13 agosto 2005

Entre Margens



O caminho que vai dar ao mar tem uma forma de curvar, uma cor a empunhar, que muito antes de chegar, nos ensina a desaguar.

Um sorriso que vai dar ao ar, tem uma forma de matar, um calor, outro lugar, que mesmo depois de acabar, nos interdita o vaguear.

Assim suspendo, paro no caminho, que ao fim fingia ir dar.

Um caminho que parece evitar dar ao sorriso um lugar, como se nada mais houvesse, antes de chegar ao mar.

6 comentários:

Titá disse...

Lindo! Muito bonito o que escreveu, bem como a fotografia que apresentou. Onde é essa ponte? Que vontade imensa de ir até ela e atravessá-la...está um calor doentio

Carlos Sampaio disse...

A fotografia foi tirada na praia de Esposende. Garanto, no entanto, que à hora do calor doentio, a paisagem fica muito, muito diferente.

Titá disse...

Calculo que sim, que esta paisagem se altere...seria um oasis se assim não fosse. Obrigada pela informação. De facto não conheço Esposende e eis que vou tratar de resolver esse assunto :-)Obrigada.

Anónimo disse...

Esta é a primeira vez que comento este blog, embora já tenha lido vários artigos escritos por si. Não resta a menor dúvida que o Carlos sabe escrever. No que respeita a artigos de teor académico, científico e até de carácter jornalístico o Carlos possui, na forma de os elaborar toda a clareza, ojectividade e imparcialodade que este tipo de artigos exige.
Mas tenho a dizer-lhe que a literatura é um campo totalmente à parte da ciência. É certo que qualquer pessoa pode "fazer literatura"... Mas a forma com que o tenta fazer demonstra um certo pretenciosismo.Sabe escrever muito bem, impecávelmente até, com um perfecionismo desconcertante, mas será isso literatura? Não. Definitivamente. Já agora não penso
que os tratados filosóficos sejam tristes por quererem interpretar! Nem é da maneira que o fez que pode comparar a filosofia à poesia! Claro que a poesia nem sempre deve ser explicada, muitas vezes compreender é mesmo destruir! Mas a filosofia faz parte da alma de todo o ser humano, nao existe para ser bonita, é mesmo "indispensável", felizes os que a estudam até à exaustão..........

Carlos Sampaio disse...

Sara, obrigado pelo conteúdo do comentário. Gostaria de acrescentar dois pontos. O primeiro é que escrevo simplesmente quando me apetece e sobre o que me apetece. Sem nenhum objectivo concreto ou pretensão. Se alguma vez pareci pretensioso, terá sido meu equívoco de expressão.

O segundo é sobre a questão da literatura versus filosofia, ou, melhor, da filosofia pela literatura. O desvendar da alma humana é apaixonante mas não é, para mim, uma ciência de fórmulas e postulados. Tem muito a ver com a sensibilidade. Por isso, talvez, a arte seja mais eficaz. Acho que há muita mais riqueza sobre este assunto no fabuloso “Os Irmãos Karamazov”, por exemplo, do que em qualquer tratado ou tese filosóficos. Isto é, obviamente, só e apenas o que eu penso (sinto?).
Mande sempre!

Anónimo disse...

Não esperava resposta tão elaborada. Gostei.Só queria dizer que a razão pela qual não concordei na questão da filosofia é porque sou uma apaixonada pela filosofia, que a propósito, não é uma ciência! Embora eu também me interesse bastante pela arte e pela ciência. Mas a filosofia tem um especial lugar...
"Quem tentar entrar no Roseiral dos filósofos sem chave, parece um homem que quer andar sem pés"(Michael Maier, Atlanta Fugiens, Oppenheim, De Bry, 1618,emblema XXVII); retirado do livro "O pêndulo de Foucault" de Umberto Eco.
p.s- magnífico poema que escreveu.