08 abril 2007

O equinócio que falta

Há algo que me fascina que é a universalidade de alguns símbolos e locais que atravessam credos e fés e, mais ou menos dissimulados, subsistindo ao longo do tempo.

Não me estou a referir a transições políticas do tipo da transformação de locais de culto urbano, como as mesquitas de Córdova ou de Mértola, convertidas ao culto cristão. Refiro-me, por exemplo, a locais cuja beleza e mística natural os fizeram servir um culto dito “pagão” e, depois, receberam a ermida cristã, como a poderosa colina do Endovélico/S. Miguel da Mota no Alandroal.

Mas, enquanto nesses casos, existe quase um apagamento da referência anterior, noutros casos fica algo do culto passado em tónica completamente dissonante, mas tolerada. O que fazem os ovos e os coelhos, símbolos de fertilidade, na festa cristã da Páscoa? Terão a ver com o facto de estarmos no equinócio da Primavera? E a referência seguinte dos chamados santos populares de Junho? Que fazem lá as fogueiras? Alguma vez a cristandade adorou fogueiras? Bom, é apenas o solstício do Verão!

Considerando que o Natal está no solstício da Inverno, fica claro que o calendário cristão é profundamente solar e fica só a faltar a celebração do equinócio do Outono. Serão as nossas senhoras de Setembro??

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