Já não é a primeira vez. Agora saiu mais um estudo intitulado «O que Compra a Felicidade?». Foi publicado pelo Instituto Alemão de Estudo do Trabalho (IZA), sedeado em Bona, e a análise assentou nos inquéritos promovidos pelo Eurobarómetro. Mais uma vez, os portugueses são colocados como um dos povos mais infelizes e pessimistas da Europa. Neste ficamos mesmo em último lugar. Eu não me conformo e acho que tem que haver um erro de medida.
Quanto mais não seja, pensemos em todos aqueles que acham que não é necessário fazer seguros para nada. Estes não podem ser pessimistas e, portanto, são já suficientes em número para nos dar uma grande ajuda no ranking.
Ironias à parte, somos seguramente um povo com um comportamento e uma atitude complexos e cheios de contradições. Veja-se Fernando Pessoa que o retratou melhor do que ninguém retratou; ouça-se o “Fado” de Júlio Pereira que não é alegre nem triste e que parece carregar todas as cores do mundo ou leia-se a “História da Cultura em Portugal” de António José Saraiva.
Independentemente das nossas várias idiossincrasias, penso que talvez tenha havido uma deriva nessa medida do optimismo.
Hoje, em certos meios, é politicamente correcto estar, no mínimo, “great”. Quem se sentir “assim-assim”, não presta; é um perdedor. Quem estiver “não muito bem” é um caso perdido e irrecuperável.
Contavam-me recentemente que, ao comunicar uma boa notícia e ao receber a expressão “terrific!!!”, o ouvinte, não muito versado em inglês, ficou “aterrado”: o que é que eu fiz de terrível?!? Nada de mal. A notícia era realmente boa; o “good” e o “very good” já eram história e como mesmo o “great” já estava desvalorizado pelo uso banalizado, foi necessário ir buscar mais vocábulos. Ficamos à espera de ver qual será o próximo superlativo para “terrific”...
Será que esta “desvalorização deslizante” dos conceitos de optimismo nos prejudicou nas estatísticas? Talvez sim, talvez não. Pela parte que me toca, cuidarei da auto-confiança e da auto-estima, estas sim fundamentais e incontornáveis e, para as quais, temos realmente um problema colectivo de comportamento. Quanto ao optimismo, sim claro, mas não no estilo barata tonta para a qual um simples “Bom dia” tem por resposta automática “Great!”
Quanto mais não seja, pensemos em todos aqueles que acham que não é necessário fazer seguros para nada. Estes não podem ser pessimistas e, portanto, são já suficientes em número para nos dar uma grande ajuda no ranking.
Ironias à parte, somos seguramente um povo com um comportamento e uma atitude complexos e cheios de contradições. Veja-se Fernando Pessoa que o retratou melhor do que ninguém retratou; ouça-se o “Fado” de Júlio Pereira que não é alegre nem triste e que parece carregar todas as cores do mundo ou leia-se a “História da Cultura em Portugal” de António José Saraiva.
Independentemente das nossas várias idiossincrasias, penso que talvez tenha havido uma deriva nessa medida do optimismo.
Hoje, em certos meios, é politicamente correcto estar, no mínimo, “great”. Quem se sentir “assim-assim”, não presta; é um perdedor. Quem estiver “não muito bem” é um caso perdido e irrecuperável.
Contavam-me recentemente que, ao comunicar uma boa notícia e ao receber a expressão “terrific!!!”, o ouvinte, não muito versado em inglês, ficou “aterrado”: o que é que eu fiz de terrível?!? Nada de mal. A notícia era realmente boa; o “good” e o “very good” já eram história e como mesmo o “great” já estava desvalorizado pelo uso banalizado, foi necessário ir buscar mais vocábulos. Ficamos à espera de ver qual será o próximo superlativo para “terrific”...
Será que esta “desvalorização deslizante” dos conceitos de optimismo nos prejudicou nas estatísticas? Talvez sim, talvez não. Pela parte que me toca, cuidarei da auto-confiança e da auto-estima, estas sim fundamentais e incontornáveis e, para as quais, temos realmente um problema colectivo de comportamento. Quanto ao optimismo, sim claro, mas não no estilo barata tonta para a qual um simples “Bom dia” tem por resposta automática “Great!”
5 comentários:
Boa tarde Sr. José, como está?
A resposta é, invariavelmente uma das seguintes:
1. Menos mal!
2. Assim, assim!
3. Conforme posso!
3. Faz-se o que se pode.
4. Para pior antes assim.
Ninguém responde "estou bem, obrigado", como ensinam os manuais de português para estrangeiros.
è que os portugueses têm receio de, ao demonstrar optimismo, felicidade, atrair os invejosos.
Portugal é o país dos invejosos.
Uma das singularidades do nosso Povo será sentir-se mais reconfortado se o mal dos outros for pior que o dele ... do que o melhor bem estar alheio!
AMP
Caro Manolo
Acho que falta acrescentar aí, no outro extremo, o clássico "Nós por cá, todos bem!", famosa frase de abretura de qualquer carta portuguesa de quem está longe.
Apesar de tudo, ser reservado quanto ao estado de espírito é melhor do que ser "tonto palhaço triste", como é politicamente correcto.
Será tudo uma questão de inveja?!
Carlos,
O mal é que a reserva quanto ao estado de espírito não é inocente, expontânea... é um embuste do tipo "quer eu esteja bem ou mal, só te deixo aso a que me ignores ou me lamentes" porque se souberes que estou bem ainda vais destilar a tua inveja para cima de mim.
Anónimo,
E ainda há o "coitadismo" (intermédio entre cristianismo e comunismo) que é assim: eu faço-me de deserdado da sorte para suscitar a atenção de um potencial protector. O protector, o meu chefe por exemplo, promove-me porque eu "mereço - coitado!" e a seguir vem cobrar-me um imposto adicional, que outro qualquer não pagaria! E eu pago! Porque é assim o jogo! Eu ganho a promoção, ele ganha o imposto!
nem parece teu! lendo os teus textos não se percebe onde está o teu optimismo, quer dizer, criticas, pões o dedo na ferida, chamas a atenção, apontas para o mau exemplo, comparas com outros, mas no fundo é só alegria!
o "coitadismo" anónimo tá bom!
:-)))))))
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