Glosa (do grego “glossa” – língua): Interpretação de um texto obscuro; anotação; comentário à margem // Crua: Que está por cozer, curtir, corar; no estado natural; que não está maduro
18 setembro 2005
Cabedelo do meu tempo
Atravessada na foz, uma língua de areia. Duna frágil e instável. Desafia a corrente do rio, sustendo o ímpeto das vagas. Possivelmente que, se um deles falhasse, não sobreviveria e de resistir desistiria.
Muralha frágil. Água doce, água salgada. Ilógico recorte. Mas que está.
Assim como eu estou, moído de pancada, entre a corrente do meu tempo, inexorável a desaguar, e o vaivém dos dias que me bate na cara.
O rio constante marcando a irreversibilidade do fim e o mar cíclico de ondas e marés recomeçadas.
Cabedelo do meu tempo, heroísmo angustiado de aguentar e de poder escolher para que lado me afogar.
Ou ficar por enquanto só, parado, isolado, na imensidão dos dois lados.
Entre o fim de um curso e o instintivo refazer das vagas
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4 comentários:
O Texto está lindo!A fotografia como sempre, fantástica.... Mas confesso que até fiquei com o coração apertado de o ler assim.
Espero que esta semana lhe traga mais optimismo e felicidade.
Um beijo
O texto parece impregnado de uma dualidade escondida por detrás das palavras que nos são dadas a ler.
O início e o fim, a irreversibilidade e a eterna possibilidade...lado a lado.
Será o texto a ante-câmara de uma escolha?
Beijo ***
Claudia
Dualismo sem duvida. Mas daquele permanente, irresoluvel e nao passivel de opçao
(e desculpem la a falta de acentuaçao...)
Gostei da dualidade entre ti e a Natureza. Interessante a comparação.
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