01 abril 2007

Memória de uma viagem



Era primeiro de Abril e não era engano. Pela primeira vez, em muitos anos, tinha o tempo todo à minha frente e não me apeteceu começá-lo parado em casa. Peguei nuns pontos da Portugália, que em circunstâncias normais tinham tendência a expirar por não utilização dentro do prazo de validade, e que também servem para pagar hotéis, nuns contactos dumas pensões alentejanas, embrulhei umas tralhas, pus a bicicleta, a máquina fotográfica e o tripé na mala do carro e parti.

Cruzei calmamente o país até Vila Real de Santo António e regressei. Fui andando e parando, arriscando quelhos e adivinhando caminhos. A cada paragem carreguei a máquina e o tripé, avancei e recuei, acertando o enquadramento sem pressas e, por vezes, esperando mesmo pela luz mais adequada.

Guardo a memória de um Alentejo deslumbrante, até emocionante de tanta cor e tanto espaço vibrante. Bem diferente daquele espaço queimado e cansado que se atravessa a correr no Verão de janelas fechadas e ar condicionado ligado, lembrando de como era duro fazê-lo no tempo em que este luxo ainda não existia.

Guardo a memória das pequenas estradas do Sotavento Algarvio e de palmilhar praias e dunas desertas.

Guardo a memória de uma viagem de sonho bastante barata, mas como nunca até então tinha feito e como provavelmente tão cedo não poderei voltar fazer, pelo menos no mesmo ritmo. E guardo também as 600 fotos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Se calhar, cruzamo-nos ... e como o Alentejo é bonito nesta época!!!
Zé Simões Correia

Maria Manuel disse...

Foi então, por todos os motivos, uma viagem na altura certa.
É bom viver as viagens antes, durante e depois da sua realização.
:-)