04 setembro 2005

O 11 de Setembro da Natureza

No imediatamente após o 11 de Setembro de 2001, parecia-me que os EUA não iriam voltar a ser os mesmos. De facto, se exceptuarmos Pearl Harbour, nunca eles tinham sofrido um ataque em casa de amplitude significativa. Envolvidos em várias guerras, nunca tinham visto nenhuma no seu quintal. Pensava eu que tal demonstração de vulnerabilidade deveria mudar-lhes a percepção da sua presença do mundo e da presença do mundo em sua casa. Pensava eu...

Ao ver as notícias sobre as consequências do furacão Katrina, sinto algo idêntico. Os mesmos EUA que se recusam a cumprir Quioto e que não se preocupam demasiado com a eficiência energética, vêm uma demonstração brutal da força devastadora da natureza no seu quintal. Não foi no Bangladesh nem em nenhum outro país miserável, onde as deficientes infra-estruturas podem ser co-responsabilizadas pela dimensão do desastre. Foi mesmo ali, de forma arrasadora, perante a sua impotência total.

Li no “Le Monde” alguma especulação sobre se o aumento da frequência e a alteração das zonas habituais deste tipo de fenómenos não serão já um sinal, e um exemplo, do tipo de impacto que as alterações climatéricas em curso trarão ao mundo.

São de lamentar, evidentemente, as vítimas e os danos em geral. Questiono-me se será possível que não tenham sido em vão. Se poderão servir para fazê-los entender que a Natureza reage com brutalidade e sem controlo. Que manter a sua irresponsável “maravilhosa forma de vida” pode provocar danos sérios e incontroláveis, mesmo no seu próprio quintal. Penso eu agora...

7 comentários:

Anónimo disse...

Eis um defeito comum entre os povos: Acham sempre que só acontece ao outro.
OS EUA são a prova viva disso. Dentro da sua arrogância de pseudo patrões do mundo, infelizmente à custa de sofrimento de inocentes, já deviam ter aprendido a lição.
No entanto, é de louvar o facto de que hoje já todos receberam alimentos e água potável e que a reconstrução se faz energeticamente. Se fosse o Portuga ainda estaria sentado a chorar sobre os destroços de sua casa.

Anónimo disse...

Curioso e (des) engraçado: no mesmo dia que o Carlos publica este artigo, corre pelo mundo o comunicado da Al-Qaeda "Katrina foi um castigo de Deus". Não conheço muito bem este "Deus", mas ao contrário dos que os americanos pensam, pelos vistos não têm um exclusivo deles.
A Natureza é cruel, mas também sabe ser sábia...
Pena pagarem as crianças justas pelos homens pecadores!

TSR

Manolo Heredia disse...

As imagens são tão parecidas com as do tsunami que ficou bem patente que esse paraíso que dá pelo nome de EUA, só é paraíso para alguns...

Anónimo disse...

prepotencia e defeito.Ao menos ja o livrei dos comentarios da desmiolada da tita, ja me pode agradecer

Anónimo disse...

Mas afinal o que vem a ser isto? Ao menos escrevia João Pedro 2 não??? Qual é o seu interesse em escrever usando o meu nome? Só se for para lançar confusão! Espero que não se repita a triste cena! De qualquer forma nunca mais vou comentar com o meu nome, para não gerar mal entendidos, use à vontade!!!!!

Anónimo disse...

...com João Pedro ou Pedro joão, deixemos os acessórios e passemos ao essencial!

Pois, quem "semeia ventos colhe tempestades"!!!!!!!!!

AMP

Carlos Sampaio disse...

Não foi só o Al-Qaeda que “reivindicou”. Também alguns fanáticos católicos americanos atribuíram o fenómeno a um castigo de deus contra a cidade do pecado.
Mais importante do que se há algum deus por trás disto, é ponderar o que pode ter havido de humano e evitável e, já agora, o que se está a tempo de humanamente fazer para diminuir a possibilidade de uma repetição e os impactos da mesma.

Não deixa de ser irónico, os arrogantes EUA necessitarem, solicitarem e aceitarem ajuda do resto do mundo. Até o Afeganistão colaborou com um pequeno donativo!

O NY Times de 06/09/2005 já avalia em como a tragédia do Katrina pode ser transformada em oportunidade de negócio lucrativo para alguns, em particular no vizinho Texas. No imobiliário claramente, mas até já há ofertas de financiamentos “especiais”, exclusivos para sobreviventes do furacão. Tipicamente americano: pragmático e reactivo. Às vezes, daria jeito ser um pouco preventivo também....