ao soares, concordo contigo e já mete nojo, o homem não larga o poder ou não há mais nenhum socialista interessante???
Quando em tempos na U.B.I (universidade da beira interior), fazíamos uma pequena tertúlia sobre o “estado novo”, chegamos a conclusões deveras estranhas, nomeadamente, a falta de coerência que a historia (manuais) ensina aos pupilos portugueses, ou seja é estranho como por exemplo os nossos manuais falam do estado novo de uma maneira má e com consequências negativas para o pais… enfim, muitos de nós (ubianos) somos filhos de pais que estiveram no ultramar e não só(o que tornou a discução interessante), verdade verdade é que a historia é ensinada em forma de preconceitos e opiniões, esquecendo de gravíssima forma todos os factos e, como tu sabes a historia é baseada em factos e não em opiniões de anti-regime… em suma: fala.se do mal que foi o estado novo , mas não se fala da situação pré estado novo, fala.se da guerra, quando não sabemos o que estava dentro da situação politico - militar, fala.se em Mário soares, quando na verdade ele deve ou deveria ser julgado por crimes contra a humanidade (situação de descolonização muito suspeitosa -possibilidade de guerras civis desnecessárias), enfim… muita coisa, muitos factos… em tempos por causa de um trabalho, “tive” a oportunidade de falar com o mestre Prof. José Hermano saraiva e é triste quando ele diz - “A historia de Portugal já não é de Portugal” ou seja quis ele dizer que a historia passou de factos para opiniões e interesses, ….. e que ou somos "Burros" ou ignorantes
O pais está mal, não é caso para mais uma vez esperamos por D. Sebastião… porque esse pode nunca vir e quem espera nem sempre alcança …
É bom ser português - o que é nacional é bom
S-E
Caros Ubianos
Os meus manuais da primária, de História de Portugal, falavam da tormenta da Primeira República e do céu-aberto do Estado Novo. Devo, portanto, ser mais velho do que vocês.
A história oficial é, e sempre foi, a dos vencedores. Sabemos disso. Veja-se as referências muçulmanas e cristãs na história de Portugal, não é?
No ultramar esteve muita gente. Desde grandes empreendedores a pequeninos funcionários privilegiados.
Que o Estado Novo geriu de forma estúpida as colónias, é um facto. Compare-se com as “independências” das colónias Francesas em África que, para não terem canseiras, até lhes deixou uma divisa própria e comum.
Não tenho nenhuma simpatia para com Mário Soares. Acho que foi um mau primeiro-ministro e demasiado vaidoso e interesseiro para o meu gosto. Ser Presidente da República em Portugal é bastante fácil. Agora, essa dos “crimes contra a humanidade”, não compro. A transição nas colónias portuguesas escapou ao controlo de Portugal mas, no ponto de partida em que estava, e na situação geopolítica mundial da altura, era certo e sabido que um novo mapa cor-de-rosa seria disputado e com sangue.
Esperar, lamentar ou fazer... cada qual escolha o seu caminho. Ser Português não é ser bom, por definição. Procurar evoluir e com autocrítica honesta, está melhor.
Usar o argumento de que :"bem... sou mais velho e, sei o que se passou na "altura", nao é também por definição o mais honesto dos argumentos; Na verdade, e tu sabe-lo o que se está a referir são factos, e, nada mais! agora e exclusivamente neste caso, os factos estao "escondidos"... não é preciso muito para podermos comprovar o que estamos a dizer, par isso basta ires a: www.ine.pt (instituto nacional de estatistica) onde existe uma base de dados digital (e muito interessante) aí pode.se analisar todo um conjunto de evoluções pré e pos estado novo, é claro que não está em causa o extremismo ou até mesmo o fascismo, mas sim a justiça como ponto essencial de uma democracia, os manuais que falas também nao são o melhor exemplo, mas repetindo, nem tudo foi bom mas agora nem tudo é bom (...)
falas das independencia das colonias francesas em africa, entao e as inglesas? (diferente, ou nao?)
A justiça é dura, mas é a justiça...
Outra coisa! com o mal dos outros, aguentamos nós bem... e esse sempre foi o lema dos lusitanos´.
é preciso reflectir de maneira justa e honesta todo um marasmo de ideologias nao politicas mas sim sociais... tu sabes onde vives, tens consciencia, mas... nós também...
abraços
Decididamente o nosso compatriota Campos e Cunha "pagou" para ter a certeza que não é político...não lhe está no sangue mentir!
Enquanto o nosso compatriota Mário, já não tem idade para alterar o seu feitio, vaidade até dizer chega...
À segunda só cai quem quer!
AMP
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