26 setembro 2005

Quem tem medo da Microsoft? (1)

No início da década de 80, a IBM decidiu lançar um novo conceito de computador. Nessa altura os computadores “a sério” eram grandes, complicados e tribais. IBM para finanças; Digital para Indústria e automação, HP para instrumentação e mais algumas variantes regionais “de bandeira”.

A IBM pensou num computador pessoal, pequeno, que funcionaria isolado. Dedicado a uma elite que beneficiaria desse luxo um pouco à imagem dos cadeirões dos seus gabinetes. Como o alvo era limitado, não se preocupou em investir demasiado. Para os dois elementos nucleares, processador e sistema operativo, resolveu ir às compras.

Na altura havia dois fornecedores de processadores, Intel e Motorola, e a IBM escolheu o primeiro. O sistema operativo foi encomendado a uma tal Microsoft que o “arranjou” de uma forma quase anedótica. Este sistema operativo chamou-se Microsoft DOS e, mesmo para um brinquedo, era básico e muito limitado. Não podia receber mais do que uma ordem de cada vez e não sabia sequer partilhar uma impressora, muito menos dialogar com um par.

Sucedeu que o Intel e o MS DOS podiam ser comprados por terceiros e, de repente, desataram a aparecer os PC’s “parecidos com IBM/ IBM compatíveis” que funcionavam quase da mesma forma. Chamavam-se “clones” e, importados avulsos, chegavam a Portugal a um terço do preço dos IBM’s. Alguns eram tão parecidos que chegavam a ter caixas da mesma forma e com o baixo-relevo quadrado onde só faltava o símbolo da IBM.

Está-se mesmo a ver que estes “clones” começaram a invadir espaços e gabinetes não tão luxuosos. Sem querer, a IBM tinha criado um standard para o qual se desenvolveu uma múltipla oferta de equipamentos. Até aí os sistemas “tribais” punham o utilizador na dependência completa do fabricante da máquina. Esta independência foi saudada com enorme entusiasmo pelos utilizadores.

O mundo em geral e a indústria informática em particular não voltariam a ser os mesmos. É curioso comparar o que hoje é um PC com o que a IBM imaginou e pensar que, se a IBM o tivesse previsto, teria agido de forma diferente, controlando a arquitectura, e, no final, a história seria completamente diferente.


Continua...

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