Nasci à beira-mar e o mar sempre me arrebatou. Nasci no Mediterrâneo onde a terra é obscura e o Sol cega. Ele está lá, massa de água azul verde, violeta, por vezes lamacenta do cinzento das profundezas, mas sempre luminosa de desejo. Sem ele os humanos seriam nus e rijos como ossos abandonados numa duna. Ele, o Sol, apenas produz calor e poeira; é o mar que o amansa e lhe confere o seu duplo feminino, é ele que transforma o seu deslumbramento em claridade, em dedo de luz, num reflexo de água. O sol lavra a terra da Argélia mas é o mar que a semeia. E a salva.
Tradução livre de excerto do livro "Il faut abattre la lune" de Jean-Paul Mari.
Sem comentários:
Enviar um comentário