Pouco tempo depois de ter visto o filme “À procura da Terra do Nunca”, com toda a sua carga de fantasia, do brincar, do crescer e como crescer, sou confrontado com um artigo no New York Times relatando a crise com que se depara a produção e a distribuição dos brinquedos. Grandes cadeias de venda de brinquedos nos USA’s faliram ou estão à venda, como a própria Toys”R”Us.
Por um lado, está o fenómeno designado em inglês por “kagoy” (kids are getting older, younger), as crianças estão a envelhecer mais cedo. Como exemplo, brinquedos que no passado poderiam apelar a crianças até aos 8 anos ou mais, agora não passam dos 5. Em contrapartida, há maior interesse pelas consolas de jogos, Internet e televisão.
Por outro lado, a grande distribuição aposta nas poucas referências com sucesso garantido e apresenta-os, ao lado dos detergentes, a preços de arrasar. A distribuição especializada fica sem espaço.
É obviamente irrealista pretender recusar esta e outras evoluções mas creio que a relação com os brinquedos tem algo a ver com a forma de ser e a formação das gerações. Há brincar e brincar. Carregar em botões para pôr bonecos aos saltos num visor é bastante diferente de fazer construções complexas com o simples tijolo da Lego.
É também verdade que hoje se compram brinquedos muito mais baratos do que há uma dúzia de anos mas todo este cenário tem subjacente a perda de algo. A perda da riqueza e da diversidade da fantasia.
Quem, mesmo adulto, nunca vagueou encantado ao longo de estantes de brinquedos ou ficou deliciado frente a uma montra de um bazar de brinquedos, observando um comboio a andar às voltas, que atire a primeira pedra.
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