19 agosto 2005

Vencer é uma questão de cultura

Eu já desconfiava que a gestão de alto nível é mais uma questão de qualidades humanas do que uma ciência. O livro “Vencer” do senhor Jack Welch, confirmou-mo completamente. E este senhor não é um teórico qualquer. Antigo presidente executivo da General Electric, é provavelmente o gestor mais admirado e respeitado do último quartel do século XX.

Que qualidades indica ele como capitais num processo de recrutamento? Integridade, inteligência, maturidade, energia, capacidade para estimular, coragem para tomar decisões, capacidade para executar e paixão. Nada disto se aprende em escolas de gestão. Aliás, muito pior, estes valores podem ser muito bem decorados, repetidos direitinho e, no final, por deficiência de carácter, não se conseguir ter uma prática coerente. De nada, mas mesmo de nada, servirá a teoria aprendida. E que os há muitos assim, há sim senhor!

Sobre estratégias e planeamento, o discurso do Sr Welch parece-me muito mais identificado com o poema de A. Machado “o caminho faz-se ao andar” do que com os grandes planos plurianuais, detalhados, do tipo dos da antiga União Soviética.

O que me surpreende, ainda mais, é o lugar fundamental em que ele coloca a franqueza. Recusando a “inevitável” hipocrisia, que, tantas vezes, é considerada fundamental para a sobrevivência em muitas organizações. Para conseguir resistir sendo sempre franco e assumido, é necessário haver uma cultura muito sã ou ser-se mesmo muito bom.

Há uns tempos, contava-me uma empresária norte-americana que guardava um conselho precioso recebido no início da sua carreira. “Decidir e assumir sempre; acertar, basta acertar metade das vezes!”. De leitura relativa, claro, pois há erros que não têm retorno. No entanto, claramente nos antípodas da tradição de infalibilidade das tais organizações acima apontadas. Como infalíveis, só há os que não arriscam e os que não reconhecem os seus erros, as organizações sem falhas são organizações que não vencem.

Vencer é, também, saber errar.

3 comentários:

Titá disse...

Infelizmente, nem todos sabem perder e há quem nem saiba vencer.

CLÁUDIA disse...

Eu diria que as organizações sem falhas são organizações que nem sequer existem.

Portanto, só aquelas que conseguem gerir da forma mais eficaz e inteligente as falhas que vão (sempre) surgindo, é que poderão vencer. Errando e usando o erro como novo ponto de partida para evoluir.

Anónimo disse...

O erro é uma oportunidade de melhoria !

...e pior do que não saber perder, é não saber ganhar.

AMP